Nenhuma rede de TV produziu mais séries de super-heróis do que a CW. Já em 2001 ela fez um sucesso que durou uma década de temporadas, com Smallville. Em 2012, teve início todo um novo universo da DC a partir da série do Arrow (2012-2020)¹, daí ficar conhecido como arrowverso.
Me perdoe o Keanu Reeves, mas este Constantine da série é bem mais fiel ao personagem. |
O arrowverso foi se expandindo com séries de outros personagens, como o Flash (2014-)², Supergirl (2015-)³, que originalmente era da CBS, mas foi absorvida pela CW, também o Constantine, que começou na NBC em 2014 e teve a série cancelada, foi adotado no arrowverso se tornando presença fixa em Legends of Tomorrow (2016-)⁴. Também em 2019 veio a série da Batwoman e agora em 2021, Superman & Lois.
O núcleo desse universo da CW gira em torno do Arqueiro Verde, Flash, Supergirl e os Legends, tanto que rolaram vários crossovers importantes entre eles, verdadeiras sagas que começavam em uma série e se desenrolavam em outras, bem ao estilo das sagas dos quadrinhos. A CW fez nas séries o que a Marvel/Disney fez no cinema: desenvolveu um mundo interligado, com histórias que se complementavam.
De fato, o universo CW, ou arrowverso, foi muito além do MCU, pois se tornou um verdadeiro multiverso (algo que o MCU só agora está desenvolvendo em séries como Loki e WandaVision), trazendo surpreendentes participações de antigos personagens, antigas versões, como o Flash dos anos 90, o Superman de Smallville e tantos outros fan services foram feitos neste divertido e vasto mundo.
Além do núcleo, outras séries foram lançadas de forma mais isolada e quase sem crossover. A iZombie (2015-2019), por exemplo, não teve nenhuma aparição nas outras séries, mesmo sendo da CW, e o Black Lightning (2018-2021)⁵ só apareceu no grande crossover da Crise nas Infinitas Terras. Na Crise também surgiu uma personagem que foi apresentada como de um universo diferente do Arrow, a Stargirl, que então ganhou a sua própria série lançada em 2020⁶.
A produção de séries da DC na última década foi vastíssima, indo além da CW. A DC Universe⁷, por exemplo, lançou as séries dos Titans (2018)⁸, Swamp Thing (2019) e Doom Patrol (2019)⁹. A AMC lançou a sombria e adulta Preacher (2016-2019), que trouxe para as telas um personagem do selo Vertigo. A Fox lançou outro personagem da Vertigo, Lucifer (2016-2021)¹⁰, que depois foi adotado pela Netflix. Aliás, iZombie também é da Vertigo, bem como Swamp Thing e Sweet Tooth, lançada agora em 2021 pela Netflix.
A série do Swamp Thing é fraquinha, mas a cena da dissecação é bem legal. |
Sobre Swamp Thing, foi de todas a série mais voltada ao terror puro, com direito a cenas gore e até o próprio Monstro do Pântano sendo dissecado por um cientista louco. Foi lançada como uma das primeiras séries originais da DC Universe, mas foi cancelada já na primeira temporada.
Toda a ambientação de Swamp Thing é sombria e esverdeada, bem como o próprio filtro de tela, de modo que é a mais verde das séries da DC, fazendo jus à curiosa paixão que a DC tem pela cor verde, sobre a qual falei em outro post¹¹. Um detalhe curioso é a presença no elenco de Ian Ziering, o ilustre protagonista da série de filmes Sharknado.
Além da Batwoman, o Batman também teve seu nicho com a série Gotham (2014-2019)¹², que mostra a infância do Bruce Wayne e o surgimento dos primeiros vilões clássicos. Temos até uma série solo do mordomo Alfred, a indie Pennyworth (2019-), lançada no canal Epix.
Pennyworth tem um estilo bem peculiar. Evita superpoderes, uniformes ou mesmo lutas coreografadas. Quando há cenas de confronto, são bem cruas, bem humanas e em alguns momentos chegam ao nível do gore.
O jovem Alfred também não é flor que se cheire e não se parece com o pacato mordomo do Bruce Wayne. Ele tem até algo de psicopata, pois quando precisa recorrer à violência e mesmo matar pessoas ele faz sem hesitar.
Somos apresentados também aos jovens Thomas Wayne e Martha, antes mesmo de se casarem. Também eram pessoas bem problemáticas. Outro personagem curioso é ninguém menos que o bruxo Aleister Crowley que gosta de organizar surubas na alta sociedade.
Quando a Amazon lançou o Prime Channels¹³, cheguei a experimentar, assinando um mês de Starzplay pra ver uns exclusivos como a ótima The Act (2019)¹⁴ e a também ótima série mais recente de Os Miseráveis (2018-2019)¹⁵, bem como de O Nome da Rosa.
Aí no pacote também estava essa série do Alfred, de modo que vi a primeira temporada. Diferente das outras séries da DC, Pennyworth se passa inicialmente na Inglaterra, com o sotaque e o peculiar sarcasmo britânico, de modo que é bem ambientada para o personagem em sua origem.
Do lado do Superman, temos a já mencionada Superman & Lois, bem como Krypton (2018-2019)¹⁶, produzida pela Syfy e com uma pegada mais, obviamente, sci-fi. Krypton contou com a ilustre participação do motoqueiro espacial Lobo. De toda forma, a série não vingou.
Também em 2017 tivemos uma breve, porém excelente série de comédia Powerless, que tinha uma abordagem mais satírica do mundo dos super-heróis. Pena que foi cancelada.
Todas estas séries, especialmente as do arrowverso, pintaram um grande quadro do mundo da DC, enquanto no cinema o snyderverso deu apenas algumas pinceladas. Nem mencionamos as séries animadas, que apresentam ainda outro vasto acervo de conteúdo.
O arrowverso deu uma esfriada, já passou por sua era dourada e suas grandes sagas e muitas de suas séries estão na fase final, mas a produção de novas séries deve continuar a todo vapor, ainda mais agora que a DC tem o HBO Max como uma grande plataforma de divulgação e que, seguindo o exemplo da Netflix, vai investir muito em séries originais para ter conteúdo a oferecer aos assinantes. Assim esperamos.
Notas:
7: A DC Universe pretendia ser um serviço de streaming para originais da DC, mas o projeto acabou sendo absorvido pelo HBO Max.
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