Ela lambia suas próprias palavras,
masturbando-se, a letra ela lambia,
frenética, esfregando as páginas,
cheirando e mordendo cada linha.
Em uma orgia, os seus verbos trepavam
com violência em cada substantivo.
Adjetivos gritavam, sim, gritavam
ao penetrarem nas frases tão lascivos.
Ela tremia de tão excitada
com o advérbio, tão grosso, tão comprido.
Queria ser invadida, dominada
até gritar com grande alarido.
Jorrava a tinta na folha com palavras
ejaculadas a jorros e o respingo
a todos, tudo, ao mundo lambuzava,
impregnando barrigas, mentes, livros.
E quando enfim, dormia, visitava
o mundo onírico, dos sonhos, fantasia,
e, violando o útero das almas,
cada palavra eufórica gemia.
(21, 12, 2011)
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