Qaligrafia
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2001, uma Odisseia no Espaço

2001 (1968)

O filme começa com a tela preta por alguns minutos, apenas com música ao fundo. Também há um capítulo dedicado ao intervalo, com uns 4 minutos de tela preta e música novamente. O objetivo era produzir uma experiência agradável na sala de cinema.

As cenas são estáticas, como fotografias; ou então se passam lentamente, às vezes em silêncio. Não há cenas de ação, como se tornou comum em filmes de ficção; não há músicas agitadas, de modo que o filme todo se parece com uma contemplação deslumbrada das cenas.

Até mesmo o momento mais dramático em que o astronauta enfrenta o computador e o “mata”, tem uma lentidão. O computador morre aos poucos, implorando calmamente. Se fosse num filme moderno, a máquina vilã teria de morrer numa explosão ou aos gritos.

O astronauta sofre o drama de matar um ser ao qual se afeiçoou, mas também não esperneia nem se contorce em choro. Ele sofre de uma forma contida, implosiva e internalizada, mantendo o clima do filme. E assim, neste ar de contínuo deslumbre silencioso, também se desenrola o final da história.

Para uma obra feita na década de 60, os efeitos especiais continuam impressionantes e a exploração de poucas músicas fez com que estas se tornassem marcantes. Não nos lembramos muito dos atores, mas a música e as cenas, quando as vemos ou ouvimos, logo identificamos com o filme, principalmente a cena do início em que o macaco aprende a manusear um osso.

Também explora a evolução da humanidade e imagina seus caminhos “além”, e há uma óbvia reflexão sobre a capacidade das máquinas, se um dia poderão se parecer com pessoas, inclusive com emoções. O computador da nave tem até apelido, Hal, e se mostra cada vez mais dotado de emoções, chegando ao ponto de implorar para não ser desligado. O mais interessante é que tal questionamento foi feito numa época em que os computadores serviam apenas para cálculos e umas poucas atividades gráficas.

O computador, a máquina pensante, é a ferramenta última da humanidade, a tecnologia mais avançada. Tudo começou com primatas aprendendo a usar ossos como ferramentas rudimentares, então ao longo dos milênios a espécie humana foi desenvolvendo ferramentas mais e mais complexas e poderosas. Então podemos dizer que Hal é como o osso, uma ferramenta revolucionária para seu tempo, um resultado da evolução tecnológica.

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