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Star Wars, a trilogia de J. J. Abrams

Star Wars: The Force Awakens (2015)

A primeira trilogia de Star Wars aconteceu entre 1977 e 1983 e foi um fenômeno em diversos sentidos, inclusive nos efeitos especiais, que eram feitos com bonequinhos e o paciente trabalho de stop motion.

Curiosamente, a continuação da série, lançada 16 anos depois, em 1999, não teve efeitos especiais que sobrevivessem ao tempo tão bem quanto aqueles dos anos 70. O CGI tem essa característica: no ano em que é produzido pode impressionar, mas com o passar do tempo fica obsoleto.

Star Wars: The Force Awakens (2015)

Esta segunda trilogia, lançada entre 1999 e 2005, acabou não chegando aos pés da trilogia original e se tornou memorável por suas tosqueiras, como o detestável Jar Jar Binks e a atuação "cigano Igor" do  Hayden Christensen como o jovem Darth Vader (Anakin).

Dez anos depois, finalmente a franquia é ressuscitada e agora sob nova direção, comprada pela Disney. Assim surge o episódio VII, The Force Awakens (2015). Diferente da trilogia anterior, que tinha a direção quase amadora de George Lucas, agora confiaram a obra ao brilhante (ou talvez não tão brilhante) J. J. Abrams que entregou um produto de qualidade, mas também com suas falhas.

Daisy Ridley as Rey in Star Wars: The Force Awakens (2015)

Daisy Ridley as Rey in Star Wars: The Force Awakens (2015)

The Force Awakens trouxe sangue novo para a franquia, apresentando novos personagens, a começar pela Rey e o ex-stormtrooper Finn, o novo piloto fodão Poe e um novo droid para encantar o público e vender muitos bonecos, o BB-8. Ah, e também uma nova e maior Estrela da Morte, a Starkiller Base.

O elenco clássico também foi trazido de volta, agora com o valor do fan service e da nostalgia, criando esse ambiente híbrido que mistura elementos dos filmes antigos com novidades, incluindo um novo vilão substituto do Darth Vader, Kylo Ren.

Darth Vader's helmet, Star Wars: The Force Awakens (2015)

Kylo Ren, Star Wars: The Force Awakens (2015)

Kylo Ren, Star Wars: The Force Awakens (2015)

Enfim, The Force Awakens foi uma boa surpresa e agradou bastante o público, a crítica e os velhos nerds nostálgicos. Aí veio o episódio VIII, The Last Jedi (2017), e mudaram a direção para o Rian Johnson, o que desviou um pouco o rumo e o estilo da narração, mas depois isso foi corrigido com o retorno do J. J. para encerrar a trilogia.

O episódio VIII começa muito bem com uma batalha entre as naves rebeldes e um Star Destroyer. Eu diria que foi uma das melhores cenas de batalha espacial da franquia, senão a melhor, por criar uma tensão e uma proporção épica. Além disso, serviu para mostrar o nível de habilidade do Poe.

Star Wars: The Last Jedi (2017)

A evolução do Luke Skywalker também foi interessante. Assim como o Yoda no fim da vida foi um mestre gagá para o jovem Luke, agora Luke é o véio doido que vai ensinar a jovem Rey. A construção da relação ambígua entre Rey e Kylo Ren foi legal, mas esse negócio deles ficarem conversando por um zap zap cósmico telepático da força ficou muito brega.

Uma personagem que se tornou o novo Jar Jar Binks foi a Rose. A coitada da atriz acabou sofrendo um bullying desnecessário e cruel de nerdões na internet, mas isso não anula o fato de que deram a ela uma personagem vazia e que foi inserida na história apenas para preencher um buraco temporário.

Adam Driver as Kylo Ren in Star Wars: The Last Jedi (2017)

Adam Driver as Kylo Ren in Star Wars: The Last Jedi (2017)
Esta cena gerou muitos memes por causa do corpo quadrado e troncudo do Adam Driver.

A Capitã Phasma, por sua vez, foi a nova Boba Fett. Na trilogia clássica, Boba Fett foi apresentado como um mercenário que na aparência prometia ser um grande adversário, mas acabou não se envolvendo em nenhum combate que o valorizasse e morreu de forma atrapalhada e cômica, acidentalmente atingido por Han Solo e sendo engolido por um sarlacc.

Assim foi a Phasma. Interpretada pela imponente Gwendoline Christie, literalmente um mulherão de 1,91, que ficou conhecida como a valente Brienne de Game of Thrones, Phasma prometia se envolver em alguma batalha memorável, mas acabou morrendo de forma prematura numa lutinha com o Finn.

Finn versus Phasma, Star Wars: The Last Jedi (2017)

Como o grupo estava disperso, criaram a Rose para ser a companhia do Finn enquanto ele estava se aventurando separado dos outros. Tentaram forçar um romance entre os dois e no filme seguinte isso foi totalmente esquecido, como a própria Rose que passou a ser apenas uma coadjuvante.

