Numa comparação entre Street Fighter II (da Nintendo) e Pit Fighter (da Sega) dá pra ver como SF se destacava pela riqueza de cores e detalhes. Até a textura do piso era mais caprichada. |
Street Fighter é provavelmente o jogo que mais me marcou na infância. Na época, era um programão de crianças como eu ir no fim de semana em uma locadora de jogos onde tinha várias TVs com seus Super Nintendos e Mega Drives. Foi a era do Sonic, do Super Mario, do Streets of Rage.
Streets of Rage também me marcou muito. Era divertidíssimo e dava pra jogar em dupla, o que ficava ainda mais interessante. Mas aí chegou esse jogo com um visual diferente. Todo mundo parava pra ficar olhando a tela do carinha que alugava o Street Fighter II.
A impressão que o jogo causou é difícil de descrever hoje, porque já estamos muito acostumados a ver dia após dia jogos novos com melhorias gráficas, mais cores, mais texturas, mais realismo, ray tracing, etc. Naquela época, tudo era pixelado e simples e hoje em dia, se olharmos pro SF II, não parece diferente, mas era diferente.
Com o Street Fighter a Nintendo deu uma turbinada nos gráficos e, em relação a outros jogos da época, o SF era mais colorido, além disso, o estilo da arte se assemelhava mais a um desenho animado e bem detalhista. Até as roupas dos personagens têm sombras nas dobras e o piso do cenário tem texturas. Também comparado a outros jogos de luta da época, os personagens são maiores, ocupam quase a metade da altura da tela.
A jogabilidade e a variedade de personagens e habilidades, a diversidade de estilos, as mecânicas, tudo isto contribuiu para fazer de SF II um jogo marcante, mas o próprio visual já era o grande cartão de visita.
"Mas pra você que gosta de navegar no site/ eu vou apresentar a dança do Street Fighter". |
E a Nintendo não parou por aí. Tratou de desenvolver um lore para aquele mundo, criar um streetfighterverso. Isto aconteceu tanto ingame quanto no lançamento de animes e até live actions.
Street Fighter é um game que teve muitos lançamentos e que confunde a nossa cabeça com tantos títulos e numerações. O SF I (1987) pouca gente jogou de fato, pois o sucesso mesmo veio no SF II (1991) e foi a partir daí que explodiu o número de versões e começou a confusão dos títulos, pois tem o SF II Champion Edition, o SF II Turbo, o Super SF II, o Super SF II Turbo e por aí vai, até que chegamos ao mais recente SF V (2016). Desde então a coisa esfriou, pois já fazem cinco anos desde este último lançamento e não surgiu nenhuma variante tipo Super SF V ou Ultra SF V. No IV ainda teve algumas.
Sem contar as versões não oficiais, piratas mesmo, que subvertiam as regras do jogo, permitiam combos absurdos e várias jogadas apelativas, liberaram os bosses entre os personagens jogáveis, adicionaram novas cores às skins dos personagens.
Esta confusão nos títulos aconteceu até nos filmes. O primeiro e icônico filme animado foi o Street Fighter II: The Animated Movie (1994), mas bem melhor foi a série Street Fighter II: V, que veio entre 1995 e 1998, com 29 episódios. Era o bom e velho anime, tanto nos traços quanto no estilo de narrativa, com as lentas e dramáticas cenas de luta.
Momento de broderagem entre Ryu e Ken. |
O fan service foi garantido ao longo dos episódios, pois encontramos diversos dos personagens do jogo bem semelhantes na aparência original e até performando alguns dos golpes especiais. Logo no começo, por exemplo, já vemos o Guile dando seu salto giratório e o Zanguief fazendo seu temido pilão.
O momento mais memorável, porém, é a looonga cena do Ryu aprendendo a soltar seu primeiro hadouken, ao som de uma dramática e empolgante música que ficou conhecida como a "música do hadouken". Simultaneamente, o Ken aprende a soltar seu shoryuken, em contra-ataque ao golpe aéreo do Vega (ou Balrog, dependendo da tradução). É uma cena pra assistir levantando ferro na academia.
Esta sequência faz um grande combo de fan service, pois, além de apresentar ao mesmo tempo o golpe mais característico do Ryu (o hadouken) e do Ken (o shoryuken), também recria uma jogada que era inesquecível entre os jogadores de SF naquela época.
Quando o Vega subia na grade do cenário e saltava para fora da tela, dando seu gritinho, era um momento desesperador, pois a maioria dos personagens não tinha um golpe capaz de rebater este ataque que vinha de cima. Eis por que o shoryuken fazia de Ryu e Ken os personagens mais completos do jogo, pois, além de serem bons no melee, nos agarrões e ataque à distância, ainda tinham este ataque vertical que rebatia voadoras e era perfeito contra o golpe do Vega (o único personagem que tinha um golpe comparável era o Guile, mas havia o problema de requerer dois segundos de espera para ser acionado, enquanto o shoryuken era instantâneo e podia ser spamado).
Enfim, no anime é recriada a situação em que Vega faz seu ataque aéreo e é neste momento que Ken solta um belo shoryuken, igualzinho ao jogo. O fan service estava feito com sucesso. Além disto, a trama se encaminha para o encontro final com o boss, o Mr. Bison, assim como no jogo.
Chun-Li num momento de lazer jogando sinuca. |
Esse golpe não tem nos jogos. |
Também entre 1995 e 1997 teve outra série animada, a Street Fighter - The Animated Series, que tem um traço mais americanizado, parecido com o da série dos X-Men daquela época. Uma novidade em relação à outra série é que nesta tem a presença do brasileiro Blanka.
O famoso pilão. |
Dan, a versão galhofa do Ryu. |
O segundo filme animado é ora chamado de Street Figther Alpha: The Movie, ora é Street Fighter Zero: The Animation. Foi originalmente lançado em 1999. O desenho tem um traço bem agradável.
Em 2005 veio o Street Fighter Alpha: Generations que era um anime curtinho de uns 40 minutos, voltado a contar a origem do Akuma e seu confronto com o Ryu. O estilo do traço é beeem diferente da série anterior e não criou uma caracterização satisfatória da aparência dos personagens.
Ming-Na (sim, aquela de Agents of SHIELD) como Chun-Li. |
Raúl Juliá, como Mr. Bison depois da gripe. |
Quanto aos live actions, em 1994 veio o primeiro que, na época, gerou bastante hype. Afinal era uma adaptação para o cinema de um jogo de muito sucesso e tinha o Van Damme (um francês interpretando o americano Guile), famosíssimo nos filmes de ação.
Ok, foi uma escolha estranha do ponto de vista de caracterização, mas Van Damme era o cara e iria atrair público. Mais estranho ainda foi colocarem o magrelo Raúl Juliá como Bison.
"Somebody saaave meee!" |
Street Fighter: A Lenda de Chun-Li (2009) é um live action que surfou na onda da popularidade da Kristin Kreuk, uma atriz canadense com traços asiáticos que estava em alta por causa da série Smallville. É um spin-off bem ruinzinho, mas valeu a iniciativa de ter dado um filme solo pra Chun-Li.
E pra quem acha que só a Chun-Li foi vítima de um filme paia, os grandes protagonistas da franquia, Ryu e Ken, também tiveram um filme, o Street Fighter: Assassins Fist (2014), que consegue ser tão ruim quanto, mas, novamente, valeu a intenção de terem levado para as telas uma história da origem destes dois guerreiros, com direito à presença do Akuma como antagonista. Pena que a clássica luta do Ryu contra o Sagat ficou só na menção.
"Dá haduken, Ryu!" |
Nenhum comentário:
Postar um comentário