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Meus dez anos de Runescape

Runescape

Runescape é um dos MMORPGs mais antigos, surgido em 2001, três anos antes do World of Warcraft (2004) e quatro anos depois do Tibia (1997). Até hoje estes três jogos continuam bem ativos, contando até mesmo com uma base fiel de jogadores que estão lá há anos ou décadas.

Nunca joguei Warcraft e o primeiro MMORPG que me viciou foi o Tibia lá por volta de 2007-2008. Em 2010 conheci o Runescape que, diferente do Tibia, não exigia a instalação de um cliente. Era um dos diferenciais do jogo, um browser game, podendo ser jogado diretamente no navegador. Assim como Tibia, era relativamente leve (diferente do WoW) e quem tinha um computador modesto (como eu na época, com meu Celeron e 512 MB de memória) podia jogar.

O Tibia tem um visual bem simples, 2D com visão top-down, sprites minúsculos, animações bem básicas e nem mesmo tem música ou qualquer tipo de som. No fim das contas, esta simplicidade é o charme do Tibia e sua estética (inspirada no Ultima Online) é estranhamente atraente, além da jogabilidade ser viciante.

Runescape me proporcionou experimentar um jogo mais complexo e visualmente rico, com gráficos 3D e a possibilidade de girar a câmera e aplicar zoom, dando bastante versatilidade à forma como você pode enxergar o ambiente e se mover por ele. 

Hoje, o visual do Runescape de 2010 já parece bem feinho e datado, mas na época me impressionou, ainda mais porque a referência visual que eu tinha anteriormente era o simplório Tibia. Senti que fiz um upgrade, mudando pra um MMORPG mais profissional.

Runescape

Também diferente do Tibia, o Runescape não parou no tempo e ano após ano seguiu atualizando seus sprites, ficando mais e mais bonito. Apesar de ser originalmente um browser game, que podia ser rodado no navegador via plug-in, porque era escrito em  Java, o jogo também tem um cliente instalável que foi evoluindo mais que a versão para browser e atualmente mudou de Java para C++, num cliente chamado NXT.

Essa nova versão é ainda mais bela e finalmente valorizou o enorme cenário daquele mundo chamado Gielinor. O mundo de Runescape já era enorme em 2010, quando comecei a jogar, e hoje é mais ainda. É um gigantesco continente com suas cidades, ilhas, montanhas, vulcões, desertos, florestas, diversos ecossistemas.

Com o desenvolvimento da versão NXT, tudo isto ganhou uma beleza encantadora e é comum os jogadores postarem prints dos cenários: lagos tranquilos onde pescam, horizontes cobertos pela bruma, monumentos, estátuas, visão panorâmica do alto de montanhas, etc.

É possível ajustar o nível dos gráficos em diversas camadas, do mais simples até o ultra, de modo que ainda hoje é um jogo bastante acessível para computadores modestos e que igualmente oferece uma experiência visual mais impressionante para quem pode rodar no máximo da qualidade.

Runescape

O visual, porém, é um bônus na experiência que é jogar Runescape. O que me prendeu no jogo por alguns anos foi a enorme quantidade de conteúdo. Enooorme! Isso sempre foi uma característica dos MMORPGs: tem muita coisa pra fazer ou não fazer nestes jogos.

Enquanto na maioria dos games você tem uma direção bem definida do que fazer e pra onde ir, MMORPGs como Runescape são sandbox, ou seja, você pode fazer várias coisas ou ficar ocioso passeando, conversando ou só observando as coisas acontecerem.

Tudo nesse jogo existe em abundância: locais para se explorar, criaturas, NPCs, quests, itens, equipamentos, até mesmo as habilidades são muito diversificadas e ao mesmo tempo inter-relacionadas.

Você pode treinar habilidades de combate que podem ser físicas ou de magia, pode pescar, cortar lenha, extrair minérios, cultivar hortas, fabricar poções, imbuir runas, caçar criaturas, fabricar armas e armaduras, cozinhar alimentos, criar pets ou praticar marcenaria na sua casa.

É uma experiência extremamente imersiva, pois seu personagem está vivendo neste mundo em cada detalhe. Não se trata só de matar monstros. Você usa ferramentas diversas (o personagem tem até um porta-ferramentas onde leva martelo, serrote, equipamento de pesca, artesanato, agricultura, etc, etc.

