A Tale of Two Sisters é mais um exemplo do bom cinema sul-coreano. Dirigida por Ji-woon (mesmo diretor de I Saw The Devil), é uma história baseada num conto folclórico chamado A História de Janghwa e Hongryeon.
Este conto inspirou várias versões para o cinema, lançadas em 1924, 1936, 1956, 1962 e 1972, além de A Tale of Two Sisters em 2003 e seu remake norte-americano The Uninvited em 2009. Acho interessante falar um pouco sobre o conto original.
A História de Janghwa e Hongryeon
A esposa de um homem chamado Bae teve um sonho em que um anjo lhe entregava uma flor. Nove meses depois ela teve uma filha e deu-lhe o nome de Janghwa (Rosa). Dois anos depois nasceu outra filha que chamaram de Hongryeon (Lótus Vermelha). Mas a mulher faleceu e Bae, após um tempo, casou-se novamente e teve três filhos.
A madrasta e os filhos dela eram cruéis com as duas meninas, mas elas não contavam para o pai sobre os abusos que sofriam. Quando Janghwa se tornou noiva, Bae pediu à esposa que ajudasse a realizar a cerimônia, mas ela não queria gastar dinheiro com a afilhada e teve um plano maligno. Colocou um rato sem pelos na cama de Janghwa e acusou a garota de ter abortado um bebê que teve fora do casamento.
Perplexa com a acusação e com o fato de Bae ter acreditado na calúnia, Janghwa correu para um lago. A madrasta mandou seu filho mais velho em busca da menina e ordenou que ele a jogasse no lago. O rapaz fez o que sua mãe mandou e Janghwa morreu afogada, mas um tigre apareceu e arrancou uma perna e um braço dele.
A madrasta, vendo seu filho ferido, não se satisfez com a morte de Janghwa e voltou-se contra a irmã dela, maltratando-a ainda mais. Não suportando tudo isto e sentindo falta da irmã, Hongryeon foi afogar-se no mesmo lago em que morrera Janghwa.
Desde então a cidade era assombrada pelos fantasmas das duas garotas que matavam todos os prefeitos locais, até que um novo prefeito chegou e, visitado pelos dois fantasmas, conversou com eles. As meninas explicaram a história toda e pediram que o prefeito apurasse o caso do falso aborto. Ele investigou e comprovou que se tratava dum rato e que a madrasta era a responsável por tudo. Então ela e seu filho mais velho foram sentenciados à morte.
Bae, por sua vez, se casou novamente e em sonho viu as duas filhas. Elas lhe falaram que agora que a justiça foi feita, voltariam para ele. De fato, meses depois Bae teve duas filhas gêmeas. E fim.
O filme
O filme por sua vez conta a história das duas irmãs Su-mi e Su-yeon que vivem com o pai Moo-hyeon e a madrasta Eun-joo. Su-mi havia passado um tempo numa clínica psiquiátrica para onde foi após a morte da mãe e, agora que volta pra casa, tem de suportar a madrasta e alucinações que a assombram.
Numa série de recordações, a garota vai se dando conta que Eun-joo foi responsável pela morte de sua mãe e que ela já flertava com Moo-hyeon quando a esposa dele ainda era viva. Temos então um drama psicológico por causa do conflito entre Su-mi e sua madrasta e as alucinações dão o ar assustador ao filme.
Como é comum no terror psicológico sul-coreano, há uma mistura de beleza e drama. A trilha sonora contém uma valsa belíssima chamada Epílogo (composta por Lee Byung Woo) e o ambiente campestre da casa da família dá suavidade ao cenário. Em contraste, temos a violência doméstica que se desenrola misturada à fantasia fantasmagórica. É um filme de delicada beleza, mesmo sendo de terror.
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