O personagem com o maior potencial desperdiçado foi o Snoke. Ele se mostrou extremamente poderoso, até mesmo mais que o antigo Palpatine. Além de ter fortes poderes telepáticos, o Snoke dominava o poder de disparar raios das mãos (algo visto só nos mais poderosos siths) com uma facilidade enorme.

Billie Lourd in Star Wars: The Last Jedi (2017)

Snoke então foi construído para ser o grande vilão da trilogia e merecia pelo menos se envolver em uma luta épica contra Rey e Kylo Ren. E atenção para o spoiler: Em vez disso, deram a ele uma morte súbita e fácil e o personagem virou uma espécie de Mandarim do Homem de Ferro: no fim das contas, ele não era o verdadeiro vilão, mas uma marionete do último vilão, o próprio Palpatine, trazido de volta por pura conveniência.

No geral, porém, a trilogia teve um ótimo acervo de personagens novos e antigos, fez direitinho o fan service de trazer de volta Luke, Leia, Han Solo, Chewbacca, os doids R2-D2 e C-3PO e até o Lando. Uma curiosa presença no elenco é a Billie Lourd, filha da Carrie Fisher, que atuou ao lado da própria mãe, como a tenente Connix.

Luke versus The First Order, Star Wars: The Last Jedi (2017)

Para mim, porém, o personagem mais legal foi o hacker DJ, estilosamente interpretado pelo Benicio Del Toro. Foi a única coisa que prestou daquela aventura do Finn com a Rose no cassino e infelizmente o DJ teve uma participação bem breve.

Benicio Del Toro as DJ in Star Wars: The Last Jedi (2017)

No episódio VIII ainda tem outra batalha bem atraente que acontece em um mar de sal branco que produz uma poeira vermelha, dando à cena uma bela estética. Aí também aparece o Luke como um Deus ex machina que sozinho vai enfrentar os tanques e naves da Primeira Ordem, além do Kylo Ren.

Na verdade achei frustrante o fato do Luke ter usado uma projeção astral para comparecer a essa batalha. Isso por um lado mostra a grandeza do seu poder mental, mas perde a oportunidade de explorar uma boa de uma pancadaria física. Nas séries animadas isto acontece. O Yoda, por exemplo, já enfrentou tropas inteiras com seu sabre e acrobacias e o Luke poderia fazer algo semelhante, abatendo os tanques gigantes como o Legolas abateu um olifante. Seria foda hein.

BB-8 and D-O, Star Wars: The Rise of Skywalker (2019)

A trilogia então conclui no episódio IX, The Rise of Skywalker (2019), que voltou para as mãos de J. J. Abrams. A história concentrou-se mais ainda na relação entre Rey e Kylo Ren, que foi variando entre rivalidade, ódio e amor.

E agora vêm os maiores spoilers dessa trilogia, mas olha, convenhamos que são coisas que nem vale a pena guardar segredo porque são só decepções ou, no mínimo, eventos que você pensa "eh, ok né".

Também este último filme foi mais focado na mitologia da série e não se perdeu em digressões como o anterior. Vemos elementos interessantes como o Templo Sith antigas escrituras e relíquias. O retorno de Palpatine e, mais ainda, o plot twist de que tanto Kylo Ren quanto Rey eram descendentes dele, foi uma ideia bem forçada e decepcionante, mas ao mesmo tempo serviu para atar definitivamente as pontas de toda a nonalogia.

Rey versus Kylo Ren, Star Wars: The Rise of Skywalker (2019)

Rey versus Kylo Ren, Star Wars: The Rise of Skywalker (2019)

Na batalha final, a história entra no modo Dragon Ball e tudo é exagerado. Palpatine demonstra um poder absurdo, disparando raios no céu; Rey do nada adquire também um poder à altura para derrotá-lo. Enquanto isso, no céu ocorre uma batalha entre milhares de Star Destroyers e agora cada um deles tem um canhão capaz de destruir planetas. Banalizaram a arma star killer.

Pois é, se até então o conceito de arma de destruição planetária era aplicado em objetos raros, as Estrelas da Morte, agora de repente surge uma frota inteira que estava escondida estes anos todos, banalizando o conceito da super arma. Em questão de minutos, estas nave foram destruídas pela "cavalaria", milhares de civis arregimentados por Lando de várias partes da galáxia. A fim de encerrar a coisa num nível épico, extrapolaram a batalha espacial ao máximo.

Star Wars: The Rise of Skywalker (2019)

O detalhe mais tosco é que Finn e sua turma também estavam engajados nessa batalha, só que montados em cavalos. Sim, cavalos em uma space opera! Em meio a naves e gigantescos destroyers, os rebeldes foram lutar à cavalo e atirando flechas explosivas. Pra que isso, caras?

Esta última trilogia encerra essa série iniciada lá em 1977, despedindo-se de seus personagens clássicos, inclusive matando os principais, matando de vez o Palpatine e matando até o Kylo Ren, deixando um enorme vácuo no poder que é a grande ponta solta para o recomeço da franquia nos filmes futuros.

Star Wars: The Rise of Skywalker (2019)


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