Runescape

Realmente não falta o que fazer e o que descobrir naquele mundo. E o senso de realização é garantido no fato de haver também uma enorme variedade de recompensas na forma de riqueza, itens, cosméticos, conquistas, o acesso a locais e itens que vai sendo desbloqueado com o seu progresso, além do próprio fato de você subir de nível que é a principal meta da maioria dos jogadores. 

Chegar ao nível 99 em uma habilidade é a realização máxima, com direito até a uma capa cosmética para você ostentar o seu feito. Acredite, a descrição que fiz aqui do que existe dentro desse jogo foi bem resumida, porque de fato há uma abundância de tudo, o que pode ser constatado consultando a wiki do jogo na internet. Nos anos em que joguei mais empolgado, estudei muito essa wiki.

Agora já fazem dez longos anos desde que criei a conta e até hoje tenho lá meu personagem que já tem vários níveis 99 e um acúmulo considerável de itens e conquistas diversas. Ao longo dos anos, teve época em que joguei todo dia, mês a mês, bem como fiz diversas pausas, criando hiatos de meses, até anos, aí batia a saudade e lá estava eu de volta. 

Esta semana, inclusive, ganhei como bônus gratuito da Amazon Prime 14 dias de premium e claro que fui lá experimentar. Acho que a última vez que entrei no jogo foi há mais de um ano e só pra dar uma olhadinha. Já estava aposentado há tempos, mas não podia desperdiçar esta oportunidade de brincar um pouco, ainda mais com uma premium de graça.

Runescape

A novidade agora é a habilidade de arqueologia, que já estou treinando. Neste momento em que escrevo, tem outra janela com o jogo aberto e o bonequinho está lá escavando o solo. Isso é uma das coisas ao mesmo tempo boas e ruins de Runescape, que, na verdade, é comum a muitos MMORPGs: você passa muito tempo realizando tarefas repetitivas para poder upar e os jogadores costumam fazer isso de uma forma semi-presencial, o que chamamos de AFK (away from keyboard).

Por exemplo, na atividade de corte de lenha, você leva seu boneco para uma floresta, clica numa árvore e ele fica automaticamente performando a ação de cortar lenha por alguns minutos. Neste momento você não precisa fazer mais nada, até que a árvore é derrubada, aí você deve voltar ao jogo para clicar em outra árvore, e assim por diante.

Sendo assim, a maior parte do tempo que você passa com o jogo aberto é realizando estas tarefas semi-automáticas que requerem a sua intervenção apenas esporádica. Você vai passar muito tempo literalmente assistindo o jogo, o que pode ser um tédio.

O que os jogadores costumam fazer é adotar um estilo multitarefa. Você deixa o jogo aberto em uma janela, com o boneco fazendo suas tarefas, e enquanto isso você se ocupa em outra coisa: lê um livro, assiste série, estuda, tem agente que faz isso até no trabalho.

Runescape

Não que não tenha atividades que exijam sua atenção integral. Os combates, por exemplo, requerem mais imersão, mas a maioria das habilidades se upa assim, no método AFK. Hoje em dia isso parece bem estranho, já que a oferta de jogos agora é imensa e tem tanta coisa nova pra gente experimentar que não há mais espaço, ou melhor, tempo, pra se dedicar tanto a um jogo só.

O MMORPG dominou o mercado de games na década passada porque não tinha tanta concorrência. Hoje em dia, a maioria dos jogadores que dedicam várias horas por dia a um jogo fazem isso com os competitivos, os battle royale ou LoL da vida.

De toda forma, ainda existem entusiastas de MMORPG, o que pude constatar agora que dei um passeio em Gielinor e vi que ainda está cheio de players pescando, cozinhando, cortando madeira, aglomerados em volta do mercado, vivendo naquele mundo.

Não pretendo continuar a jogar depois que acabar essa premium. Foi bom matar a saudade, mas tem muitos outros jogos que quero conhecer e não posso ficar nessa relação monogâmica com um MMORPG.

Gosto de saber que meu bonequinho vai ficar lá, com todas as suas realizações que conquistei em uma década, e que posso de vez em quando voltar pra fazer alguma quest, pois ainda tem tantas quests que não fiz. Projetaram esse jogo pra ser algo pra vida toda mesmo.

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