Na década passada, os grandes reis e rainhas do mundo dos games eram os MMORPGs para PC. Claro que os jogos de consoles sempre foram um sucesso desde o Atari, passando pela era Nintendo/Sega e depois Playstation/Xbox, mas em termos de fidelização (ou seja, vício), os MMORPGs eram os donos do mercado.
Esse tipo de jogo requer muitas horas de dedicação e não é algo que se possa zerar ou terminar de qualquer forma, pois trata-se de um mundo em que há sempre o que fazer e o objetivo é basicamente evoluir seu personagem e continuar acumulando riquezas e conquistas indefinidamente. A dedicação diária que isso exigia criou toda uma cultura de jogadores fiéis e muitos deles não jogavam outra coisa senão o seu MMO preferido, passando horas e horas por dia imersos naquele universo.
A maneira clássica das desenvolvedoras destes jogos ganharem dinheiro era pela assinatura mensal que garantia benefícios adicionais aos jogadores premium. E assim foi com clássicos como Tibia, Runescape e World of Warcraft. E a dedicação intensa que os MMOs exigem não afeta apenas jogadores, mas também suas empresas. Dificilmente uma empresa de MMO conseguiu desenvolver muitos jogos.
A Cipsoft após 20 anos continua "presa" ao seu Tibia e as tentativas de criar outros jogos não tiveram muito sucesso, como foi o caso do projeto Fiction Fighters que só durou alguns meses. A Blizzard, dona do grandioso World of Warcraft, conseguiu um novo sucesso com Overwatch e tem outros títulos como Diablo, Starcraft e Heartstone, mas enfim seu catálogo não é muito extenso, não se comparado a outras empresas que conseguiram sim ser bem frutíferas e que possuem uma multidão de títulos, como é o caso da Ubisoft, Gameloft, Bethesda, Electronic Arts, etc.
Pois bem, a Jagex, criadora do Runescape, um MMO que até hoje tem uma base gigantesca de usuários, é outro exemplo de empresa dominada pelo seu jogo único. Assim é o MMO, ele é ciumento, exige exclusividade dos jogadores e da equipe de desenvolvedores. A Jagex tentou ir além do Runescape, ou melhor, expandir o universo deste jogo criando spin-offs e nem isto durou. Foi o caso de Chronicle: RuneScape Legends.
Chronicle: RuneScape Legends foi um jogo de cartas todo ambientado no mundo de Runescape e usando alguns de seus personagens. Foi lançado em 2015 e em 2016 saiu na Steam. Eu jogava Runescape desde 2010 (e nos últimos anos já não me dedicava muito, ainda mais depois que aderi à Steam e toda sua diversidade de jogos) e estava sempre por dentro das novidades, então experimentei o Chronicle assim que ficou disponível.
Quando saiu na Steam então, joguei com entusiasmo por todo o ano de 2016, acumulando mais de 320 horas de jogo. Posso dizer que Chronicle está entre os 10 jogos que mais ocuparam meu tempo em toda minha experiência de jogos. Mas a própria Jagex desistiu do projeto. A maldição da exclusividade dos MMORPGs. Runescape queria novamente toda atenção da empresa.
Então o desenvolvimento de Chronicle foi esfriando mesmo em 2016 e os jogadores perceberam e foram debandando, já não havia mais atualizações e por todo o ano de 2017 e começo de 2018 o jogo se tornou um zumbi do que era no início até que a Jagex finalmente anunciou seu encerramento.
Aliás, não foi a única tentativa da Jagex recentemente de fazer outro jogo. Teve também o Runescape Idle Adventures que era um clicker bem simples feito em parceria com a Hyper Hippo, a criadora de Adventure Capitalist. São joguinhos que você vai upando mesmo quando está ausente, pois há um contador que vai acumulando pontos com base no tempo real. Também experimentei brevemente, mas também foi encerrado.
Eu teria muito o que dizer do próprio Runescape, afinal joguei por pelo menos 7 anos, não de forma ininterrupta, pois várias vezes dei uns hiatos, perdendo o interesse por semanas ou meses e voltando em um ciclo de idas e vindas, mas até hoje meu personagem está lá e posso voltar quando bater uma saudade. Já no caso de Chronicle, a despedida é definitiva, pois mesmo que quisesse não poderia voltar. RIP.
Para preencher esta lacuna, este ano apareceu o Dota Underlords, lançado pela Valve. Tenho experimentado desde o comecinho, desde a primeira fase Beta, e jogo praticamente todos os dias. Mas sobre ele falarei em outro post.
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