Quando um sistema planetário está se formando, os corpos celestes se movem a esmo e numa dança aos poucos vão encontrando ordem. Alguns planetas se aproximam demais, até chegam a colidir. Outros se distanciam. Alguns a princípio chegam muito perto, "sentem" o perigo e se afastam, mas mantendo-se a certa distância segura sem abandonar a proximidade. Outros experimentam uma repulsão que os leva o mais distante possível do que antes era próximo.
Assim são as pessoas. Pessoas se aproximam, pessoas se afastam. Algumas passam um bom tempo distantes, até que de repente descobrem algo que as atrai para mais perto; outras estão bem perto, mas um dia se distanciam para nunca mais voltar. E há aquelas que mantêm uma distância segura, nem longe nem perto, mas ainda atraídas. Afinal, existem as que se mantêm tão próximas como um planeta e suas luas numa dócil harmonia.
Cada distância tem também seu tempo. Mercúrio está constantemente dando voltas em torno do Sol, enquanto Plutão faz um longo trajeto de aproximação e distanciamento. Certos cometas levam anos, décadas, viajando para longe, até que retornam e voltam a receber o calor solar e a sorrir para este calor com sua cabeleira incandescente, mas este efêmero momento de encontro logo passa e o cometa volta à sua jornada solitária de afastamento.
Isso tudo acontece naturalmente. Não precisa ser forçado. O tempo se encarrega de deixar cada pessoa em sua devida órbita. Também não se sinta culpado por distanciar-se de uns e nem odeie aqueles que se distanciam de você. Além disso a vida, assim como o cosmo, é uma constante mudança. Planetas afastados um dia podem se encontrar. Às vezes órbitas se cruzam, se alinham, se acertam. A única coisa que precisa fazer é ser você mesmo. E sua gravidade livremente se encarrega de afastar alguns e aproximar outros.
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