Qaligrafia
Séries, livros, games, filmes e eteceteras 🧙‍♂️

Campanha: Anson Mount como Reed Richards

Ioan Gruffudd as Reed Richards

No Quarteto Fantástico de 2005, o Senhor Fantástico (Reed Richards) foi interpretado por Ioan Gruffudd e visualmente ele estava ok.

Miles Teller as Reed Richards

No reboot de 2015, foi a vez de Miles Teller e o cara não tinha absolutamente nada a ver. O Quarteto nasceu e existe com o conceito de uma família de super heróis. Reed Richards é o pai e um homem já maduro, literalmente um senhor. O Senhor Fantástico de Miles Teller parecia mais um Garoto Fantástico. Além disso, aquela cara enfezada (que deu muito certo no premiado Whiplash) não combina com a personalidade mansa e racional do cientista Reed Richards, que é tipo um Spock.

Anson Mount as Reed Richards

Eis que esses dias estava vendo Star Trek Discovery e o Anson Mount (que teve o azar de ser o Black Bolt na horrível série dos Inumanos) tem feito um ótimo trabalho no papel do Capitão Pike. E esse visual com os cantos do cabelo grisalho, além do jeitão tranquilo e de fácil liderança logo me fizeram enxergar um Reed Richards em potencial. Quem sabe hein?

As belas imagens da sonda Cassini

A sonda Cassini foi enviada ao espaço em 1997 e sua missão durou quase vinte anos. Graças a ela, hoje temos um belíssimo acervo de fotos de Saturno e suas luas. Apreciemos algumas:

Saturn rings by Cassini
Uma bela foto dos anéis de Saturno.

Saturn's hexagon by Cassini
O misterioso hexágono do polo Norte de Saturno.

Saturn's moon Mimas by Cassini
A lua Mimas e sua peculiar cratera de "Estrela da Morte".

Saturn's moon Tethys by Cassini
A lua Tethys também tem sua notável cratera.

Saturn's moon Enceladus by Cassini
Enceladus navegando entre os anéis de Saturno.

Saturn's moon Dione by Cassini
A lua Dione, com sua superfície coberta de crateras.

Saturn and five moons by Cassini
Fazendo uma impressionante manobra, a sonda conseguiu captar cinco das luas de Saturno em uma só foto.

Saturn on Jan, 2, 2010 by Cassini
Vista panorâmica de Saturno, tirada em 2010.

Saturn's moon Enceladus by Cassini
Enceladus e seus jatos de vapor.

Saturn's moon Tethys by Cassini
A lua Tethys em um ângulo em que parece mesclada aos anéis de Saturno.

Saturn's moon Enceladus by Cassini
A bela e gelada lua Enceladus.

Star Trek e o problema da superpopulação

Star Trek (1969)

Uma das características de Star Trek é abordar temas sociais e políticos, até mesmo existenciais. A série é como as clássicas fábulas que buscam refletir sobre uma "moral da história". Por ter ido ao ar em plena Guerra Fria e ameaça de hecatombe nuclear dos anos 60, a guerra e a diplomacia são temas constantes no show.

No caso do episódio 16 da terceira e última temporada, "A Marca de Gideon", o tema abordado é um tanto diferente: superpopulação. Neste planeta Gideon, as condições de vida eram de tal forma paradisíacas que não havia doenças e as pessoas tinham uma admirável longevidade, além de continuarem se reproduzindo sem qualquer controle. Resultado: parece que o planeta inteiro se tornou um grande aglomerado de pessoas.

O episódio não mostra diretamente como seriam as ruas e cidades deste mundo lotado de gente, mas vemos umas breves cenas mostrando umas pessoinhas todas vestidas de verde e espremidas, ilustrando a falta de espaço, a superlotação daquele mundo. Imagine então a agonia que deve ser viver num planeta em que há gente por todos os lados, dos campos às montanhas.

