Efeitos especiais existem no cinema desde o começo. Veja-se, por exemplo, o Viagem à Lua, de 1902. Ali já se faziam alguns truques para criar aquele mundo fantástico extraterrestre e ainda hoje é impressionante a famosa cena da lua com o olho perfurado por um foguete.
Ao longo das décadas as técnicas do cinema foram evoluindo, bem como o orçamento dedicado aos efeitos especiais, até que surgiu a computação gráfica, o chamado CGI (Computed Generated Imagery).
Antes da computação gráfica, os efeitos especiais recorriam a truques como animação de bonecos, a stop motion (cena em que objetos inanimados são movidos e fotografados quadro a quadro para dar a impressão de movimento espontâneo). De fato, conseguiram fazer coisas impressionantes com este método, como os esqueletos vivos de Jasão e os Argonautas (1963) e as naves de Star Wars (1977).
Nas décadas de 80 e 90 a computação gráfica começou a se desenvolver e a ser experimentalmente (e toscamente) usada em vários filmes. A chroma key, tela verde colocada no cenário que permite ao computador preencher o espaço com efeitos gráficos, passou a ser cada vez mais usada. O "robô líquido" de Terminator 2 (1991) foi uma grande sensação naquele começo da década de 90, mostrando o potencial dessa recente tecnologia digital.
No entanto, os chamados efeitos práticos, que são artesanais e feitos sem uso de computador, continuaram tendo grande importância e os filmes do Jackie Chan podem ser um bom exemplo disso. Ele impressionou por sua habilidade em cenas de luta crua, sem efeitos digitais, usando apenas os objetos do cenário. No documentário Jackie Chan: Meus Truques (1999), ele mostra como conseguia efeitos especiais de luta com baixo orçamento e sem recorrer à CGI.
Neste mesmo ano em que Jackie Chan explicou seu método artesanal que era usado no cinema de luta chinês há décadas, surgiu Matrix, como que marcando essa transição das eras. Matrix destronou os efeitos práticos e consagrou de vez a computação gráfica. Isso porque foi tudo feito com uma qualidade visual caprichada, nada de tosqueiras. Os robôs sentinelas, as cenas de luta, a ambientação cyberpunk, tudo foi muito bonito e marcante, como a emblemática bullet time do Neo desviando das balas em slow motion e a "chuva de letrinhas" que virou papel de parede de todo computador nerd nos anos 2000.
Pensando bem, o primeiro filme da trilogia Matrix até que não teve nada de extraordinário, nada, por exemplo, comparado ao robô líquido de Terminator 2. A diferença é que toda a ambientação ganhou um toque digital. As cores esverdeadas, os prédios e pessoas se deformando e a manipulação da velocidade e dos ângulos que davam às cenas de luta um aspecto 3D, tudo isso mostrou como se usa a edição digital para dar uma aura fantástica a um filme.
A partir daí, os efeitos digitais evoluiriam exponencialmente. Tanto que em 2001 veio O Senhor dos Anéis que em termos de CGI superou em muito Matrix. A criatura Smeagol mostrou uma vida e uma riqueza de detalhes nunca antes vista em um personagem criado por computador.
Depois disso todos conhecem a história. Vieram Transformers (2007), Avatar (2009) e os filmes de super heróis carregados de computação gráfica, como Os Vingadores (2012). No entanto, vale mencionar um exemplo curioso de filme que resistiu a essa nova era e usou principalmente os efeitos práticos, as cenas cruas, feitas em cenários reais: Mad Max (2015). Mas mesmo Mad Max recorreu a uma boa CGI, como na épica e linda cena da tempestade de areia.
Bem na virada do milênio, Matrix mostrou que os efeitos digitais vieram pra ficar.
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