A ficção científica possui dois subgêneros que ficaram conhecidos na cultura nerd devido à sua estética peculiar: o cyberpunk e o steampunk.
Enquanto o cyberpunk é voltado para o futuro, desenhando um mundo de computadores, carros voadores e cidades cheias de neon, o steampunk é um "futurismo retrô", imaginando como seria o mundo se tivesse evoluído tecnologicamente baseado na tecnologia a vapor. Aí temos um cenário enfeitado com dirigíveis, trens e parafernálias mecânicas cheias de rodas dentadas.
Há ainda diversas variantes destes subgêneros, como é o caso do teslapunk. Basicamente, envolve um mundo cuja tecnologia se assemelha às invenções de Nikola Tesla, extrapoladas para um nível mais avançado e futurista. Assim é Bioshock Infinite (2013), que faz parte da trilogia Bioshock (2007) e Bioshock 2 (2010).
De cara, o que chama atenção em Infinite é a beleza dos cenários. Os desenvolvedores realmente capricharam na ambientação, criando um mundo fictício de cidades flutuantes entre as nuvens, povoada por dirigíveis e equipamentos retrofuturistas. Há uma bela paleta de cores pastéis que dão um ar idílico àquela sociedade aparentemente utópica.
Estas cores são contrastadas por outra ambientação noir que acontece nas cenas mais tensas do jogo, escalando até momentos de terror, quando os cenários são consumidos pela escala de cinza. Afinal, esta utopia é na verdade um mundo tirânico, uma distopia disfarçada ao estilo Brave New World.
O detalhismo dos cenários é tal que você pode sair passeando pelas ruas, interagir com os habitantes (praticamente todos os NPCs que povoam o jogo têm alguma reação à sua presença, podem te encarar, saudar, xingar ou conversar trivialidades) e apreciar o ambiente. Abaixo, por exemplo, temos uma amostra de pinturas que estavam expostas nas ruas de um cenário parisiense.
Bom, o jogo não se destaca só pelo visual. A história também é interessante, com elementos bem surreais e chegando a um clímax mindblow. A jogabilidade promete, mas poderia ser melhor. Tem um sistema legal de tiro que mistura o uso de armas retrô (pistolas, carabinas, metralhadoras com um visual vintage) e poderes mágicos que consomem uma espécie de mana e são úteis tanto para ataque quanto para lidar com obstáculos no cenário.
Também possui um sistema de hook de modo que você pode se pendurar em certos ganchos e até mesmo deslizar por trilhos suspensos nas cidades, o que acrescenta um elemento meio parkour ao jogo. Enfim, o combate é suficientemente versátil para ser divertido, com um probleminha que é o gerenciamento de munição e mana. É algo que você precisa ficar economizando e, mesmo farmando muito pra juntar dinheiro e munição, você consegue bem menos do que gostaria para ter uns bons momentos de combate.
O resultado dessa oferta magra de munição é que você vai ter que evitar alguns combates e simplesmente passar escondido ou correndo pelos inimigos, o que é um pouco frustrante. Por outro lado, isso é compensado com a ajuda da Elizabeth que de vez em quando joga suprimentos para você durante as batalhas.
E falemos da Elizabeth. Ela é com certeza a melhor coisa do jogo. Primeiro chama atenção pela beleza, como se fosse a gata misteriosa saída de alguma novela policial noir. Chama mais atenção ainda pela sua complexidade enquanto NPC. O comportamento dela é rico, variando em cada cenário e situação e respeitando o rumo da história.
Ao longo do jogo você verá Elizabeth desenvolvendo toda a gama de emoções: ora está descontraída e "aérea", ora está eufórica ou triste ou assustada ou até mesmo brava com você e evitando te olhar nos olhos. Ela desvia quando lhe apontam uma arma e em momentos de combate fica se escondendo pelo cenário (além de jogar suprimentos pra te ajudar). Quando você passa muito tempo explorando e farmando, ela muda a linguagem corporal, demonstrando claramente impaciência (cruza os braços, se encosta nas paredes, corre em direção ao objetivo do mapa tentando te levar junto).
Elizabeth é realmente impressionante enquanto NPC, além do fato de que toda a história do jogo gira em torno dela, de modo que é ela que enriquece a a história com sua tragédia pessoal.
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