Como era de se esperar de uma virada de milênio, o fim dos anos 90 foi bem produtivo em termos de filmes apocalípticos e catastróficos. Teve o Epidemia (1995), surfando na onda do ebola; Twister (1996), brincando com um furacão; o Inferno de Dante (1997) e Volcano (1997), ambos abordando vulcões; e o Godzilla (1998), com uma catástrofe mais no estilo japonês: um monstro gigante. O próprio Matrix (1999), grande ícone da virada milenar, tem um enredo de fim de mundo: o apocalipse das máquinas.
E temos os filmes de meteoro. Em 1998 saíram dois: Deep Impact e Armageddon. A história é basicamente a mesma. Começa com os cientistas captando a aproximação do asteroide, então rola aquela tensão mundial, a correria da imprensa, um grupo de especialistas é convocado pra ir lá destruir o asteroide e salvar o mundo.
Deep Impact foi lançado primeiro, no começo do ano. Dirigido por Mimi Leder, que tinha uma carreira mais voltada a séries de TV, não é um filme que investe muito no espetáculo visual da catástrofe. Toda a narrativa foca mais em alguns dramas pessoais, como o personagem do jovem e promissor Elijah Wood (que se tornaria o Frodo de Senhor dos Anéis alguns anos depois) que tenta salvar sua namoradinha e a família do fim do mundo.
O espetáculo vem já no finalzinho, nos últimos 10 minutos, quando vemos um tsunami provocado por um dos pedaços do meteoro. É uma cena que sobreviveu bem ao tempo e mesmo agora, vinte anos depois, continua bonita de se ver. Fora isso, Deep Impact não tem lá muita coisa interessante. Até a equipe de astronautas que vai ao espaço salvar o mundo recebe pouca atenção e, quando destroem de vez o asteroide, é uma cena muito súbita e pouco explorada.
A grande estrela do elenco é o Morgan Freeman, ocupando o papel de presidente dos Estados Unidos. Só que é meio estranha a presença dele num filme de catástrofe, pois o estilo típico de Freeman é de um cara tranquilo, de voz mansa, e esse jeito cool e despreocupado com que ele se porta ao anunciar a vinda do meteoro e até depois do impacto, quando ele conta as perdas (o mundo não acabou, mas cidades inteiras foram inundadas e dizimadas) parece surreal. Por outro lado, um presidente assim, calmo e centrado, é exatamente o que o mundo precisaria numa situação destas.
Então no fim de 1998 veio o Armageddon, dirigido pelo Michael Bay. Bay imprimiu no filme o seu DNA: muita pirotecnia, explosões e personagens badasses. Pra começo de conversa, a equipe enviada para destruir o asteroide nem é feita de astronautas e cientistas nerds, mas um grupo de brucutus perfuradores de petroleiras, liderados por ninguém menos que o brucutu-master Bruce Willis.
Brucutus. É assim que se salva o mundo nos anos 90. |
A aventura dos heróis no meteoro, para perfurar essa gigantesca pedra espacial e implantar bombas, é bem melhor explorada que no Deep Space. A cena da explosão é grandiosa, o sacrifício do herói espacial é valorizado e ainda por cima temos uma trilha sonora inesquecível, com o Aerosmith cantando I Don't Want to Miss a Thing.
"DON'T WANT TO CLOSE MY EEEYES
I DON'T WANT TO FALL ASLEEP
CAUSE I'D MISS YOU BABY
AND I DON'T WANT TO MISS A THING"
Sem contar que a filha do vocalista da banda, a bela Liv Tyler, está presente no filme, adicionando uma dose de fofura e beleza. Essa é a fórmula do Michael Bay: brucutus, bombas e beldades.
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