John Wick (2014) se tornou um clássico imediato do cinema de ação e um dos segredos do sucesso é a dupla Chad Stahelski e David Leitch. Ambos têm uma longa carreira como dublês, de modo que entendem perfeitamente como se fazem cenas de luta e ação.
Em John Wick, equipados com toda a experiência de dublês, conseguiram tomar a frente da obra, sendo Stahelski diretor e Leitch produtor. Dito isto, já é de se imaginar o que você verá em Atomic Blonde (2017), sabendo que foi dirigido por David Leitch. Pode-se dizer que ela é uma versão feminina do John Wick, guardadas as devidas proporções.
É inevitável fazer a comparação porque ambos os filmes compartilham de um mesmo criador, mas também porque John Wick já se tornou um novo paradigma e qualquer personagem do gênero será medido com essa régua.
A loira fatal de Atomic Blonde (obviamente um trocadilho com "atomic bomb"), vivida pela sempre badass Charlize Theron, é uma espiã nos tempos da Guerra Fria, lidando com outros espiões na dividida e caótica Berlim dos anos 80.
Aliás, é interessante notar essa moda oitentista que tem se intensificado nos últimos anos. Quando começou isto? Eu diria que foi em Guardiões da Galáxia, em 2014, que a coisa virou mainstean. O protagonista Peter Quill costumava ouvir uma fita k-7 com clássicos dos anos 80 e esta trilha sonora chamou bastante atenção, despertando sentimentos nostálgicos no público mais velho e curiosidade nos mais novos.
Aí veio StrangerThings (2016) que explorou bastante essa vibe anos 80, o filme do Joker (1919) se passou nessa época e até o próximo filme da Wonder Woman traz 1984 no título. Assim também é Atomic Blonde, só que abordando um aspecto mais sombrio e decadente daqueles anos. De certa forma, até John Wick tem uma estética oitentista com aqueles escritórios de computadores antigos e máquinas de datilografar.
Mas voltemos à comparação com John Wick. A Charlize não fica atrás do Keanu Reeves na execução das cenas de luta, só que sua personagem é mais realista e crua. Ela é um John Wick nerfado. As lutas são do tipo "luta feia". Ela bate, mas também apanha, tropeça, rola no chão com o inimigo, fica cansada, ofegante e no dia seguinte está toda cheia de hematomas.
O melhor desse filme são estas cenas de pancadaria sem efeitos especiais, sem truques de câmera. É uma briga de rua sem firulas, sem artes marciais, tosca e desajeitada como uma briga na vida real.
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