Qaligrafia
Séries, livros, games, filmes e eteceteras 🧙‍♂️

This War of Mine e outros jogos simples de sobrevivência

Aqui temos uma listinha de jogos de sobrevivência com um visual simples, 2D, que basicamente consistem em exploração do cenário, aperfeiçoamento do abrigo e equipamentos e, o principal, o cuidado com a vida dos personagens, tratando doenças, ferimentos e matando a fome.

This War of Mine (2014)

This War of Mine (2014)

This War of Mine (2014) é um exemplar bem especial desse tipo de jogo, a começar pelo visual. Ambientado em um cenário de guerra, com casas destruídas e cheias de lixo, a arte do jogo tem um estilo fotográfico, realista e bastante sombrio. Também a música é melancólica e o comportamento dos personagens é cheio de drama.

Você tenta sobreviver em uma casa, fortificando as portas, aprimorando seus equipamentos, tentando manter a geladeira abastecida; deve sair para fazer looting e pode encontrar mendigos inofensivos ou milícias e militares que podem se tornar agressivos dependendo da forma que você lida com eles. A inteligência artificial dos personagens é sensacional para um jogo 2D aparentemente simples. Eles têm diversos tipos de emoção, do medo à tristeza ou fúria e mesmo a depressão e catatonia. 

Se você tiver um mau dia ou se sair matando gente indiscriminadamente, seus personagens podem ficar deprimidos, até mesmo cometer suicídio. Ou seja, você deve se preocupar não apenas em procurar alimento e lidar com intoxicações, ferimentos e resfriados, mas também deve cuidar da saúde mental, procurar ler livros, ouvir música, dormir o suficiente, ajudar pessoas necessitadas... Há toda uma experiência nesse jogo e por isso eu o considero o melhor aqui dessa lista.

Skyhill (2015)

Skyhill (2015) é um joguinho bastante simples, tanto no visual quanto na jogabilidade. Em umas poucas horas ou até em menos de um hora você pode zerar o objetivo, que é sair vivo de um edifício. Todavia, dá pra re-jogar por umas dez horas caso você goste de catar umas conquistas e não perde a graça porque as salas são geradas randomicamente a cada novo jogo, estilo roguelike.

Começando do topo, você vai descendo e explorando os quartos, ocasionalmente enfrentando zumbis que são cada vez mais difíceis. O esquema é o mesmo de todo jogo de sobrevivência: você deve manter a barra de vida cheia, curando ferimentos e envenenamentos, e também uma barra de fome, looteando alimentos e aperfeiçoando sua cozinha pra conseguir juntar ingredientes e fazer alimentos que recuperam mais pontos. Você pode fabricar armas, mas dá pra se virar bem com as que encontra no caminho.

Existe uma história bem detalhada, para aqueles que gostam. Durante a exploração você vai descobrindo notas, diários, arquivos de computador, e, caso tenha interesse, pode ler todo esse material para entender do que se trata aquele apocalipse zumbi. Caso queira apenas seguir jogando, a história de fundo não é obrigatória para zerar o jogo.

Sheltered (2016)

Sheltered (2016). Desenvolvido pela Team 17 (criadora do famoso The Escapists), tem um visual bem minimalista e estilo pixelado que esconde uma riqueza de mecânicas. Não tem a beleza melancólica e a profundidade emocional dos personagens de This War of Mine, mas tem muita coisa pra fazer: você pode ir acumulando personagens no abrigo e dando tarefas automáticas para eles, deixar que se alimentem, tomem banho, descansem e se virem sozinhos, enquanto você escolhe alguns para controlar, sair para fazer missões e lootear.

Diferente dos outros jogos desta lista, aqui você tem meios de transporte para agilizar a exploração, de cavalos a um carro (mas primeiro precisa juntar várias peças pra enfim conseguir usar o carro). O mapa com os locais exploráveis é também o maior dessa lista e os diálogos com as pessoas que você encontra no caminho têm um peculiar humor negro.

Uma vez que você consiga ajeitar o carro, pode simplesmente ir embora e dar o jogo por zerado, mas se quiser continuar sobrevivendo por dias e dias, não há limites. Você pode ficar por dezenas ou centenas de dias assim e com o tempo seu abrigo se torna um lugar com vários equipamentos e um sistema autossustentável de coleta de água e até uma horta para produzir alimento.

ICY: Frostbite Edition (2017)

ICY: Frostbite Edition (2017)

ICY: Frostbite Edition (2017) é um pouco diferente por não ter um cenário horizontal 2D. Durante o jogo você vê o mapa inteiro do cenário e vai explorando e realizando missões, administrando um grupo de personagens e um inventário com itens. Nas missões você pode encontrar lojas de itens ou pessoas e animais perigosos, rolando um combate em turno no estilo dos antigos jogos de RPG. É um joguinho simples e que pode ser zerado rápido, mas achei bastante satisfatório.

Project Winter (2019)

Estes dias o Project Winter (2019) estava gratuito para testes na Steam e fui lá conferir. O visual cartunesco é bonitinho, mas de cara vi que é mal otimizado e mesmo com os gráficos no mínimo eu ainda perdi muitos FPS. De toda forma, deu pra jogar. O que não gostei foi o fato de não ter campanhas singleplayer, o que estraga bastante minha experiência.

Muita gente gosta de jogar este tipo de jogo de forma cooperativa (tanto que Don't Starve lançou até a versão cooperativa Don't Starve Together), mas eu gosto de curtir a solitude, principalmente porque posso fazer as coisas no meu tempo.

Além disso, a proposta de Project Winter é mais de ser um jogo de partidas competitivas rápidas do que propriamente exploração e sobrevivência. E pra piorar, tem um sistema de "traidor". Dentro da sua equipe, você ou outros jogadores podem receber o papel de traidor, aí deve atrapalhar tudo o que os outros fazem. Meh.

Árida (2019)

Árida (2019) é um projeto de um studio indie brasileiro (Aoca Game Lab). Feito em Unity, o jogo se passa no sertão nordestino e cria uma experiência de imersão nesta realidade brasileira. Você deve cavar cacimbas, plantar mandioca, fazer farinha, etc. É legal como material educativo, mas é um jogo ainda mal polido, pouco otimizado, com gráficos feinhos e a jogabilidade um tanto repetitiva.

Ashwalkers (2021)

Ashwalkers (2021) de cara chama atenção pelo visual diferenciado. O jogo é todo em escala de cinza, salvo uns poucos detalhes em vermelho (para indicar, por exemplo, que um personagem está ferido). A ideia é transmitir a sensação de se explorar um mundo pós-apocalíptico que parece estar coberto de cinzas.

Até aí parece um jogo interessante. A jogabilidade, porém, me entediou rápido. Uma limitação que não combina com este gênero é o fato de que não há movimento de câmera e, embora o cenário seja 3d, você não pode girar os personagens e basicamente tem que caminhar sempre pra frente, dando a sensação de que há pouco a se explorar.

Os itens coletáveis também são poucos. É um jogo minimalista em termos de exploração e sobrevivência. Você caminha um pouco, coleta coisas, tem algumas interações estilo RPG, faz um acampamento pra descansar e repete este ciclo. De toda forma, pela estética diferente vale a experiência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário