Scissor Seven, um ótimo anime chinês

Galinhas e outros bichos que lutam artes marciais, um cabeleireiro que usa a tesoura também como arma, um pintinho que se transforma em um fisiculturista de sunga... Estas e outras loucuras fazem de Scissor Seven um desenho bem peculiar.

As classes de personagens.

Lembro exatamente quando conheci a série. Estava assistindo a uma live do Jovem Nerd e ele leu a mensagem de algum seguidor recomendando o desenho e dizendo que era uma espécie de "Rick and Morty chinês". Resolvi então conferir.

A primeira impressão foi decepcionante. Acontece que comecei a assistir com esta expectativa errada de que seria um novo "Rick and Morty". De vez em quando surge uma animação com essa ousada intenção de ser algo parecido com Rick and Morty e sempre falham. Ver, por exemplo, Final Space (resenha aqui).

O pinto fisiculturista.

Não subestime o poder do pinto.

Só que Scissor Seven não tem nada a ver com isso. Não é um desenho sci-fi, muito menos cósmico. Não sei de onde alguém tiraria a ideia de assemelhar os dois desenhos. Superei essa decepção (que não foi culpa do desenho, mas do cara que indicou), mas ainda não me dei bem com os primeiros episódios.

A história começa bem morna e mais voltada ao humor, só que um humor bem infantil, sem nenhuma ousadia, e as cenas de ação no início também são pouco interessantes. Até pensei em dropar e resolvi fazer isso após concluir a primeira temporada.

O vilão misterioso e bonitão.

Aconteceu então que de repente a série foi evoluindo quando começou a contar as histórias de cada personagem, histórias bem empolgantes, tocantes, algumas até me deixaram com os olhos marejados. E olha que mal tive tempo de me apegar aos personagens. De alguma forma o desenho conseguiu ser sucinto, mas ainda assim cheio de vida e conteúdo.

Uma briga de galo de outro nível.

A fuga das galinhas.

Cada episódio mal chega a durar 15 minutos e ainda assim consegue desenrolar muito bem uma trama, completando as pontas deixadas nos anteriores e deixando novas pontas para os próximos. O protagonista, Seven, foi se mostrando ao mesmo tempo um palhaço e um badass (pois ele tem dupla personalidade) e todos os outros têm também seu lado badass e seus dramas.

A mitologia daquele mundo foi ganhando corpo, quando vemos que há três classes de personagens: o povo comum, o povo de uma nação tecnológica, que usa armas futuristas e robôs, e o povo das artes marciais. É como uma versão simplificada das aldeias de Naruto.

O cão roqueiro.

Rasengan?

Enfim, só sei que cheguei ao final da segunda temporada querendo mais. Em 24 episódios se desenvolveu um universo que mistura fantasia, sci-fi e artes marciais com uma variedade de personagens bem peculiares, incluindo animais falantes.

A shipp do protagonista.

O tom do desenho (que pode ser considerado um anime) varia da galhofa a momentos dramáticos e estas mudanças de humor são bem aleatórias. Às vezes vemos uma luta bem séria e de repente é intercalada por alguma situação nonsense e zoada, voltando depois à seriedade. É uma fórmula bem sui generis e que funciona.

A franquia surgiu na forma de manhua (a versão chinesa do mangá), sendo depois produzida em donghua (animação ou anime chinês) em 2018 e adotada pela Netflix em 2020. Foi, aliás, a primeira vez que assisti a um "anime chinês".

O casal com um passado dramático.