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Nem a Charlize Theron salva The Old Guard

Charlize Theron, The Old Guard (2020)

A Netflix tem tentado produzir seus próprios filmes de ação pra criar uma espécie de catálogo Sessão da Tarde. Já chamaram até o Michael Bay para o Esquadrão 6 (resenha aqui), que é até legalzinho, tem humor negro, muita ação e explosões, enfim, Michael Bay entrega seu produto básico, mas não é uma coisa tipo nooossa que filmão.

Depois veio Extraction (resenha aqui), que apostou na figura do Chris Hemsworth, além da direção de Sam Hargrave, que fez um grande trabalho no MCU com os dublês e cenas de ação. Extraction tem isso, umas boas cenas de luta que aspiram chegar aos pés do John Wick (mas não chegam). 

Agora em The Old Guard (2020) a aposta está nas costas da Charlize Theron, a Furiosa de Mad Max, a Atomic Blonde (resenha aqui). Ela é boa como personagem badass de ação, mas nem a presença dela conseguiu salvar esse filme horrível.

A direção ficou por conta de uma tal Gina Prince-Bythewood, que não tem lá muita experiência com filmes de ação e pancadaria (escreveu e dirigiu alguns romances e comédias adolescentes) e o resto do elenco é de atores iniciantes ou desconhecidos (afinal o orçamento do filme foi de 70 milhões e um bom pedaço deve ir pra Charlize), atores sem graça, que não convencem nas coreografias de ação e acabam atrapalhando a performance da própria Charlize.

O resultado é uma ação sem sal, monótona, repetitiva e a isso se soma a história mal contada desse grupo de pessoas especiais que têm o poder do Wolverine. São teoricamente imortais, já que contam com uma regeneração celular muito potente, e viveram na Terra por séculos, atravessando e participando da história. 

Só que não parecem ser isso. Não conseguem passar a grandiosidade e profundidade que estes poderes deveriam dar aos personagens. São apenas um bando de soldados que não transmitem a aura de velhice e sabedoria que deveriam ter.

Compare-se, por exemplo, com a Tilda Swinton e o Tom Hiddleston em Only Lovers Left Alive (2014) ou Tom Cruise e Brad Pitt em Entrevista com o Vampiro (1994). Personagens imortais emanam essa aura de velhice, de tédio existencial misturado a uma densidade de quem já viveu muito, sofreu muito e viu de tudo. Transmitir isto na atuação não é pra qualquer um.

O fato é que a trama toda do filme é desinteressante e vira só mais uma história de super-heróis levanto tiro e batendo em capangas. Nem vou falar do vilão, um nerdão caricato (o típico cientista nerd ambicioso e inescrupuloso) de olhos arregalados que morre de uma forma banal e previsível.  

Harry Melling, The Old Guard (2020)
O vilão nerdão.

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