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Esopo

Esopo
Esopo, por Diego Velázquez

Esopo teria vivido no século VII ou VI antes de Cristo. Sua biografia é nebulosa e de certa forma lendária, mas é mencionado por historiadores antigos e escritores célebres da Grécia.

Heráclides do Ponto, discípulo de Platão, afirma que Esopo teria nascido na Trácia. Heródoto, por sua vez, informa que ele era escravo de um homem chamado Jádmon e foi injustamente executado em Delfos.

Aristóteles e Platão também mencionam Esopo, respectivamente na Retórica e em Fédon. Daí se nota como o fabulista era conhecido e reverenciado.

Na antiga Grécia alguns escravos eram mestres de renome e educavam os filhos de seus senhores e até de reis, como foi o caso de Esopo.

Além de erudito, acumulou uma grande visão de mundo na prática, viajando pelo Egito, Babilônia e várias regiões da Grécia, incluindo Atenas.

Esopo destaca-se primeiro por ter consagrado a fábula como um método didático e um gênero literário. Ele é o pai da fábula. Também fez algo valioso que foi dar um uso mais pedagógico à religião grega. 

Ele via nas histórias dos deuses não apenas um mito que deveria causar admiração e devoção, mas também como exemplo e metáfora. Os deuses se tornam alegoria e assim sobrevivem até ao fim da religião, pois o mito ganha um valor simbólico e educativo.

Desta forma, Esopo foi não só o deus da fábula como o fabulista dos deuses. Eles estão sempre presentes em suas histórias, como atores contratados com o propósito de ensinar. A fábula consagra o tipo de conto que traz um ensinamento, uma "moral da história". Enfim, Esopo foi, além de grande contista, um pedagogo.

Algumas de suas fábulas:

A mosca

Uma mosca caiu numa panela de carne. Afogada no molho e já quase morrendo, ela disse para si mesma: "Se já comi, já bebi e já tomei um banho, que me importa morrer?" 
Moral: Suportamos a morte com mais facilidade quando a ela não associamos pensamentos tristes.

Os dois sacos

Quando Prometeu fez o homem, deu-lhe dois sacos para carregar: um com os defeitos alheios, o outro com os defeitos próprios. Os homens levam o primeiro na frente e o segundo atrás. 
Moral: Eis por que sempre estamos prontos a ver os defeitos dos outros, mas nunca percebemos os nossos.

O vento e o sol 

O vento e o sol estavam disputando qual dos dois era o mais forte. De repente, viram um viajante que vinha caminhando.
- Sei como decidir nosso caso. Aquele que conseguir fazer o viajante tirar o casaco, será o mais forte. Você começa, propôs o sol, retirando-se para trás de uma nuvem. 
O vento começou a soprar com toda a força. Quanto mais soprava, mais o homem ajustava o casaco ao corpo. Desesperado, então o vento retirou-se. 
O sol saiu de seu esconderijo e brilhou com todo o esplendor sobre o homem, que logo sentiu calor e despiu o paletó.
Moral: O amor constrói, a violência arruína.

A raposa que nunca tinha visto um leão

Era uma vez uma raposa que jamais vira um leão. A primeira vez que o encontrou, quase morreu de medo. Na segunda vez, o medo foi menor. Na terceira, ousou falar-lhe.
Moral: O hábito termina eliminando o lado assustador das coisas.

A cigarra e a formiga

Num belo dia de inverno, as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de comida. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado molhados. De repente aparece uma cigarra:
- Por favor, formiguinhas, me deem um pouco de comida!
As formigas pararam de trabalhar, coisa que era contra seus princípios, e perguntaram:
- Mas por que? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno?
Falou a cigarra: 
- Para falar a verdade, não tive tempo, Passei o verão todo cantando!
Falaram as formigas:
- Bom... Se você passou o verão todo cantando, que tal passar o inverno dançando? E voltaram para o trabalho dando risadas. 
Moral: Os preguiçosos colhem o que merecem.

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