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O dia em que joguei Second Life

Second Life

Na época em que surgiu o Second Life (2003), foi uma sensação. Virou notícia até na mídia mainstream e todo mundo ficava "Oooh, é um mundo virtual, tem ilhas, casas, tem até moeda própria!". 

O negócio parecia tão promissor que tinha até gente fazendo fortuna vendendo terrenos dentro do mundo virtual. Era o começo do século XXI e estávamos encantados e esperançosos com a ideia do surgimento de uma Matrix, uma realidade virtual 3D que realmente passasse a impressão de estarmos vivendo em uma "segunda vida".

Até hoje esse tipo de realidade ainda está longe de se concretizar e nossas experiências com VR e 3D ainda são bem limitadas, imagina no começo dos anos 2000. Bom, lembro de ter experimentado (ou tentado experimentar) esse jogo há uns dez anos. O que me impediu de prosseguir foi a limitação do meu computador, um Celeron com 1 Gb de memória ou talvez nem isso. Mal consegui carregar o ambiente e dar um passeio, então desisti da experiência.

Agora, dez anos depois, eu vinha me deparando com frequentes ads do Second Life na internet. Provavelmente por causa destes tempos de quarentena, os desenvolvedores viram uma oportunidade de atrair público novo e entediado disposto a experimentar uma realidade virtual enquanto não pode sair de casa.

Resolvi então ver como estava esse velho jogo e baixei. Minha primeira surpresa foi ver que ele não baixa um instalador com algumas dezenas de Gigabytes. É apenas um launcher para um browser game. Ou seja, o conteúdo do jogo, os mapas, texturas, etc, vão sendo baixados à medida que você explora o mundo, o que faz com que ele seja pessimamente otimizado.

Ao logar no mundo, notei de cara que o visual está bem datado. Parece que pouco mudou nos últimos dez ou vinte anos. Os bonecos, o cenário, tudo parece ter parado no tempo, com um visual tosco e ultrapassado. Mesmo assim, o troço pesa e tem uma grande queda de FPS. Além de feio é mal otimizado.

Não vi muita gente nas áreas iniciais de tutorial. Dali fui até a primeira ilha onde já é possível socializar e entrei em um portal para um museu de arte, que é uma ideia interessante. Dei um passeio pelos corredores vendo as pinturas nas paredes e considerei encerrada minha experiência.

O problema pra mim foi a otimização. Como um jogo tão tosco pode ser tão pesado? Além disso os controles são ruins. A movimentação do personagem é lenta e sem fluidez e os comandos são mais complicados do que deveriam. Para controlar a visão da câmera, por exemplo, é preciso segurar Ctrl + Alt + botão esquerdo do mouse. Hoje em dia as câmeras em jogos 3D são tão mais intuitivas.

Na página de gerenciamento da conta, fiquei impressionado com o mapa. É realmente enorme e denso, cheio de coisas para explorar. Os vinte anos de existência deste mundo permitiram esta expansão fabulosa. Pena que é um mundo imenso, mas tosco, que não passou por updates gráficos.

Second Life surgiu com uma proposta precoce, uma promessa de criação de mundo aberto 3D onde as pessoas podem viver por meio de seus bonequinhos. Hoje em dia já existem tantos jogos que permitem isso e quem gosta de praticar um role play pode fazer isso no GTA com muito mais fluidez.

Second Life é o pioneiro que foi superado por seus sucessores. Mundos virtuais hoje são bastante comuns. Qualquer jogo multiplayer oferece um pouco dessa experiência. Daqui a uns dez anos, com a ajuda das tecnologias de VR e realidade aumentada, vastos e surpreendentes mundos virtuais virão, quando aí sim começaremos a ter a experiência que foi prometida, mas nunca suficientemente cumprida, no Second Life. 

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