Uma de suas habitantes, Odona, chega a comentar que seu sonho era poder desfrutar da solidão. Enquanto para a maioria das pessoas a solidão é considerada algo ruim e do qual se deve fugir, para quem viveu sempre no aperto de uma surreal superpopulação, a solidão seria o céu.

Ironicamente, para piorar a situação, a cultura desse planeta é extremamente pacífica e venera a vida. Como num paraíso, não adoecem, vivem bastante e ainda vivem em paz. Seus organismos são tão formidáveis que se adaptam a qualquer interferência, inclusive às tentativas de esterilização. Os governantes tentaram esterilizar ou promover a contracepção, mas se tornou uma tarefa impossível.

A única solução que encontraram foi aceitar a visita de um estrangeiro, Kirk, para que ele contaminasse a população com um vírus especial, introduzindo finalmente a doença (e consequentemente a morte prematura) como parte do ciclo de existência daquela população.

Alien Contact: Outer Space

Alien Contact: Outer Space (2017)

Esse breve documentário de uma hora não tem muito o que acrescentar, mas é bom como uma introdução e um resumo da história da busca por mensagens alienígenas. Menciona os trabalhos do projeto SETI, algumas possíveis mensagens de rádio captadas ao longo das décadas, inclusive pelo Nikola Tesla, e misteriosos eventos, como a presença de um suposto drone alien na ocasião em que um foguete da SpaceX explodiu.

Teria Star Trek inspirado Naruto?

No episódio 15 da terceira temporada de Star Trek, vemos umas criaturas do planeta Cheron que têm o corpo dividido em duas cores. Teria Kishimoto, autor de Naruto, se inspirado nesse visual para criar o clone Zetsu? Inclusive ambos são semelhantes no fato de terem dupla personalidade. Hummm...

Zetsu and Cheron

The Silence, uns monstrinhos do barulho

The Silence (2019)

Em 2018 a Netflix lançou Birdbox, um terror em que as pessoas têm que viver de olhos vendados pra não ver certas criaturas hipnóticas. Em The Silence (2019), por sua vez, o perigo está no som. Seguindo a mesma ideia de Um Lugar Silencioso (2018), é preciso evitar fazer qualquer barulho para não atrair uns estranhos predadores que são cegos e se guiam pelo som.

A execução da ideia é bem entediante, com a família procurando refúgio enquanto sussurram e se comunicam em linguagem de sinais, vez ou outra se deparando com estes morceguinhos mequetrefes que nem parecem tão perigosos quanto  tentam nos convencer.

Será que ninguém tem a ideia de fazer armadilhas pra esses bichos? Colocar um alarme em um poço pra atrair as criaturas e depois fechar o poço. Ou melhor, tacar fogo no poço, sei lá. São só uns morcegos vitaminados e ainda com uma capacidade de caça bem limitada, pois você pode passar ao lado deles sem ser notado, desde que não faça barulho.

Aí depois de uma hora nessa tensão boba a história muda com a aparição de uma tal seita, uns crentes do silêncio que querem convidar a família pra se juntar ao grupo, mas não há espaço pra desenvolver esse conceito e o filme acaba. É isso.

The Silence (2019)


Mars, uma série realista sobre colonização espacial

Mars (2016-2018)

Em 2017 foi lançada uma série francesa sobre a primeira missão humana a Marte, chamada Missions. Escrevi sobre ela em outro post (aqui). Antes disto, em 2016, a National Geographic também produzira a sua série com o mesmo tema, simplesmente chamada Mars.

Diferente de Missions, que, apesar de levar a sério o aspecto científico, envolve também uma suposta civilização alienígena no planeta vermelho, em Mars a ciência procura ser o mais acurada e realista possível.

É uma mistura de série e documentário. Vemos astronautas realizando a proeza em uma fictícia viagem a Marte em 2033 ao mesmo tempo em que se mostram entrevistas com astronautas e cientistas reais em 2016, além de pessoas de fato envolvidas em projetos espaciais, como Elon Musk.

