Ready Player One (2018)¹ impressionou pelo spam de efeitos especiais e referências da cultura nerd, mas há um detalhe neste mundo futurista do Spielberg que pode ser profético: uma espécie de lobby universal de jogos.
Muitos jogos multiplayer têm um lobby, que é como uma sala de espera onde os jogadores se reúnem antes das partidas. Em Ready Player One, os jogadores se conectam em uma espécie de mundo virtual habitado pelos vários avatares dos usuários e a partir deste mundo é possível entrar em vários jogos. Logo, é como se fosse um lobby universal que dá acesso a toda a biblioteca de jogos da internet, unificando o mundo dos games.
Hoje o que temos mais próximo disso são as lojas, como Steam, Epic, Microsoft Store, etc. Ao logar em uma loja por meio de sua conta de usuário, que já é uma espécie de avatar, você tem acesso a toda a biblioteca daquele site.
É provável que no futuro tais lojas ganhem um ambiente de VR mais imersivo, de modo que antes mesmo de iniciar algum jogo você já se sente dentro de um mundo virtual. Neste mundo você poderá interagir com seus amigos, formar grupos para entrar em algum jogo, enfim, recursos que já existem em muitas destas lojas, porém serão turbinados com a experiência 3D e quase táctil do VR.
Aí quem sabe, por meio de parcerias entre as lojas, pode acontecer o merge ou a interligação entre estes lobbys virtuais, de modo que os jogadores vão interagir entre as lojas, que serão como cidades internéticas cheias de portais para acesso aos jogos.
Talvez alguma empresa venha com um recurso para realizar esta unificação, permitindo que você tenha um avatar universal, usado nas diversas plataformas, acumulando pontos, conquistas, até algum tipo de moeda virtual, como acontece no filme.
A coisa pode ir além dos jogos e também envolver lojas de quaisquer produtos, bem como empresas. Assim surge o cidadão virtual, um avatar por meio do qual você realizará atividade diversas, desde o lazer até o trabalho, estudo e atividade em redes sociais.
É algo fascinante e ao mesmo tempo assustador, meio Matrix, meio Black Mirror. Levando em conta que os robôs e a inteligência artificial vão substituir os humanos em muitas tarefas no mundo real, é no mundo virtual que as pessoas vão encontrar a sua ocupação, em novas atividades e carreiras que surgirão com o florescimento deste novo mundo. Pensando desta forma, será uma solução para o problema do ócio que será trazido pela automação.
Olhando para o lado sombrio da coisa, a privacidade será ainda mais rara, uma vez que as pessoas passarão boa parte da vida neste mundo internético, jogando, trabalhando, estudando e até se relacionando, e toda esta atividade estará registrada e será usada pelos algoritmos para fins diversos.
Este futuro, previsto por Spielberg, parece certo de acontecer. Só não dá para determinar ainda quando chegaremos a este nível.
Notas:
Nenhum comentário:
Postar um comentário