O que acontece quando nós mudamos?
O eu antigo simplesmente desaparece?
Há um cemitério dos eus que nós já fomos?
Eles dissolvem-se? Eles desvanecem?
Se cada vez que em outro nos tornamos,
com o que fomos outrora o que acontece?
Suspeito eu que existe um recanto
no vasto mundo da alma que os recebe.
É como um Hades ou os Elísios Campos
onde nossos heróis e monstros adormecem.
Que multidão eu já guardei cá dentro.
Aposentei tantos eus, tantos momentos.
E este que sou agora, então penso,
quando será a vez do recolhimento?
O que é o eu senão uma multidão,
uma junção de diversos fragmentos?
A alma é sólida como a gravidade,
fragmentada e etérea como o tempo.
(10,12,2021)
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