Mars (2016-2018)

Então acompanhamos o lento progresso da missão que começa com pioneiros indo explorar as cavernas em busca de um lugar para instalar a base, depois ao longo dos anos a base vai crescendo, recebendo novos equipamentos e pessoal vindo da Terra, como uma pequena colônia feita por cientistas. 

Não há nenhum mistério fantástico ou aliens se esgueirando pelas cavernas. As dificuldades dos personagens envolvem detalhes técnicos e naturais do ambiente, como tempestades de areia e problemas na geração de energia. Também é de se esperar eventuais mortes por doenças ou acidentes,  além de problemas psicológicos, pois a vida em Marte não é nada fácil.

Desta forma, temos uma série bastante inspiradora, pé no chão e de certa forma profética, dando um vislumbre do que pode vir a ser o início da exploração humana do solo marciano, algo que pretendemos realizar nas próximas décadas.

Mars (2016-2018)


Breeders of the Nephelym, sexo com demônios e outros bichos

Breeders of the Nephelym

Jogos de simulação de sexo são um tédio. Basicamente você fica clicando nos bonequinhos pra eles realizarem os movimentos de vai e vem. Não sei que graça pode haver nisso. De toda forma, estes jogos têm evoluído graficamente e são bonitos de se ver.

Na Steam surgiu de repente esse tal Breeders of the Nephelym em fase Alfa de testes e gratuito. Bom, por que não dar uma olhada, não é mesmo? 

O que me chamou atenção foi o criador de personagens que é a primeira coisa que aparece na tela. É um editor bem detalhista. Você pode determinar tamanhos, profundidades, formatos, cores de todas as partes do corpo, podendo criar belíssimas criaturas ou também aberrações, deformando as proporções só pela zoeira.

Entrando no jogo, há um mapa decente e aparentemente grande que não tive interesse em explorar muito. O gameplay também parece chato e repetitivo (mas o que é o sexo senão repetição?) e a física funciona direitinho. Refiro-me àquele gingado e o balançar das bundas e peitos quando a personagem anda, corre, pula. Nesse quesito (a plasticidade do corpo), esse jogo em que você tem que transar com demônios até que é bem "realista".

Sinais, a Guerra dos Mundos na visão de Shyamalan

Signs (2002)

M. Night Shyamalan é um daqueles diretores hollywoodianos que têm um estilo bem marcante, uma assinatura. No caso, a sua marca é o suspense e a surpresa. Os filmes de Shyamalan são do tipo que é muito importante você fugir dos spoilers antes de assistir, pois a graça da história está em desvendá-la.

Dito isto, fica aqui o alerta de spoilers a seguir, mas, convenhamos, como falaremos de filmes lançados há quase vinte anos, o spoiler já está solto no mundo anyway.

Em 1999 ele teve seu primeiro grande sucesso com o Sexto Sentido, um mistério sobre fantasmas, e no ano 2000 veio o Corpo Fechado, com uma leitura shyamalanesca dos super heróis de quadrinhos. Em 2002 foi a vez de Sinais, agora com a temática de contato alienígena.

O mistério dos chamados crop circles estava em alta nos anos 2000 e Sinais surfou nessa onda, mas também explorou superficialmente o tema, de modo que os aliens permanecem um mistério do começo ao fim. A grande revelação nesse caso é que os bichos são vulneráveis a água e aí fica facinho enfrentá-los.

Signs (2002)

Basicamente esse filme é uma leitura da Guerra dos Mundos na visão de um pai de família, interpretado por Mel Gibson. Em 2005, aliás, a própria Guerra dos Mundos teria sua adaptação para o cinema também mostrando um pai de família, agora o Tom Cruise, protegendo seus filhos em um mundo infernal dominado pelos aliens. É uma história bem mais interessante que a do Shyamalan em se tratando de invasão alienígena.

