Em meio a um mercado de filmes e séries de super heróis dominado pela dupla Marvel/DC, é bom vez de vez em quando uma adaptação de obra de alguma outra editora. É o caso de Bloodshot, um personagem da Valiant Comics. Pena que, no fim das contas, este filme foi apenas mais do mesmo.
Vin Diesel fez fama e fortuna na franquia¹ Velozes e Furiosos² e entrou para a galeria de brucutus da qual já faziam parte Scwarza, Stallone, Van Damme, etc. Teve os filmes Triple X, onde ele pôde desenvolver sua brucutuzice, mas o seu auge em termos de filme de ação e super herói foi na franquia Riddick, uma obra-prima do gênero, eu diria.
Além destas três franquias, o Vin Diesel ainda teve sucesso em outro ramo, o da dublagem, encarnando, ou melhor, "emadeirando" no homem-planta Groot, com seu vozeirão gutural.
Aí eis que em Bloodshot ele entrou no full modo super herói de quadrinhos. Trata-se de um soldado que foi ressuscitado com tecnologia avançada, tendo seu corpo imbuído de robozinhos microscópicos, os famigerados nanitas que dão a ele super força e poder de regeneração.
É, nanitas estão longe de ser novidade na ficção científica e nos quadrinhos. Lá nos anos 90, o Doutor Destino de 2099 já usava esses bichinhos em seu corpo. Também é algo que se vê nos jogos Deus Ex, desde o início. É o tipo de tecnologia imaginada há décadas e que ainda estamos décadas distante da normalização.
Nanitas, próteses e augmentations já são elementos bem comuns no cyberpunk e no sci-fi em geral, mas, dependendo da forma como são explorados, podem se tornar interessantes. No caso de Bloodshot, nada se salva. É um filme genérico de ação e sci-fi, com uma historinha furada. Ora, quer dizer então que o dono de uma megaempresa de tecnologia resolve usar um projeto bilionário, manipulando a mente de um soldado ressuscitado pra matar seus antigos sócios? Não era mais fácil mandar um drone?
Anyway, tem algo interessante na história toda que, como em toda ficção, funciona como um alerta, uma profecia para um futuro próximo. O vilão usa a tecnologia dos nanitas para ter acesso à mente de Bloodshot, de modo que consegue editar suas memórias, criando memórias falsas e motivações falsas. Dá um medinho pensar que este tipo de tecnologia parece cada vez mais perto de se tornar real³.
Estamos entrando na era cyberpunk da humanidade, quando os gadgets implantados ou anexados ao corpo se tornarão cada vez mais comuns. Em breve veremos pessoas na rua com olhos biônicos, assim como já existem pessoas com braços e pernas biônicos.
Será algo fantástico, mas também vamos ficar cada vez mais dependentes das empresas de tecnologia. No filme, o vilão desliga o aparelho respiratório artificial da biônica KT, só pra mostrar que ele tem poder sobre a vida dela, já que ela tem no corpo um dispositivo da empresa. A dependência dos gadgets para a simples sobrevivência no futuro será a versão sci-fi da atual dependência de remédios.
Enfim, nada de novo neste filme. O próprio Bloodshot não é lá um personagem original. Seu poder de cura é uma versão high tech do Wolverine, sem contar que o Wolverine também teve as memórias editadas no projeto Arma X. Bloodshot é um Wolverine genérico.
Não sei se foi proposital, mas esta capa parece inspirada na típica pose de braços cruzados do Wolverine, com os raios simulando as garras. |
Notas:
1: Tome esta aliteração em f.
3: Aliás, já em 2004, tanto no filme The Final Cut, quanto em Eternal Sunshine of the Spotless Mind, vemos esse conceito de uso da cibernética para editar as memórias das pessoas.
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