Heróis surgem para motivar os povos e estes heróis são retratados na arte do povo. Os gregos tinham deuses, que eram personagens de poemas, de peças de teatro, épicos. Os norte-americanos criaram heróis por meio do cinema e dos quadrinhos. Esta é a semelhança entre Zeus, Apolo, Diana e Homem Aranha, Rambo, Mulher Maravilha. São todos heróis, têm capacidades sobre-humanas, ganham vida na arte.
Besouro foi um capoeirista, famoso na década de 1920, cuja habilidade fê-lo tornar-se um personagem folclórico. Dizia-se que era capaz de feitos fantásticos, como voar e ficar invisível na mata, e lutou para reduzir a discriminação contra os negros e contra as "coisas de negro", como a capoeira que era proibida mesmo após a abolição da escravatura.
No filme, ele vivencia o percurso bem emblemático de um herói mítico. Encontra-se com deuses, as divindades do candomblé que o consagram, lhe dão poderes e guiam sua jornada. Tem experiências de morte e ressurreição, de transformação, até alcançar a transcendência, um estado extra-humano. Por fim, torna-se um ícone, uma inspiração para o seu povo.
As cenas de luta do filme foram trabalhadas pelo mesmo coreógrafo de Kill Bill, Huen Chiu Ku. O ambiente da época dos coronéis e a fala dos personagens, com certa distinção no modo de falar dos escravos, dos mestiços capatazes e dos homens da classe alta, parece bem natural, não forçada nem caricata. Entre as divindades que ele encontra, há um destaque para Exu, um orixá dionisíaco, mais próximo da natureza humana que todos os outros.
Também, como é comum em histórias heroicas, Besouro reflete um ideal transumanista. Ele é um modelo de evolução humana, de transcendência. Começou como um capoeirista comum, mas foi progredindo até estágios sobre-humanos, até a divindade.
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