Invincible é um caso de uma série dos quadrinhos que ninguém conhecia, que nunca fez um grande sucesso por anos ou décadas e de repente estourou através de uma adaptação audiovisual. Foi assim, por exemplo, com Guardiões da Galáxia. Quem eram os Guardiões da Galáxia antes dos filmes?
Invincible começou a ser publicada pela Image Comics em 2003, no mesmo ano de The Walking Dead, ambos obras de Robert Kirkman. The Walking Dead ganhou uma série de TV 7 anos depois e virou um dos maiores sucessos em termos de séries. Enquanto isso Invincible seguiu desconhecida da maioria.
Eis que, quase duas décadas desde o surgimento da série em quadrinhos, a Amazon lançou uma adaptação na forma de desenho animado e o sucesso foi instantâneo.
É a partir dessa cena que a série ganha a sua atenção e você não consegue tirar os olhos da tela. |
A fórmula é semelhante à de The Boys e outras tantas obras que desconstroem o gênero, parodiando a Liga da Justiça e adotando um teor mais violento. Até aí nada de novo. O estilo do desenho animado é curiosamente antiquado e "feio", lembrando os desenhos de heróis dos anos 90, mas isto parece intencional, pois existe outro elemento que cria um contraste com o visual infantil da animação: o gore. Muuuito gore.
A verdade é que, se não fosse essa violência bruta jogada na nossa cara, a série animada nem chamaria atenção. O enredo é bem simples e o protagonista é um adolescente desinteressante. Eis, porém, que tem aquela bendita cena do fim do primeiro episódio. Essa cena é o big deal, é a droga pesada que foi oferecida á quem assiste, criando um vício instantâneo.
É o chamado cliffhanger, um recurso narrativo em que o final de um capítulo nos surpreende com uma cena muito marcante e que cria uma curiosidade sobre o que virá depois disso. Esse cliffhanger de Invincible foi uma jogada de mestre dos roteiristas.
A essa altura esta cena já é bastante comentada, então aqui vai o spoiler: nesse primeiro episódio, somos apresentados a uma equipe que parece ser uma espécie de Liga da Justica. São os caras mais fodões daquele mundo. Eis que do nada o Omni-Man, que é uma espécie de Superman da equipe, ataca o grupo inteiro e os mata um por um. A animação muda de seu estilo infantil e insosso para um detalhismo impressionante em termos de violência explícita.
Um exemplo do detalhismo da animação: neste breve frame, quando um transeunte é morto, podemos ver em detalhes as entranhas, ossos, a pele rasgada... |
Após esta chocante cena, você passa a esperar que isso se repita ao longo da série e a promessa é cumprida. A animação não poupa detalhes nas cenas de violência e você literalmente vê tripas e cérebros voando, fraturas expostas e muito, muito sangue. Nenhuma animação de super heróis antes teve essa ousadia.
O curioso é que o Omni-Man é um personagem carismático. Com a ótima dublagem do J. K. Simmons e um jeitão do Tom Selleck, ele à primeira vista parece um cara confiável, um paizão de família, etc. O imenso poder dele e a virilidade impressionam. É um "homão da porra". Mas aí se revela um fascista desgraçado da cabeça. E mesmo depois dessa reviravolta a gente ainda torce pra que ele se redima, pois há um desenrolar cativante do seu drama de pai e filho.
Enfim, este é o segredo do sucesso de Invincible. É apelativo, eu sei, mas é algo novo e é interessante para quem curte violência explícita. A trama também traz um mistério sobre os planos do Omni-Man que estimula o público a acompanhar a história.
Tom Selleck, também conhecido como Homão-Man. |
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