A cena da silhueta de bicicleta voadora tendo a lua ao fundo se tornou icônica. |
Na minha mais distante lembrança de infância, creio que E.T. (1982) foi o primeiro filme alugado em locadora que assisti, ainda nos tempos do velho video K-7. Também lembro de um amiguinho da vizinhança que tinha um boneco do ET, com uma luzinha led piscando na ponta do dedo.
ET marcou uma geração e foi inovador. Até então, desde o início do cinema, os alienígenas sempre foram representados como hostis, invasores. A Guerra dos Mundos era o padrão para este gênero. Eis que o Spielberg vem com uma história infantil mostrando um alien não só inofensivo como indefeso, tão indefeso que precisava do cuidado de uma criança.
Uma das primeiras aparições da Drew Barrymore nas telas. |
O ET era um alien representado como um pet, uma criaturinha fofa (embora ele seja bem feio), enquanto os verdadeiros vilões eram os intolerantes humanos adultos que queriam aprisionar e dissecar a criatura. Spielberg, portanto, quebrou o paradigma do alien malvado e nos fez ter empatia por este ser estranho.
Pensando desta forma, este filme não só foi inovador nos anos 80 quanto será emblemático no futuro, caso algum dia venhamos a ter contato com civilizações alienígenas. Quando ou se este dia chegar, provavelmente uma parte da humanidade vai rejeitar a convivência com esta nova espécie, haverá o preconceito contra alienígenas.
A humanização do alien. |
Afinal, o preconceito é um mecanismo irracional de defesa tribal. Compreensível, em termos evolutivos e de instinto primitivo de sobrevivência, mas obsoleto em uma sociedade civilizada.
Antes do E.T., em 1977, o mesmo diretor já havia lançado o Contatos Imediatos do Terceiro Grau que também mostrava aliens amistosos, porém com um certo ar de transcendência, enquanto o alienzinho de E.T. é "humanizado", transformado numa criança perdida que apenas quer voltar pra casa.
Não que Spielberg tenha sido o primeiro a trazer esta ideia de tolerância interplanetária. Star Trek, desde sua primeira série, sempre abordou várias situações diplomáticas entre humanos e alienígenas das mais diversas espécies, promovendo uma filofosia pacifista e multicultural em nível cósmico. Spielberg obviamente bebeu desta fonte.
A influência do E.T. na cultura pop fez com que, alguns anos depois, surgisse até uma sitcom tendo como protagonista um alien pet, fofo, bem humorado e meio sacana. Alf (1986-1990), no Brasil ganhou o nome de Alf, o ETeimoso, uma tradução criativa e meio zoada que só a TV brasileira sabe fazer.
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