O Castelo Animado (Howl no Ugoku Shiro, 2004), é uma obra do grande cineasta japonês Hayao Miyazaki, baseada no livro Howl's Moving Castle (1986) da escritora britânica Diana Wynne Jones.
Sophie, uma garota de poucas ambições, fortuitamente encontra um belo mago, Howl, e também uma feiticeira, a Bruxa do Nada. A bruxa, enciumada, lança uma maldição em Sophie, transformando-a em uma idosa.
O mascote ígneo Calcifer. |
Procurando um meio de livrar-se da maldição, Sophie parte para as montanhas e acaba encontrando o castelo de Howl, uma fantástica estrutura ambulante, com pernas mecânicas e movida a vapor. A presença de máquinas a vapor e outros equipamentos retrofuturistas em um cenário medieval que também conta com elementos mágicos cria uma peculiar combinação de fantasia e ficção científica steampunk.
A animação que mais chama atenção é justamente a do castelo, cheio de detalhes, partes móveis, um aglomerado de pedaços que se mantêm delicadamente juntos em funcionamento, dando ao edifício a aparência de um monstro, uma casa viva.
O responsável pelo funcionamento mágico deste castelo é uma chama viva e falante chamada Calcifer, uma das personagens mais interessantes da história, aliás. Calcifer tem um papel fundamental na trama, dada a sua relação mágica com o mago Howl.
Hayao Miyazaki é um pacifista e costuma dar um grande valor aos papéis femininos. Aqui não será diferente. Sophie é a personagem principal e é ela quem se envolve em toda a trama de modo a resolver os mistérios e maldições em que vários seres estão envolvidos, incluindo Howl.
Miyazaki é generoso com as personagens e faz com que todas encontrem a redenção. Aqueles que estão amaldiçoados se curam, mas também os que amaldiçoam. Até mesmo a Bruxa do Nada, a princípio maligna e invejosa, se torna mansa e inofensiva. Howl é retratado como um jovem belo, de olhar gentil e que, embora forçado a usar seu poder em guerras, manifesta-se a favor da paz.
Temos, enfim, um belíssimo conto de fadas com a catarse que merece. Sim, com um final feliz. O desenho é bastante detalhista e delicado e a animação de alta qualidade, com o renomado padrão do Studio Ghibli. Tudo isto compõe uma história agradável, mágica, feita para encantar.
É possível notar também uma alegoria. Sophie, amaldiçoada pela velhice, redescobre a juventude no amor. Howl, por sua vez, desgastado pela guerra que o torna obscuro, é salvo pelo amor de Sophie, que o faz redescobrir sua criança, sua pureza interior, representada pelo coração do mago.
Também o castelo tem algo de alegórico. Ao longo da história ele vai sofrendo mudanças, se transformando. Chega a desfazer-se quase por completo, para então ser reconstruído com uma nova aparência. O castelo ilustra o ciclo na vida de Howl e de Sophie, de destruição e recriação, de fins e recomeços. Um ciclo que todos nós experimentamos de diversas maneiras.
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