Depois de reinar no ramo da semiótica e ficar mundialmente famoso com O Nome da Rosa, Umberto Eco deixa as línguas e a Idade Média para escrever um romance autobiográfico. O romance é meio que um diário sobre uma doença de Alzheimer modificada: ele relata como esqueceu apenas as lembranças ligadas às suas emoções. Todo o resto ele lembrava de cor.
Começa, então, toda a redescoberta do mundo, como numa reconstrução do presente e, no meio destas experiências, muita filosofia sobre o que é a lembrança, o que é o tempo e demais temas agostinianos. Ele não economiza na hora de gabar o Agostinho.
O personagem é rico e culto. Escritor, alto nível acadêmico, biblioteca de 50 mil livros e tão bem de vida que, ao voltar do hospital, pode se dar ao luxo de passar dias passeando pela casa e se balançando numa cadeira. Ele fica saboreando as coisas triviais, descobrindo o som das páginas dos livros e devaneando com a esposa psicóloga.
Eco é antes de tudo um bibliófilo e seu romance tem as páginas recheadas com quilos de citações de poemas, filósofos e romances em várias línguas, algo que ele já fazia n'O Nome da Rosa. O mongue Guilherme era viciado em literatura e quase morreu para salvar livros de um incêndio. Literatura é a obsessão desse literato. Ele não fica só nos filósofos e clássicos, mas também envereda pela história em quadrinhos.
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