O Paradoxo de Fermi levanta uma dúvida fundamental sobre o universo: levando em conta a probabilidade da existência de vida e de avançadas civilizações distribuídas nas galáxias, por que até hoje a humanidade nunca teve contato com nenhuma delas? Se estes povos são tão abundantes e se alguns deles evoluíram o suficiente para realizar a viagem interestelar, onde eles estão?
Há muitas maneiras de especular a respeito. Podemos dizer que os exploradores cósmicos mais próximos de nós ainda não se interessaram pela Terra e estão ocupados vagando por outros mundos; podemos dizer que os mesmos simplesmente não tiveram tempo de chegar aqui, pois mesmo a viagem à velocidade da luz levaria milhares de anos; podemos até dizer que eles na verdade já vieram ou já estão aqui, mas discretos, adotando o princípio diplomático da não interferência bem ao estilo Star Trek.
Na trilogia O Problema dos Três Corpos, de Cixin Liu, temos uma curiosa e assombrosa resposta para este paradoxo: o horror cósmico.
Nessa história, vemos que uma avançada civilização está vindo colonizar a Terra impedosamente, e a humanidade vai se dando conta de uma verdade cósmica: o universo é sim habitado por inúmeras civilizações e cada uma delas obviamente é guiada por uma fundamental motivação de sobreviver e se expandir.
Em certo ponto da história de uma civilização, ela terá de deixar seu exausto planeta natal e partir para a colonização. No caminho poderá se deparar com outros povos mais ou menos avançados e, no fim das contas, a fim de sobreviver, cada civilização deverá estar preparada para resistir aos invasores ou eliminar os habitantes resistentes do planeta que pretende colonizar.
A vida envolve comer ou ser comido. É assim no nível microcósmico, bem como no macrocósmico. Sendo assim, o universo pode ser visto como uma enorme floresta negra, onde os povos espreitam como feras ou como presas. As civilizações mais imaturas e ingênuas acabam mandando sinais ao espaço e revelando sua posição, atraindo os predadores, de modo que acabam sendo extintas. Ao longo das eras, vão restando as civilizações mais astutas que entendem esta realidade cruel do mundo.
Eis aí a explicação do Paradoxo de Fermi: não recebemos sinais dos aliens porque eles não querem ser descobertos. Alguns estão escondidos em seus sistemas solares, com medo de serem invadidos, outros estão em rota de invasão e colonização, como uma fera chegando silenciosamente perto da presa. Sendo assim, nós só conheceremos uma civilização alienígena quando for tarde demais, quando alguma frota de implacáveis colonizadores chegar aqui para nos expulsar deste mundo.
“The universe is a dark forest. Every civilization is an armed hunter stalking through the trees like a ghost, gently pushing aside branches that block the path and trying to tread without sound. Even breathing is done with care. The hunter has to be careful, because everywhere in the forest are stealthy hunters like him. If he finds other life—another hunter, an angel or a demon, a delicate infant or a tottering old man, a fairy or a demigod—there’s only one thing he can do: open fire and eliminate them. In this forest, hell is other people. An eternal threat that any life that exposes its own existence will be swiftly wiped out. This is the picture of cosmic civilization. It’s the explanation for the Fermi Paradox.” (The Dark Forest, Cixin Liu).
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