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Koyaanisqatsi, um filme narrado pela música

Koyaanisqatsi (1982)

Uma coisa leva a outra e acabamos descobrindo tesouros ao seguir certa trilha. De todas as cenas do filme Watchmen (2009), a que mais me encantou foi o surgimento do Dr. Manhattan, quando ele deixa de ser humano e se transforma numa criatura cósmica e transcendente. O fenômeno é mostrado em câmera lenta, como se o próprio tempo se dobrasse diante do poder dessa nova criatura, e algo em especial me chamou atenção nessa cena: a música.

Então claro que fui atrás. Trata-se da Pruit Igoe and Prophecies, de Philip Glass. Eu já o conhecia. É um dos melhores compositores do gênero clássico moderno. 

Lá fui eu ouvir a música várias e várias vezes e por acaso vi nos comentários que ela já havia sido usada décadas antes de Watchmen, no filme Koyaanisqatsi (1982). Olha, já vi muitos filmes nessa vida e ainda sou surpreendido com essas pérolas escondidas. Eu realmente não fazia ideia que ele existia, nunca vi em lugar nenhum. Sendo um filme cult, não é do tipo que passam na TV ou que seja mencionado trivialmente. Me perdoem, deuses da nerdosfera, por minha ignorância. Tratei logo de procurar e assistir.

Koyaanisqatsi é uma palavra dos índios hopi e significa "vida bagunçada, confusa, desequilibrada". Esta palavra por si só já é a chave para entender a única e clara mensagem do filme, pois não há roteiro, não há diálogos, mas uma montagem de diversas cenas do cotidiano, mostrando as cidades, ruas sujas, pessoas vivendo suas vidas, trabalhando, entediadas, ociosas, distraídas; começa mostrando desenhos pré históricos gravados na rocha e termina com a explosão de um foguete e seus destroços lentamente caindo do céu. A história humana desde a era primitiva até a complicada modernidade tecnológica.

E todo esse trabalho de fotografia ganha um toque mágico com a trilha sonora de Philip Glass. Esse filme não seria tão impressionante sem a música que é hipnótica, meio distópica até, combinando com as cenas da nossa sociedade bagunçada e poluída. Enfim, dois grandes achados: o filme e a música. De fato, a música é o narrador deste filme com cara de documentário. Não há protagonistas, nem diálogos, só cenas recortadas e a música.

Ah, e os Simpsons, que são a série animada mais rica em referências de todos os tempos, têm uma cena em homenagem a esse filme cult:


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