M. Night Shyamalan é um daqueles diretores hollywoodianos que têm um estilo bem marcante, uma assinatura. No caso, a sua marca é o suspense e a surpresa. Os filmes de Shyamalan são do tipo que é muito importante você fugir dos spoilers antes de assistir, pois a graça da história está em desvendá-la.
Dito isto, fica aqui o alerta de spoilers a seguir, mas, convenhamos, como falaremos de filmes lançados há quase vinte anos, o spoiler já está solto no mundo anyway.
Em 1999 ele teve seu primeiro grande sucesso com o Sexto Sentido, um mistério sobre fantasmas, e no ano 2000 veio o Corpo Fechado, com uma leitura shyamalanesca dos super heróis de quadrinhos. Em 2002 foi a vez de Sinais, agora com a temática de contato alienígena.
O mistério dos chamados crop circles estava em alta nos anos 2000 e Sinais surfou nessa onda, mas também explorou superficialmente o tema, de modo que os aliens permanecem um mistério do começo ao fim. A grande revelação nesse caso é que os bichos são vulneráveis a água e aí fica facinho enfrentá-los.
Basicamente esse filme é uma leitura da Guerra dos Mundos na visão de um pai de família, interpretado por Mel Gibson. Em 2005, aliás, a própria Guerra dos Mundos teria sua adaptação para o cinema também mostrando um pai de família, agora o Tom Cruise, protegendo seus filhos em um mundo infernal dominado pelos aliens. É uma história bem mais interessante que a do Shyamalan em se tratando de invasão alienígena.
Enquanto Guerra dos Mundos é mais épico, Sinais foca a lente na casa rural e trata o alien como um mero invasor da casa. Parece meio tolo que aliens com intenções hostis venham à terra totalmente pelados e desarmados e gastem seu tempo invadindo casas e trocando socos com humanos. O pior é esse negócio da vulnerabilidade à água. Como é possível que um ser orgânico seja vulnerável a uma das principais substâncias construtoras de organismos?
A cena em que mostram a aparição de um dos aliens no Brasil virou matéria-prima para memes. A cena funciona em termos de causar susto, mas é um tanto tosca, com o Joaquin Phoenix falando em espanhol ("Move, children. Vámonos!") para as crianças saírem da frente (a eterna confusão que fazem, achando que se fala espanhol no Brasil) e um dos meninos arriscando um portuglês ao dizer: "Tá atrás da garagem. Is behind!"
Também a parte das crianças usando chapéu de alumínio serviu para muitos memes representando pessoas piradinhas da cabeça, especialmente teóricos da conspiração.
Enfim, existe outro tema frequente em Shyamalan que é a fé. É assim desde seus primeiríssimos filmes, como Praying with Anger (1992) e Olhos Abertos (1998), que falam sobre restabelecer contato com crenças e com Deus. Na trilogia do Corpo Fechado, a fé muda de objeto: agora trata-se de acreditar no potencial humano, nos superpoderes.
Em Sinais, o protagonista é um ex-padre que se tornou misoteísta (literalmente alguém que odeia Deus) após ver a esposa tragicamente morta. Enquanto tenta proteger seus filhos do alien invasor, o padre acaba redescobrindo a fé.
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