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A suruba psíquica de Sense8

Sense8 (2015-2018)

Os irmãos Wachowski (que depois se tornaram "irmãs") tiveram uma carreira de extremos. Em Matrix (1999) revolucionaram o cinema e o gênero de ficção científica de várias maneiras. Este filme se tornou nada menos que a mais importante obra cyberpunk já produzida. 

As continuações de Matrix dividem opiniões, mas continuam sendo grandes filmes. Dirigiram o importante V de Vingança (2005, resenha aqui), depois fizeram o roteiro do irrelevante Speed Racer (2008) e o confuso Cloud Atlas (2012), até chegar ao fundo do poço com Jupiter Ascending (2015, aqui).

Em Sense8 (2015-2018), se aventuraram no ramo das séries e como sempre tentaram ousar. A proposta é realmente inovadora, desenvolvendo uma história em que 8 protagonistas compartilham seus corpos e mentes numa relação sobrenatural. O entrelaçamento das vidas destas pessoas que se comunicam à distância e até assumem os corpos uns dos outros numa espécie de telepatia é uma ideia interessante.

Todavia, a execução resultou numa série basicamente focada em panfletar a causa da liberação sexual. Este tema, na verdade, já havia sido abordado pela dupla em V de Vingança, criticando a opressão moralista e totalitária sobre a sexualidade, mas ali foi algo encaixado na história de forma natural. Em Sense8, há uma tal supervalorização do tema que acaba parecendo uma série evangelística e a trama perde toda importância.

No fim das contas, a única coisa que permanece na memória de quem assistiu Sense8 são as cenas de sexo e nudez, especialmente as surubas envolvendo todo o grupo, uma suruba transcendental (surubas também são um tema antigo na filmografia das Wachowski; já tinha lá em Matrix quando a galera de Zion faz uma festança depois do discurso de Morpheus). 

Falando em momentos memoráveis, a cena mais marcante com certeza é aquela em que os 8 amigos cantam What's Up (da banda 4 Non Blondes) em uma sincronia psíquica à distância. É uma cena bonitinha.

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