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Astonishing X-Men volume 3 (2004-2013)

Colossus and Kitty Pryde by John Cassaday

Joss Whedon é mais conhecido por seu trabalho na TV, com Buffy the Vampire Slayer e no cinema com os Vingadores, mas também tem uma premiada carreira nos quadrinhos. Estreou na nova versão da série Astonishing X-Men que usa os principais personagens do universo mutante, como Ciclope, Wolverine, Kitty Pryde, Colossus, Fera, entre outros.

A série começou com desenhos de John Cassaday (e cores de Laura Martin) e confesso que não curto o estilo dele. Ele tem um traço meio "realista", anatomicamente correto demais, como se tivesse desenhado em cima de modelos humanos. Bom, no caso de Alex Ross, isso é uma qualidade porque somado a isso tem a arte em aquarela, mas sei lá, o desenho de Cassaday não tem uma plasticidade típica de quadrinhos ou um estilo peculiar que poderia ser a marca do desenhista. É, como posso dizer, "sem sal".

Em alguns momentos os personagens perdem suas características clássicas e quem os visse isoladamente dificilmente saberia quem são. Personagens como Colossus e Ciclope, por exemplo, às vezes parecem ter um rosto genérico de qualquer figurante do fundo do cenário.

X-Men by John Cassaday

Para uma edição nova que começava sua numeração do zero, eu esperava uma estréia mais impactante, que começasse chutando a porta com os mutantes mostrando seu poder, mas achei o começo meio fraco e maçante, sem contar que claramente os X-Men foram nerfados, até mesmo pareciam meio trapalhões em seus combates. Levando em conta que no passado os mutantes já se envolveram em sagas grandiosas, essa série teve um humilde começo.

X-Men by John Cassaday

Mas foi esquentando e teve seus momentos. No final da primeira saga, quatro anos depois da estréia da revista, quem brilhou foi a Kitty Pryde, extrapolando seus poderes em um plot twist mindblowing. Vou até entregar o spoiler: ela estava dentro de uma "bala gigante", uma maciça peça de metal de vários quilômetros disparada por aliens em direção à Terra. Vários dos mais poderosos heróis tentaram desviar a bala e tal, mas nada deu certo, então o que a Kitty fez? Usou o poder pra tornar toda aquela gigantesca massa intangível e atravessar a Terra, saindo do outro lado sem causar dano. Olha, isso foi foda.

A dupla Whedon-Cassaday também acrescentou dois personagens novos ao universo X-Men nessa série: Abigail Brand, uma agente badass da SWORD (uma versão da SHIELD voltada pra questões alienígenas) e Hisako Ichiki, novata na equipe (tipo uma nova Jubileu e que da mesma forma é meio que discípula do Logan, além de ambas serem asiáticas), que tem o simplório codinome de Armor e o poder de projetar uma armadura psiônica.

Também outro membro novo da equipe é a Sala de Perigo, sim, aquela sala de treino controlada por uma I.A. Esta Inteligência se rebela, constrói um corpo robótico, ataca os X-Men e Xavier, mas depois fica boazinha.

Aí em 2008 finalmente a equipe criativa muda. No roteiro entra o experiente Warren Ellis e no desenho Simone Bianchi (que pelo nome eu pensava que era uma mulher, mas é um homem). O traço dele me parece mais inovador do que o Cassaday e ele se deu ao trabalho de projetar toda uma série de novos uniformes, mas dessa vez o que não gostei foi da colorização (feita por Simone Peruzzi). É uma paleta de cores muito fechada, muito presa em tons escuros, com muito marrom, cinza, azul escuro e parece que o ambiente está sempre na penumbra, há sombras e preenchimentos com preto demais, o que acaba borrando o desenho. Tenho impressão que esse tipo de colorismo esconde a arte do desenhista.

X-Men by Simone Bianchi

X-Men by Simone Bianchi

X-Men by Simone Bianchi

Essa equipe não durou muito. Já em 2009 o desenho passou para a mão de Phil Jimenez e as cores para Frank D'Armata, o que deu uma melhorada na paleta de cores da revista.

Wolverine by Phil Jimenez

Em 2011 a equipe criativa literalmente foi "renovada". No roteiro entrou o jovem Daniel Way e no desenho Jason Pearson (com cores de Sonia Oback), que tem um traço mais cartunesco, mais "infantil". Apesar de eu achar meio estranho o Wolverine dele, gosto desse tipo de desenho. É bonito e agradável de ver. Ficaram por pouco tempo.

X-Men by Jordan Pearson

X-Men by Jordan Pearson

Também no mesmo ano teve Christos Gage no roteiro, Juan Bobillo no desenho e Chris Sotomayor nas cores e, olha, os personagens ficaram hor-rí-veis. Bem tosquinhos. É até estranho que um título tão importante quanto os X-Men aceite este tipo de arte.

X-Men by Juan Bobillo

X-Men by Juan Bobillo

Sério, olha como a Kitty Pryde tá esquisita.

Kitty Pryde by Juan Bobillo

Depois vieram Nick Bradshaw (desenho) e Rachelle Rosenberg (cores), com roteiro de Daniel Way. Eles seguem com a tendência de arte infantil e cartunesca. O interessante é que a personagem Armor tem recebido gradativamente mais atenção ao longo da série e evoluiu seus poderes a ponto de produzir uma armadura gigante, então ela se torna a tank da equipe, a personagem com maior poder defensivo, tanto que consegue até envolver o jato dos X-Men com sua armadura.

X-Men by Nick Bradshaw

X-Men by Nick Bradshaw

E 2011 foi um ano com muita troca de equipes. No finalzinho entrou James Asmus no roteiro, David Yardin no desenho com cores de Gabriel Hernandez. 2012 começou com Greg Pak, Mike McKone e Rachelle Rosemberg. Aí rola uma história meio Matrix, meio Rick and Morty, com um vilão aprisionando mutantes de vários mundos do multiverso pra usá-los como fonte de energia. Ah, e tem uma versão paralela do Wolverine estilo western. Mas acho que foi uma história contada de uma forma muito apressada e ficou mal explorada.

X-Men by Mike McKone

Wolverine by Mike McKone

Depois vêm Marjorie Liu, Mike Perkins e Andy Troy. A essa altura o grupo original já foi bastante dividido. Fera mudou para os Vingadores e Wolverine assumiu uma equipe com Homem de Gelo, Gambit, Estrela Polar e vários outros. Essa equipe criativa seguiu até o encerramento da revista em outubro de 2013.

Enfim, na minha humilde opinião, a melhor fase dessa revista que durou dez anos foi o começo mesmo, com Joss Whedon. Começou devagar, mas ele evoluiu a história até uma saga espacial terminando com o sacrifício heroico fodástico da Kitty Pryde. O Warren Ellis também escreveu uma boa saga com base nas caixas-fantasma (que abrem portais no multiverso) e o que veio depois foram só histórias aleatórias e até entediantes.

Sobre os volumes 1 e 2, lançados respectivamente em 1995 e 1999, comentei em outro post (aqui).

Quanto à fase Whedon/Cassaday, foi feita também uma adaptação da revista em forma de animação na antologia Marvel Knights. Comentei sobre essa série em outro post (aqui).

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