Robert Downey Jr. tem uma longa carreira que começou na década de 70, uma carreira bastante produtiva, pois atuou ano a ano quase sem interrupções. Quando, porém, foi chamado para ser o Homem de Ferro, ele não estava exatamente no seu auge. Na vida pessoal, enfrentou problemas com o vício em drogas e chegou até a ser preso. Agora ele tinha a chance de se reerguer e aproveitou como ninguém.
A Marvel no cinema estava com seus personagens divididos em vários studios, como o Aranha na Sony e os X-Men na Fox. Isso era resultado dos anos de falência que a editora enfrentou no fim da década de 90 e teve que vender os direitos destes personagens. Logo, quando surgiu o projeto de um filme do Iron Man, ninguém imaginava que fosse se tornar algo tão grandioso e ambicioso. Ainda assim, o Robert soube apostar.
Em seu contrato, ele acertou com a Marvel um acordo para ganhar, além do salário de ator ao participar dos filmes, também uma porcentagem dos rendimentos das bilheterias. Foi a aposta da sua vida. Como ator ele passou a ganhar cerca de 20 milhões de dólares por filme, mas os lucros extras da bilheteria já lhe renderam perto de 100 milhões. Em 10 anos participando dessa franquia, ele montou um patrimônio de um quarto de bilhão de dólares, 250 milhões.
É interessante mencionar isso, porque a história de Robert Downey Jr. simboliza o sucesso da franquia MCU, além, claro, dele também se encaixar no tipo de personagem que é o Tony Stark. Não foi só ele que apostou com a Marvel, a Marvel apostou com ele e se deu muito bem, pois é evidente que boa parte do sucesso do MCU se deve ao carisma emprestado do ator. Downey Jr. deu vida ao Homem de Ferro e fez ele ser quem é, um dos personagens mais queridos desse universo, um ímã de bilheteria.
No primeiro filme do Iron Man, já nos primeiros minutos o ator nos vende o seu personagem. Tony Stark chega com um charme e um estranho carisma de cafajeste. Ele é ao mesmo tempo um cara com quem você não gostaria de conviver ou trabalhar, mas que também tem uma estranha admiração. Tony Stark é gênio, mulherengo e badass. Ele construiu uma armadura de sucata no meio do deserto.
De seu humilde começo com a armadura Mark 1, ele vai progredindo exponencialmente ao longo dos três filmes. No primeiro filme (2008), a clássica armadura vermelha e dourada lhe basta, no segundo (2010) já perdemos a conta de quantos modelos de armaduras existem. Tem aquela cinza, chamada War Machine, tem a dourada e vermelha, a prateada e vermelha e as prateadas que são como uns iron minions.
No terceiro filme (2013), a galeria de armaduras só aumenta. Tem aquela com uma cor meio ouro branco, outra com as patrióticas cores da bandeira e por aí vai. Afinal, além do charme do Downey Jr., o grande atrativo do personagem são as armaduras. É uma coisa geek, como uma paixão por carros. O público gostou de acompanhar a evolução e a variedade destes equipamentos e os truques que cada um é capaz de realizar. O Iron Man é uma espécie de brinquedo ambulante do Michael Bay, soltando raios, tiros e bombas pra todo lado. Quem não gosta disso?
O primeiro Iron Man lança os fundamentos do MCU. Nele são apresentados o Agent Coulson, que depois seguiria uma longa carreira na série Agents of SHIELD, e o Nick Furry na famosa cena pós-créditos em que ele fala da "iniciativa Vingadores". No filme seguinte viria a Viúva Negra, uma das principais e mais frequentes integrantes dos Vingadores.
No terceiro filme, a direção passa das mãos do Jon Favreau (que pode ser considerado o fundador do MCU) para o Shane Black e algo estranho acontece. Parece que o Iron Man 3 trai o público de diversas formas. Primeiro tem a grande traição do vilão de araque. Prometeram o Mandarim como grande vilão e no final descobrimos que era um ator bobalhão. Depois a paixão por armaduras que foi explorada na franquia é desconstruída quando Stark literalmente explode sua coleção. Pra que isso, cara?
A trama de Iron Man 3 ficou bagunçada e acabou explorando mal o conceito da substância extremis, que é importante na mitologia do Iron Man dos quadrinhos. De toda forma, quando veio o crossover Infinity War (2018) e o Endgame (2019), o Iron Man pôde finalmente voltar a ser o cara das armaduras bacanas, uma espécie de Inspetor Bugiganga bilionário, charmoso e fodão.
Tony Stark teve uma trajetória, uma jornada do herói, muito bem construída ao longo dessa trilogia e dos crossovers. Ele começou como um empresário egoísta e narcisista, mas foi passando por experiências que abriram seus olhos para o próximo.
Primeiro, ao ser raptado no Afeganistão, aprendeu a se importar com o companheiro de cativeiro, depois o afeto pela Pepper o acompanhou por toda a série e as catástrofes que atingiam o mundo o levaram a se sacrificar diversas vezes, até o sacrifício final. De egoísta a altruísta, ele se tornou o verdadeiro modelo de herói.