Velhos tempos em que eu escrevia poemas num caderninho. Este aqui é um dos poucos que sobreviveram daquela época, da triste adolescência. Eu estava na escola e saí da aula, fui até a quadra no último andar do edifício e fiquei sozinho olhando o céu nublado. Ele representava exatamente o que eu sentia praticamente todos os dias. A moça da limpeza passou por ali e sorriu. Eu era o aluno mais esquisito da escola.
Céu plumboso, argentino-pálido,
cor de pólvora, vento cálido.
Não lá fora, mas em mim.
Faz sol sim.
Que importa?
Por dentro tudo está tão frio...
Escavo-me como a uma cordilheira
Eureka! Achei veneno no meu cerne!
Quero triturar meu fígado com um arranha-céu.
Tentei viver mais plenamente
(estou sendo tão sincero).
Tentei ser o que chamam de gente.
Ah. Que mera quimera.
(23,07,1998)
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