O sci-fi costuma ser um gênero que vem acompanhado de outro gênero auxiliar. Em muitos filmes, por exemplo, o sci-fi serve como cenário para uma história de ação ou aventura, como é o caso de Star Wars.
Um subgênero que se tornou bem comum em histórias de ficção científica é a distopia. O futuro é sempre sombrio, violento, corrompido, mas repleto de maravilhas tecnológicas. Um grande exemplo disto é a perturbadora Black Mirror (resenha aqui).
Um subgênero que se tornou bem comum em histórias de ficção científica é a distopia. O futuro é sempre sombrio, violento, corrompido, mas repleto de maravilhas tecnológicas. Um grande exemplo disto é a perturbadora Black Mirror (resenha aqui).
Tales from the Loop (2020), parte da nova safra de séries da Amazon, foge de todos estes clichês da ficção científica. A história não se passa em um mundo distópico, não há muita ação nem aventureiros disparando pistolas laser e, de certa forma, nem mesmo parece sci-fi.
A primeira temporada teve oito episódios, todos com acontecimentos relacionados a um dispositivo chamado Loop, uma esfera negra que pode ser comparada a alguma espécie de acelerador de partículas ou computador quântico. O Loop não é bem explicado, como todos os eventos bizarros da série, mas claramente é uma máquina capaz de manipular energias e até o próprio tempo.
O cenário é uma pacata cidadezinha que possui um laboratório em que cientistas estudam o misterioso Loop. A presença do aparelho na região faz com que aconteçam fenômenos estranhos e em cada episódio alguns habitantes da cidade vão se deparar com tais fenômenos.
Vemos, por exemplo, dois garotos que trocam de corpos; um casal de jovens namorados que descobre um aparelho que paralisa o tempo e assim vivem uma romântica e fantástica experiência, enquanto todo o resto do mundo está congelado; um homem viaja para um universo paralelo onde encontra sua outra versão, etc.
A atuação deste garoto foi uma revelação na série, realmente dramática e convincente. |
Cada episódio, portanto, é um pequeno conto envolvendo estas bizarras aventuras, mas nada é claramente explicado e os eventos sobrenaturais nem mesmo podem ser devidamente classificados como típicos de uma ficção científica. Em certos momentos, as histórias beiram a fantasia ou o realismo mágico. Acontecem coisas surreais na vida das pessoas e elas nem parecem muito chocadas com isto.
O casal que conseguiu congelar o tempo ou os garotos que trocaram de corpos lidaram com estas situações como se fosse uma brincadeira. A reação simplória dos personagens contribui para criar esse ar de realismo mágico, uma fantasia que parece apenas um acidente natural na vida das pessoas.
Para completar a caracterização incomum desta série, a melancólica e bela trilha sonora e o rumo lento dos acontecimentos, sem ter eventos estrondosos, nem uma atmosfera sombria, como na série Dark, da Netflix (resenha aqui), faz de Tales from the Loop uma peça única e quase inclassificável de sci-fi/fantasia.
Esteticamente, o cenário da série é inspirado nas ilustrações do pintor Simon Stalenhag. |
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