Na primeira impressão, você não dá nada para The Expanse (2015-). Você pensa: "Ah, é só mais uma série genérica espacial da Syfy". Então ela te surpreende totalmente.
Baseada em uma série de livros de James S. A. Corey, a série é bem pé no chão, apesar de ser espacial (badumtss). O mundo futurista criado é verossímil, convincente. A história se passa 200 anos no futuro, quando o Sistema Solar já está colonizado pela humanidade e dividido em três potências políticas interplanetárias, sediadas na Terra, Marte e Lua.
Marte já está devidamente colonizada e conta com uma República fortemente militarizada. Além destes planetas, temos o cinturão de asteroides e as luas de Júpiter e Saturno que também contam com ocupações humanas, porém mais voltadas a instalações científicas e exploração de minérios.
No cinturão vivem os belters, trabalhadores que não têm cidadania nem terrestre nem marciana. São a classe marginalizada do Sistema Solar. Assim como a população de Marte, os belters também desenvolveram uma cultura própria.
Neste detalhe, aliás, a série caprichou em desenvolver a cultura belter. Eles têm até um dialeto próprio, com suas gírias e tudo. Já os marcianos parece que não evoluíram muito nesse aspecto e eles falam o mesmo inglês e com o mesmo sotaque dos terráqueos.
No começo, a série segue o estilo clássico do sci-fi noir, como Blade Runner e As Cavernas de Aço: temos um policial investigando crimes no cinturão de asteroides. É um começo modesto da história, uma simples investigação criminal, mas a coisa vai escalando quando o policial, Joe Miller (interpretado por Thomas Jane, o sósia do Christopher Lambert), descobre uma substância alienígena que parece ser uma arma de destruição em massa.
Miller acidentalmente se reúne com um grupo de pessoas que se tornam a equipe protagonista da série, viajando pelo espaço na nave com o cool e inesquecível nome Rocinante.
O estiloso policial Joe Miller. |
Já na segunda temporada eles se deparam com uma criatura alienígena, enfrentando-a e seguindo com a investigação. Descobrem que a tal substância é chamada de "protomolécula". Em meio a essa trama, há uma tensão crescente entre a Terra e Marte, à beira de uma guerra nuclear, mas calma que ainda tem mais.
Então chegamos ao final da terceira temporada quando acontece um evento de grandeza cósmica. A protomolécula evoluiu de tal forma que construiu por conta própria um portal interdimensional. Agora a Terra, Marte, a equipe da Rocinante e todos aventureiros do Sistema Solar seguem numa corrida do ouro para explorar o portal.
Na quarta temporada, porém, esse rumo da história dá uma esfriada. Era de se esperar que a coisa ganhasse uma proporção épica, uma vez que agora a humanidade está acessando um stargate para diversos mundos habitáveis através da galáxia, mas a temporada ficou focada nos conflitos de uma pequena comunidade que conseguiu colonizar um destes planetas.
Existem vários personagens interessantes na série, a começar do Joe Miller, com seu jeitão estiloso e um chapéu Fedora. O brucutu Amos é curiosamente o personagem mais complexo, tendo uma mistura paradoxal de sentimentos de empatia e psicopatia. O Comandante Klas, que aparece na quarta temporada, me pareceu uma figura bem marcante, com um jeitão de velho pirata espacial. E temos aquela atriz que marca pela sua voz rouca peculiar (uma Leda Nagle iraniana), a Shohreh Aghdashloo.
O sci-fi da série é bem sério, sem exageros. A forma como as naves se comportam no espaço, a ausência de som no vácuo, as armas e tecnologias futuristas parecem bem verossímeis, sendo apenas a protomolécula o elemento mais surreal daquele mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário