Tenho uma longa história com MMOs. Se bem me lembro, conheci o Tibia¹ em 2008, talvez 2007, e joguei por alguns meses, depois enveredando pelo vasto mundo dos OT servers. Em 2010 veio Runescape², aquele que até hoje permanece como o MMO que joguei por mais tempo. Já faz alguns anos que parei de jogar diariamente, mas continuo voltando mais ou menos a cada semestre, só pra dar uma adiantada em algumas skills por uma semana, só pra matar a saudade.
Creio que Runescape deixou de ser meu jogo de rotina por volta de 2013-2014, em 2015 conheci a Steam e aí veio a aventura de experimentar jogos e mais jogos, como Team Fortress 2, Paladins, Left 4 Dead 2, Euro Truck Simulator 2, a franquia Borderlands e um monte de indies. E eis que no final de 2020 Runescape ganhou integração com a Steam e é claro que conectei as duas contas e desde então ocasionalmente dou uma revisitada rápida no jogo.
Foi só em 2021 que um MMO voltou a me conquistar com o mesmo encanto de um Tibia ou Runescape, o New World³. Joguei ele quase diariamente por vários meses, desanimando algumas vezes, depois retornando.
De fato passei pelo mesmo ciclo de vários outros jogadores, pois, após a hype inicial do lançamento, quando o jogo chegou a bater um pico de 1 milhão de jogadores diários, houve a decepção com bugs, problemas de balanceamento, players duplicando itens, etc. Não que fosse uma surpresa, pois jogo novo é assim mesmo, ainda mais um MMO.
Com o tempo o New World foi ganhando polimento e novidades. Houve o grande update Brimstone Sands no final de 2022 que trouxe uma expansão do mapa e fez muitos players retornarem, como eu, que voltei principalmente interessado em zerar todas as novas quests. Ainda tenho essa coisa "completionista" de querer completar o máximo possível de quests.
Bom, agora que já "limpei" o mapa novo, cheguei naquele estágio em que muitos players param novamente, o endgame que é extremamente voltado ao grind, a ficar repetindo as dungeons mutadas (que são as mesmas dungeons de sempre, mas com níveis cada vez maiores de dificuldade) e as rotações, que consistem em juntar dezenas de players para percorrer áreas de nível alto do mapa, matando os monstros e abrindo baús de elite. Muitos players costumam descrever isto como um "arrastão".
Como em tantos MMOs, o endgame é realmente exigente em termos de grind. Você se dedica muito a estas tarefas repetitivas para obter um progresso lento e caro. Os equipamentos chamados BIS (Best in Slot), por exemplo, requerem muuuito farm de monstros e baús, muito investimento em craft de level alto, usando materiais caríssimos e contando com a sorte para sair um item bom, ou gastando fortunas para comprar os itens prontos de outros players.
Este é o ponto em que percebo que o jogo já não tem mais diversão para mim, pois, apesar de ter um certo espírito completionista, sou um jogador casual e não tenho a menor intenção em alcançar o máximo do jogo se isso significa tryhardar por horas e horas. Para mim isto deixa de ser diversão.
Sempre procurei relevar os bugs do jogo, pois sabia que cedo ou tarde seriam corrigidos. São algumas features que desagradam. De certa forma, já está bem evidente que a maneira como são balanceadas as armas do jogo não é um problema de erro de cálculo, mas de feature mesmo. New World parece intencionalmente privilegiar o combate melee.
Os coitados dos healers sô têm duas armas que combinam com seu atributo de foco: o bastão vital e a manopla imaterial. O PvE solo dos healers é o mais sofrido por causa desta limitação de equipamentos. Os magos só têm três armas, sendo o cajado de fogo e as manoplas de gelo e imaterial.
Na verdade, mago é uma classe versátil, pois o atributo inteligência funciona com diversas armas de outras classes, como a manopla do healer, mosquete e bacamarte e até uma melee, a rapieira. Teoricamente, é possível diversificar bastante a build de um mago.
A classe range propriamente dita, que usa o atributo destreza, tem à disposição arco, mosquete e bacamarte, mas também pode usar lança, rapieira e machadinha. E esta tem sido uma tendência dos arqueiros, de focar a build em melee, o que é uma irônica contradição.
Isto acontece porque as armas melee são de fato mais fortes, oferecem skills mais úteis e funcionam bem tanto no PvP quanto no PvE, pois no fim das contas, todas as criaturas tomam mais dano físico do que elemental, especialmente nas dungeons mutadas, onde é comum haver resistência a dano elemental, o que inutiliza armas como cajado de fogo e manopla de gelo. Não à toa os magos são rejeitados em grupos de dungeons de nível alto.
A próxima atualização já prevê a retirada destas resistências elementais, o que em parte resolve o problema do desbalanceamento que há entre magia e melee, mas ainda não será suficiente. Enquanto arqueiros têm três armas de range e magos têm três armas mágicas, a galera do melee tem sete armas (espada, machadão, martelo, machadinha, lança, rapieira e espadão), sendo seis voltadas ao atributo força. Isto dá muita versatilidade ao melee, bem como muito poder.
Fica claro que New World dá preferência ao melee, não só na distribuição das armas, como na própria estética do jogo, pois os personagens e toda a ambientação transmite esta ideia de combate corpo a corpo como o padrão. Não é o MMO ideal para quem quer entrar no clima de fantasia ao jogar com um personagem mago.
Por tudo isso dei novamente um tempo no New World e talvez só retorne para conferir futuros updates, fazer novas quests ou participar de eventos sazonais, mas creio que talvez eu já tenha chegado ao limite do interesse pelo New World, como aconteceu com o Tibia e Runescape, de modo que a partir de agora só devo retornar ao jogo ocasionalmente e por breves períodos.
Todo jogo é assim. Em algum momento você percebe que chegou sua hora de parar e partir para outras experiências. Há quem passe anos, até mais de uma década dedicado ao mesmo jogo, há que troque de jogo a cada mês ou semana.
Hoje em dia a disponibilidade de jogos é tal que o mais comum é a gente viver experimentando coisas novas semanalmente ou mensalmente. Toda semana eu coleto os jogos gratuitos da Epic Store, de modo que o que não me falta é conteúdo para experimentar. Na verdade já cheguei à conclusão que a maioria deles eu jamais vou sequer abrir.
Ao longo dos anos cheguei a experimentar muito brevemente outros MMOs e hoje em dia eu prefiro confiar na minha primeira impressão, pois não há mais tempo para "tentar gostar" de um jogo, tentar me adaptar a ele, suas mecânicas, visual, etc. Ou eu gosto de cara ou não.
Assim foi com Stardew Valley, que é mais ou menos um MMO, pois pode ser jogado single ou online. Sempre curti jogos de fazendinha e com esse visual pixelado, mas algo na jogabilidade de Stardew não me agradou. Nem sei especificar o quê. O fato é que, se não estava rolando a química, não tinha por que eu continuar e parei em menos de uma hora de jogo.
Creio que o primeiro MMO coreano que conheci foi Luminary Online: Rise of the GoonZu. Lembro que tinha uma interessante complexidade no craft e no funcionamento da economia das cidades. Depois experimentei brevemente o francês Dofus, que se diferencia no sistema de combate, que é em turnos.
Path of Exile foi um que conheci só de observar alguns streamers jogando e vendo algumas gameplays no Youtube. Foi o suficiente para desistir de começar. Sei lá, o santo não bateu.
Tem alguns que eu mal passei pela parte do tutorial ou das duas primeiras horas e já desinstalei, como Genshin Impact, Black Desert, Lost Ark, Albion, The Elder Scrolls Online e esta semana experimentei o Guild Wars 2. Em todos estes casos, abandonei após 1 ou 2 horas de jogo.
Como eu disse, o motivo para me desinteressar é bem vago, subjetivo, é a primeira impressão. São todos bons jogos, só que não são pra mim, pro meu estilo de jogo. O Guild Wars, por exemplo, tem uma bela ambientação fantástica, a estética das raças me agrada, mas o controle da câmera e o estilo de combate já foi o suficiente pra me afastar.
Acho que me habituei bastante a um tipo específico de controle de câmera e de combate que é mais comum em FPS, como Paladins e Overwatch, algo que encontrei perfeitamente no New World. Minha memória muscular já está muito acostumada com estes controles, com as skills ao lado do AWSD, por exemplo, no QERF. Gosto da câmera acompanhando naturalmente o cursor. São detalhezinhos que hoje em dia fazem diferença na minha primeira impressão.
A esta altura da história dos MMO, existem muitos jogos que nunca experimentei e jamais irei. Não tive a oportunidade de provar o icônico World of Warcraft e confesso que não tenho interesse. Agora este se tornou um jogo para nostálgicos, para os fiéis que permaneceram. Há tantos outros como Lineage, Ultima, Aion, a vasta franquia Final Fantasy, Eve, Ragnarok, Star Trek, The Lord of the Rings, etc.
Agora estou de olho no futuro, no que está por vir. Com certeza um dos MMOs mais esperados é o Ashes of Creation⁴. Venho acompanhando os lançamentos de vídeos dos desenvolvedores e de fato parece um belo jogo, bastante atual por usar a Unreal Engine 5, prometendo uma gameplay raiz de MMORPG, tão raiz que será baseado em mensalidade e é aí que acaba meu interesse.
Muito provavelmente não vou jogar se for necessária a mensalidade. É um modelo ultrapassado de monetização e que hoje em dia afasta muitos players, afinal hoje há tantas opções gratuitas e com modelos de negócio mais espertos, como loja de skins ou passe de batalha. Mensalidade? Tô fora. Pelo visto o máximo que vou experimentar de Ashes é assistindo algumas gameplays de streamers.
Dune: Awakening. Este parece bem atraente, ainda mais por sua ambientação em um clássico do sci-fi⁵. É da mesma desenvolvedora de Conan Exiles, a norueguesa Funcom.
Recentemente descobri em alguma recomendação do Youtube um novo e obscuro jogo, com lançamento previsto para este ano de 2023: The Quinfall. Eu nunca tinha ouvido falar dele até então. Encontrei uma página oficial no Youtube que só tem um trailer lançado há dez meses e uma gameplay de dez minutos lançada há uma semana. Só isso.
O estranho é que, mesmo havendo tão escassas notícias sobre o desenvolvimento, este jogo promete ser um dos maiores MMOs de todos os tempos, com um gigantesco mapa de mais de 2000 km² e muitas atividades, incluindo minijogos e profissões. É possível até domar e criar elefantes.
A única coisa que descobri sobre a desenvolvedora indie Vawraek Studios é que é sediada na Turquia. Um MMO turco não é algo comum de se ver. Esta empresa fundada em 2021, pelo que consta no Linkedin, está na faixa entre 51 e 200 funcionários.
Publicaram recentemente uma nota informando que não pretendem buscar financiamento coletivo durante o desenvolvimento, o que é uma escolha ousada. Quem quer que tenha fundado esta empresa, deve ter uma boa grana para bancar os devs ao longo dos anos até que o jogo seja lançado e monetizado.
Na página do Linkedin há ainda outra declaração ousada, dizendo que "Vawraek aims to adapt the real life into the digital world by creating a meta world in a vast size that has never been seen before". Um MMO integrado ao metaverso ou algo assim? Seria algo realmente interessante e promissor.
Na Steam consta 2023 como a data de lançamento, mas é improvável, uma vez que o jogo supostamente começou a ser desenvolvido em 2021. O site já oferece inscrições para um closed beta, o que de toda forma indica que o jogo não está tão longe do lançamento.
O Ashes of Creation está em desenvolvimento desde 2017 e ainda vai entrar no pré alpha. Quinfall já passou pelo alpha e este ano deve entrar no beta, o que mostra que estão correndo muito rápido no desenvolvimento. Convenhamos que é estranho. Como conseguiram produzir tão rápido um MMO, ainda mais com a promessa de ter o maior mapa de todos? Bom, é possível se tiverem uma equipe de devs beeem grande. De toda forma, fiquei curioso e até me inscrevi para quem sabe participar do beta.
O Blue Protocol⁶ parece ser mais um Genshin Impact, mas quero conferir. Tenho também na minha lista alguns indies, como Palia, e não duvido que esse MMO de fazendinha me conquiste mais do que os grandes triple A. Talvez meu tempo de matar dragões tenha ficado para trás e agora eu só queira mesmo cultivar uma horta e fazer poções. Veremos.
Edição em março de 2023
Outra empolgante descoberta é o Pax Dei. O jogo foi anunciado para testes agora em Março de 2023 e os trailers revelam belíssimas imagens de um mundo cheio de natureza. Eu diria até que visualmente o jogo supera Ashes of Creation, inclusive também é feito em Unreal Engine 5. A desenvolvedora Mainframe Industries foi fundada por vários veteranos do ramo e tem sede em Helsinque na Finlândia.
Edição em fevereiro de 2024
Escrevi este post originalmente em fevereiro de 2023, há exato um ano. Na época eu já tinha vários MMOs no meu radar, mas ainda não tinha conhecimento do Throne and Liberty, que acabei conhecendo algumas semanas depois. Eis que hoje Throne and Liberty, de toda esta lista, é o meu MMO mais esperado, sobre o qual já escrevi um monte de posts⁷.
Notas:
5: Duna
6: Pois é, na época que o Blue Protocol foi anunciado, eu achei que se tratava de um MMORPG e não fui o único a cair nesse bait. Como havia poucas informações, até sites de notícias estavam citando o jogo como um MMORPG. Agora já se sabe que é um action RPG, seguindo a linha do Genshin Impact.
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