Qaligrafia
Séries, livros, games, filmes e eteceteras 🧙‍♂️

Star Trek e o problema da superpopulação

Star Trek (1969)

Uma das características de Star Trek é abordar temas sociais e políticos, até mesmo existenciais. A série é como as clássicas fábulas que buscam refletir sobre uma "moral da história". Por ter ido ao ar em plena Guerra Fria e ameaça de hecatombe nuclear dos anos 60, a guerra e a diplomacia são temas constantes no show.

No caso do episódio 16 da terceira e última temporada, "A Marca de Gideon", o tema abordado é um tanto diferente: superpopulação. Neste planeta Gideon, as condições de vida eram de tal forma paradisíacas que não havia doenças e as pessoas tinham uma admirável longevidade, além de continuarem se reproduzindo sem qualquer controle. Resultado: parece que o planeta inteiro se tornou um grande aglomerado de pessoas.

O episódio não mostra diretamente como seriam as ruas e cidades deste mundo lotado de gente, mas vemos umas breves cenas mostrando umas pessoinhas todas vestidas de verde e espremidas, ilustrando a falta de espaço, a superlotação daquele mundo. Imagine então a agonia que deve ser viver num planeta em que há gente por todos os lados, dos campos às montanhas.

Uma de suas habitantes, Odona, chega a comentar que seu sonho era poder desfrutar da solidão. Enquanto para a maioria das pessoas a solidão é considerada algo ruim e do qual se deve fugir, para quem viveu sempre no aperto de uma surreal superpopulação, a solidão seria o céu.

Ironicamente, para piorar a situação, a cultura desse planeta é extremamente pacífica e venera a vida. Como num paraíso, não adoecem, vivem bastante e ainda vivem em paz. Seus organismos são tão formidáveis que se adaptam a qualquer interferência, inclusive às tentativas de esterilização. Os governantes tentaram esterilizar ou promover a contracepção, mas se tornou uma tarefa impossível.

A única solução que encontraram foi aceitar a visita de um estrangeiro, Kirk, para que ele contaminasse a população com um vírus especial, introduzindo finalmente a doença (e consequentemente a morte prematura) como parte do ciclo de existência daquela população.

Nenhum comentário:

Postar um comentário