Enquanto Guerra dos Mundos é mais épico, Sinais foca a lente na casa rural e trata o alien como um mero invasor da casa. Parece meio tolo que aliens com intenções hostis venham à terra totalmente pelados e desarmados e gastem seu tempo invadindo casas e trocando socos com humanos. O pior é esse negócio da vulnerabilidade à água. Como é possível que um ser orgânico seja vulnerável a uma das principais substâncias construtoras de organismos?

A cena em que mostram a aparição de um dos aliens no Brasil virou matéria-prima para memes. A cena funciona em termos de causar susto, mas é um tanto tosca, com o Joaquin Phoenix falando em espanhol ("Move, children. Vámonos!") para as crianças saírem da frente (a eterna confusão que fazem, achando que se fala espanhol no Brasil) e um dos meninos arriscando um portuglês ao dizer: "Tá atrás da garagem. Is behind!"


Também a parte das crianças usando chapéu de alumínio serviu para muitos memes representando pessoas piradinhas da cabeça, especialmente teóricos da conspiração.

Signs (2002)

Enfim, existe outro tema frequente em Shyamalan que é a fé. É assim desde seus primeiríssimos filmes, como Praying with Anger (1992) e Olhos Abertos (1998), que falam sobre restabelecer contato com crenças e com Deus. Na trilogia do Corpo Fechado, a fé muda de objeto: agora trata-se de acreditar no potencial humano, nos superpoderes. 

Em Sinais, o protagonista é um ex-padre que se tornou misoteísta (literalmente alguém que odeia Deus) após ver a esposa tragicamente morta. Enquanto tenta proteger seus filhos do alien invasor, o padre acaba redescobrindo a fé.

Living with Yourself, uma comédia sem graça

Living with Yourself (2019)

Vi essa série nos lançamentos da Netflix esses dias. É com o Paul Rudd, tem episódios curtinhos de 20 a 30 minutos e a temporada só tem 8 episódios. Resolvi dar uma chance.

A premissa não é lá original. O protagonista misteriosamente é clonado e agora tem que aprender a lidar com a sua cópia que tem as mesmas memórias, mas é mais saudável e aparentemente mais inteligente. E tem a esposa dele que agora vai se envolver num triângulo amoroso, etc.

O estilo do humor é baseado em situações cringe, mas não me conquistou. A série simplesmente não tem graça, o que já inutiliza o seu propósito de ser uma comédia, e o drama do cara com seu clone também não é lá muito interessante.

É basicamente a típica crise existencial dos trinta ou quarenta anos explorada num conto de realismo mágico. Consegui terminar a primeira temporada, mas dropei. Não pretendo acompanhar, caso tenha alguma continuação.

Living with Yourself (2019)

Família do Bagulho, uma divertida comédia de férias em "família"

We're the Millers (2013)

Família do Bagulho (2013) é um dos casos em que a tradução brasileira do título ficou bem melhor que o original. Em inglês é We're the Millers (Nós somos os Millers). Como a trama envolve um cara que monta uma família fake pra contrabandear drogas, nenhum título melhor que Família do Bagulho.

É interessante a presença da Jennifer Aniston como uma esposa fake novamente. Esse filme é tipo um Esposa de Mentirinha (2011), só que sem o Adam Sandler. O nível do humor também não é tão debochado quanto o do Adam Sandler, mas tem os seus momentos.

We're the Millers (2013)

A combinação do elenco é legal. Temos o Nick Offerman, o grande Ron Swanson de Parks and Recreation; a beleza de Emma Roberts e Molly Quinn; e a cara estranha de Will Pouter. Pouter, que foi o Eustace das Crônicas de Nárnia (2011) e aquele hacker esquisitão de Black Mirror: Bandersnatch (2018) tem esse rosto que parece um bebê gigante e combinou com seu personagem com o estereótipo do virjão. 

Obviamente, a estrela é a Jennifer Aniston que de certa forma carrega o filme nas costas, sem contar que presenteia o público com algumas cenas de dança. Na verdade partes destas cenas usaram uma dublê de corpo, mas convenhamos que a Aniston bem que poderia ter nos presenteado com esse belo fan service.

Jennifer Aniston, We're the Millers (2013)

Jennifer Aniston, We're the Millers (2013)

Rima interna

Lamen tá velho.
Lamentável!

(21,10,2019)

How It Ends, uma road trip no apocalipse

How It Ends (2018)

How It Ends (2018) é um daqueles filmes genéricos de fim do mundo. Em português ganhou um típico título de Sessão da Tarde: Próxima Parada: Apocalipse.

Theo James (o carinha da série Divergent) visita o sogro durão (Forest Whitaker) e de repente surge a notícia de uma misteriosa catástrofe assolando o país. Genro e sogro partem numa road trip para encontrar a noiva grávida, lidando com o caos e os bandidos no caminho.

E é isso. Não há nada além. O tal apocalipse segue inexplicado do começo ao fim e não há nada de interessante na história toda.

Replicas, o Keanu Reeves Frankenstein

Replicas (2018)

Replicas (2018) é um daqueles filmes indie em que o Keanu Reeves de vez em quando participa. Reeves tem isso: ele ora está numa grande e inesquecível produção, ora aparece em alguma peça que mal será lembrada, como é o caso de Replicas.

Não é na verdade um filme ruim, desde que você mantenha a suspensão de descrença ligada, pois os absurdos da história vão escalando rápido. Reeves é um cientista envolvido em um projeto de transferência da mente de cobaias mortos para um cérebro artificial. Em um acidente ele perde toda a família e o que resolve fazer: copiar o cérebro da sua esposa e filhos e transferir para clones deles.

Replicas (2018)

Com ajuda de seu assistente nerd, o cientista rouba (pega emprestado) uns equipamentos da empresa e monta na própria garagem de casa um laboratório pra clonar a família. Faz isso numa virada de noite e após duas semanas os corpos estão crescidos e prontos para receber o upload das mentes.

Só que ele não tinha equipamento pra clonar todos, então teve que deixar de fora a caçula dos três filhos. Pra evitar que a sua família ressuscitada desse pela falta da garota, ele editou as memórias de todos, deletando as lembranças de sua existência. 

Replicas (2018)
Alice Eve, como a esposa hot do cientista nerd louco.

Esse cara vai parecendo cada vez mais psicopata com estas atitudes, recriando uma família artificial e tentando viver como se nada tivesse acontecido. Então aparece o patrão da empresa, que sabia de tudo e começou uma perseguição pra matar a família do cara. Ele conta pra esposa o que está acontecendo e ela facilmente compra a história. Ah, quer dizer que eu sou um clone e agora seu patrão quer me matar? Beleza, vamos fugir.

Em meio a essa treta o cientista consegue copiar a própria mente e carregar em um robô, de modo que acaba resolvendo seus desentendimentos com o patrão. O robô fica trabalhando no seu lugar na empresa e ele vai viver com sua família clonada. Felizes para sempre. Literalmente para sempre, já que nessa aventura ele desenvolveu a forma de se viver eternamente, transferindo a mente para clones de si mesmo, o que fica subentendido que é o que farão dali por diante. 

O filme é uma fraca homenagem aos clássicos de cientista louco, particularmente do tipo que tenta brincar de Deus e recriar a vida humana, como um Frankenstein ou um Re-Animator lovecraftiano.

Replicas (2018)
Behold the Re-Animator!

iBoy, o super herói modernoso

iBoy (2017)

Não há muito o que falar de iBoy (2017). É uma tentativa de criar um super herói que represente a moderna geração "plugada", informatizada, a geração smartphone. O protagonista é um frágil garotinho nerd que é atingido por uma bala na cabeça e sobrevive, mas desenvolve estranhos poderes mentais. Ele consegue hackear telepaticamente qualquer aparelho.

