Qaligrafia
Séries, livros, games, filmes e eteceteras 🧙‍♂️

Política e generalização

Desde a época do impeachment tem se falado bastante em polarização dos eleitores brasileiros e essa polarização se acentuou nas últimas eleições. Aí se manifesta um tipo bem básico de preconceito, a mãe de todos os preconceitos: a generalização.

Há pessoas que simplesmente se dão por satisfeitas em classificar as outras com base no político em que votaram ou no espectro político que declaram, seja de direita ou de esquerda. Isto acontece nos dois lados da polarização. Tem gente de direita que chama todo esquerdista de "esquerdopata", "petralha", e tem esquerdista que chama gente de direita de "fascista", "bolsominion", etc.

E assim cada qual faz todo um julgamento moral e acha que conhece até o caráter de alguém simplesmente com base em um detalhe de sua vida que é o seu voto declarado. Ora, muitos motivos levam alguém a votar em determinado candidato e geralmente as pessoas votam acreditando que o seu candidato é bem intencionado e fará algo de bom pelo país. Afinal, quem em sã consciência votaria em alguém esperando que transformasse a sua vida em um inferno?

Existe um debate político racional e lógico, mas a verdade é que no dia a dia as pessoas debatem política movidas pela paixão mais que pelo argumento livre de falácias. É uma expressão de sentimentos, de gostos, tanto que se coloca a discussão de política em pé de igualdade com a discussão sobre times de futebol.

Não posso dizer que isso seja errado em si. A paixão faz parte da vida humana, ainda que leve a opiniões bobas e impensadas. Esse choque de paixões entre os eleitores polarizados pode ser catártico, mas é também sinal de uma população ainda imatura em termos de democracia. Um dia será preciso passar para um nível em que as pessoas saibam discordar da opinião diferente sem achar que aquele que tem uma opinião diferente é necessariamente um monstro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário