Qaligrafia
Séries, livros, games, filmes e eteceteras 🧙‍♂️

Sobre os muitos mundos

Nós experimentamos o mundo pela primeira vez através dos cinco sentidos. A função dos sentidos é captar fragmentos da teia quântica ou, em outros termos, da emanação de energia que há em todas as coisas e seres, então esta informação, levada pelos nervos de todo o corpo ao cérebro, é processada, interpretada e "renderizada" na forma do mundo. O mundo é aquilo que nossa mente revela.

Esta revelação, esta foto que tiramos do mundo, é armazenada na memória, mas, diferente de um armazenamento digital, em que os dados de um arquivo são mantidos intactos, a nossa memória está sempre editando a realidade, acrescentando ou removendo detalhes, sensações e, principalmente, o simbolismo de cada momento que recordamos. 

Podemos chamar a tal "realidade", o mundo concreto e feito de energia, como o "primeiro mundo" (segundo a nossa impressão, pois mesmo este mundo externo a nós pode ser o reflexo, a holografia de algum outro reino ou dimensão). Este mundo é bem vasto, pois consiste não apenas no universo, mas no multiverso e nas diversas dimensões físicas destes.

A percepção e interpretação desta realidade cria em nossa mente o "segundo mundo". A memória, por sua vez, cultiva um "terceiro mundo", que é a recordação do segundo mundo em constante alteração e recriação. 

Ao longo dos anos nossas memórias vão sofrendo sutis mudanças, de maneira que este terceiro mundo é bastante dinâmico e metamorfo. Nunca temos uma recordação idêntica a outra, pois a memória não consiste apenas em lembranças sensitivas da nossa percepção de momentos, mas também sentimentais e os sentimentos com que impregnamos as memórias alteram seu significado. Um evento que no passado nos fez chorar, no futuro pode nos fazer rir. 

Além destes três mundos, há um "quarto mundo", que é aquele que nossa mente deliberadamente cria por meio da imaginação e dos sonhos. O quarto mundo, embora seja criado com ideias e detalhes do primeiro mundo, como ingredientes e peças que usamos para montar nosso próprio quebra-cabeças, é uma realidade essencialmente de nossa autoria e única, o seu mundo particular. 

Criamos e recriamos versões deste quarto mundo todos os dias, quando imaginamos coisas, quando deliramos, quando sonhamos dormindo ou acordados, quando simulamos possíveis cenários, quando fazemos planos, quando contamos uma história e criamos universos e personagens.

Tendemos a achar que o quarto mundo é o menos real de todos, é ficção, é pura imaginação. Todavia, ao imaginar, ao criar algo neste mundo surreal, também podemos ocasionalmente plantar uma semente que vai ganhar vida no mundo concreto. Histórias outrora imaginadas podem ser proféticas e ganhar forma real no futuro. Como toda forma de energia, a imaginação também contribui para a transformação do primeiro mundo.

Os mais céticos e materialistas podem conceber a existência destes quatro mundos, mas eles se negam a reconhecer outro, um "quinto mundo" que só os místicos, os religiosos admitem. Trata-se do mundo sobrenatural, espiritual, uma realidade paralela à nossa e com a qual podemos ter contato por meio da alma, espírito, anima, mana, atma ou como queira chamar.

Para os céticos, o quinto mundo nada mais é do que parte do quarto mundo, uma criação imaginária. Todavia, eles ignoram as manifestações do quinto mundo na forma de fenômenos sobrenaturais, milagres, aparições, etc. Muitos destes fenômenos podem ser desmentidos, esclarecidos, analisados cientificamente, porém ainda restará uma realidade que simplesmente não pode ser explicada senão como sendo parte do quinto mundo. 

Uma forma de conciliar materialistas e espiritualistas nesta questão é identificar o quinto mundo como sendo outra ou outras dimensões da realidade física, portanto, algo que pertence ao primeiro mundo. É como uma versão da teoria dos deuses astronautas, porém identificando-os não apenas como aliens interestelares, mas também interdimensionais.

Eis que agora também estamos criando um "sexto mundo", o mundo virtual, digital, que é na verdade parte do primeiro mundo, é uma realidade concreta, feita de pixels, bits, imagem e som produzidos por um computador. 

Chegará um dia em que este sexto mundo terá uma conexão direta com nosso cérebro e então seremos capazes de transmitir, fazer um broadcast de nossa mente neste ambiente virtual, gravar nossos sonhos, delírios, as coisas que imaginamos e traduzir nossas experiências espirituais. 

O sexto mundo, portanto, será uma espécie de hipervia conectando todos os outros, um limbo interligando as várias dimensões de nossa mente. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário