Há quase dez anos assisti ao filme What Dreams May Come (1998) que possui uma impressionante e surreal história de redenção de um casal envolvendo o próprio mundo do além, o Céu e o Purgatório. De fato, a ambientação é muito bem elaborada, dantesca e com elementos tirados da pintura e também da literatura, como a biblioteca celestial.
Foi aí que pela primeira vez ouvi falar de Jorge Luis Borges, pois a biblioteca deste filme, segundo alguma resenha que consultei, seria inspirada no conceito fantástico imaginado pelo escritor. Pois bem, só agora Borges finalmente chegou na sua vez em minha infinita fila de coisas para ler e eis que me deparo com o conto A Biblioteca da Babilônia. Ali estava aquela ideia que me fora apresentada em um filme há muitos anos.
E que ideia. A descrição de Borges é muito mais fantástica do que qualquer filme poderia representar. Ele imagina uma biblioteca infinita, feita de infinitos cubículos hexagonais, como uma colmeia, cheios de prateleiras e livros, todos os livros possíveis, todas as possíveis versões e combinações de letras, o que levou minha mente a vislumbrar tal coisa estupenda que seria uma biblioteca do tamanho do universo.
Mas o que me encantou de vez foi o finalzinho, quando ele subitamente leva o conceito de biblioteca infinita a outro nível e apresenta o livro infinito, um livro que conteria em si o conteúdo de todos os outros da biblioteca, um "vade-mécum", nas suas palavras. E para que tal objeto fosse possível, ele precisaria ter infinitas páginas, páginas tão finas que seria praticamente impossível folhear corretamente, já que ao se passar uma página, inúmeras outras viriam junto e o processo de separar uma página da outra poderia seguir infinitamente.
Imagine. Apenas imagine tudo isso.
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