Bob (Vincent D’Onofrio) é um taxista que rapta mulheres e as estupra em sua casa, matando-as e enterrando-as a seguir. Num de seus raptos leva uma mãe com seu filho. Tendo abusado e matado a mulher, resolve adotar a criança como um escravo domiciliar, apelidando-a de “Coelho”. O Coelho irá limpar a casa, servir a comida de Bob e ajudar a enterrar as mulheres mortas.
É curiosa a relação que se desenvolve entre ambos. Bob trata o Coelho como um criado, um escravo, e também como um mascote, um cachorrinho. Com o tempo, esta relação evolui e forma-se um laço de afeto. Apesar de rude, Bob passa a considerar o garoto como seu filho, a “educá-lo” na arte do assassinato, pois, para a sua mente deturpada, eles são caçadores e o filho deve seguir os passos do pai e aprender a caçar mulheres.
Vincent D’Onofrio é um ator veterano, apelidado de “Camaleão humano” por sua capacidade de assumir papéis de vários gêneros, do terror ao humor. Em Chained é notável como seu personagem, Bob, tem os traços de alguém que recebeu uma educação deficiente.
Ele fala pouco e com má pronúncia, tem dificuldade em explicar certas coisas, como numa cena em que mostra um álbum de fotos ao Coelho e não consegue descrever direito o objeto. Também a sua tranquilidade e frieza chamam atenção. Ele sequer precisa lutar com as vítimas porque sabe domá-las, como se domasse animais.
E há outro aspecto nele, pois Bob é o que é devido a abusos que sofrera do pai e ainda adulto ele tem pesadelos e flashbacks que desenham no seu rosto uma expressão sofrida e humana. Acho que o melhor do filme foi isto, o personagem e a atuação de D’Onofrio.
Ao contrário dos vilões e psicopatas convencionais, Bob não é apenas um cara maligno e doente, um monstro inumano e demoníaco. Ele é uma pessoa com problemas psicológicos, que sofreu uma criação abusiva, mas que ainda sente algum resquício de afeto paternal, embora duma forma grosseira.
Quanto ao garoto, que recebeu de Bob uma réplica da educação doentia que este recebera do pai, vai ter que decidir, na vida adulta, se seguirá o mesmo caminho ou se vai quebrar estas “correntes” psicológicas.
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