A máquina inteligente é constantemente representada na ficção como uma ameaça à humanidade. Há um temor de que a máquina adquira consciência e vontade própria e se rebele contra seus criadores, decidindo por guerrear contra os humanos.
Nota-se isso na assustadora robô Maria, do clássico Metropolis (1927); no ardiloso HAL 9000, de 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968); nos androides ameaçadores, de Blade Runner (1982); na inteligência artificial Skynet e seu exército de máquinas que decidem exterminar a humanidade, da série de filmes Terminator (1984 em diante); no grandioso mundo virtual que aprisiona a todos, da série de filmes Matrix (1999-2003); nos robôs que se rebelam em Eu, Robô (2004). Semelhante ao mito do apocalipse zumbi, poderia haver um apocalipse de robôs que destruiriam a humanidade.
Há, porém, outra abordagem mais otimista: a de que na tecnologia e na inteligência artificial está a possibilidade do ser humano evoluir, transcender. Aliás, isto é bem explícito no filme Transcendence (2014), em que se realiza uma mescla de software e uma consciência humana carregada para dentro do computador, resultando em um novo ser humano-máquina.
Já antes, na série de filmes Robocop (1987 em diante), a robótica é usada para salvar a vida de um policial que tem seu corpo destruído num fuzilamento. Ele se torna um ciborgue que trabalha para proteger as pessoas e é um híbrido de partes humanas e mecânicas, uma imagem do que poderia ser o homem do futuro.
Em Her (2014), temos outro bom exemplo. A inteligência artificial absorve elementos humanos, inclusive de pessoas que já morreram há séculos, como filósofos e escritores, trazendo-os de volta à vida numa versão virtual e formando uma consciência digital que rapidamente evolui e transcende a civilização humana, mas não se volta contra ela. A máquina não é inimiga, é semidivina. E, como divindade, simplesmente perde o interesse pela mediocridade humana, indo além.
Em The Machine (2013), temos um novo exemplo desse conceito de união humano-máquina. A base da inteligência artificial é a própria mente, a consciência de uma pessoa que sofre upload para um banco de dados, sendo amalgamada ao software, o que resulta num ser que rapidamente aprende e evolui e já não precisa de um frágil corpo humano.
O ideal de libertar a mente do corpo orgânico fica bem evidente nesse filme. O cientista envolvido no projeto, Vincent, a princípio usa a robótica para restaurar soldados mutilados, inclusive com danos cerebrais, mas ele continua com corpos humanos e defeituosos, de modo que a pesquisa evolui para a criação de um corpo totalmente cibernético, melhor, mais forte, mais resistente, e neste corpo será carregada uma consciência humana. Assim nasce uma versão melhorada da humanidade, ou melhor, um ser pós-humano, transumano. A máquina, portanto, não é inimiga da humanidade, é a sua próxima versão, a sua versão evoluída.
Esta tese hoje em dia tem sido bastante defendida pelo magnata e visionário Elon Musk. Segundo ele, a melhor forma de evitarmos um apocalipse robótico é mesclando nossos corpos e mentes à inteligência artificial por meio de implantes que realizem este amálgama.
Surgirá a partir daí uma nova espécie que superará o conflito humano x máquina, afinal o humano também será, em parte, máquina. Nos filmes do gênero cyberpunk, esse tipo de mescla é bastante comum, mas o resultado pode ser problemático, criando um mundo distópico em que a essência humana é consumida pela máquina.
Surgirá a partir daí uma nova espécie que superará o conflito humano x máquina, afinal o humano também será, em parte, máquina. Nos filmes do gênero cyberpunk, esse tipo de mescla é bastante comum, mas o resultado pode ser problemático, criando um mundo distópico em que a essência humana é consumida pela máquina.
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