Então empreende uma missão de vingar sua colega e crush, que foi vítima de um grupo de bandidos. A coisa vai escalando e ele se torna o justiceiro da cidade, enfrentando a máfia local. A garota que o herói tenta proteger é interpretada pela Maisie Williams, a estrela do filme e o chamariz pra atrair audiência porque, fora ela, nada mais há de interessante nessa história.

iBoy (2017)


Deep Impact versus Armageddon

Armageddon, Deep Impact (1998)

Como era de se esperar de uma virada de milênio, o fim dos anos 90 foi bem produtivo em termos de filmes apocalípticos e catastróficos. Teve o Epidemia (1995), surfando na onda do ebola; Twister (1996), brincando com um furacão; o Inferno de Dante (1997) e Volcano (1997), ambos abordando vulcões; e o Godzilla (1998), com uma catástrofe mais no estilo japonês: um monstro gigante. O próprio Matrix (1999), grande ícone da virada milenar, tem um enredo de fim de mundo: o apocalipse das máquinas.

E temos os filmes de meteoro. Em 1998 saíram dois: Deep Impact e Armageddon. A história é basicamente a mesma. Começa com os cientistas captando a aproximação do asteroide, então rola aquela tensão mundial, a correria da imprensa, um grupo de especialistas é convocado pra ir lá destruir o asteroide e salvar o mundo.

Deep Impact (1998)

Deep Impact foi lançado primeiro, no começo do ano. Dirigido por Mimi Leder, que tinha uma carreira mais voltada a séries de TV, não é um filme que investe muito no espetáculo visual da catástrofe. Toda a narrativa foca mais em alguns dramas pessoais, como o personagem do jovem e promissor Elijah Wood (que se tornaria o Frodo de Senhor dos Anéis alguns anos depois) que tenta salvar sua namoradinha e a família do fim do mundo.

Deep Impact (1998)

O espetáculo vem já no finalzinho, nos últimos 10 minutos, quando vemos um tsunami provocado por um dos pedaços do meteoro. É uma cena que sobreviveu bem ao tempo e mesmo agora, vinte anos depois, continua bonita de se ver. Fora isso, Deep Impact não tem lá muita coisa interessante. Até a equipe de astronautas que vai ao espaço salvar o mundo recebe pouca atenção e, quando destroem de vez o asteroide, é uma cena muito súbita e pouco explorada.

A grande estrela do elenco é o Morgan Freeman, ocupando o papel de presidente dos Estados Unidos. Só que é meio estranha a presença dele num filme de catástrofe, pois o estilo típico de Freeman é de um cara tranquilo, de voz mansa, e esse jeito cool e despreocupado com que ele se porta ao anunciar a vinda do meteoro e até depois do impacto, quando ele conta as perdas (o mundo não acabou, mas cidades inteiras foram inundadas e dizimadas) parece surreal. Por outro lado, um presidente assim, calmo e centrado, é exatamente o que o mundo precisaria numa situação destas.

Armageddon (1998)

Então no fim de 1998 veio o Armageddon, dirigido pelo Michael Bay. Bay imprimiu no filme o seu DNA: muita pirotecnia, explosões e personagens badasses. Pra começo de conversa, a equipe enviada para destruir o asteroide nem é feita de astronautas e cientistas nerds, mas um grupo de brucutus perfuradores de petroleiras, liderados por ninguém menos que o brucutu-master Bruce Willis.

Armageddon (1998)
Brucutus. É assim que se salva o mundo nos anos 90.

A aventura dos heróis no meteoro, para perfurar essa gigantesca pedra espacial e implantar bombas, é bem melhor explorada que no Deep Space. A cena da explosão é grandiosa, o sacrifício do herói espacial é valorizado e ainda por cima temos uma trilha sonora inesquecível, com o Aerosmith cantando I Don't Want to Miss a Thing. 

Armageddon (1998)

"DON'T WANT TO CLOSE MY EEEYES
I DON'T WANT TO FALL ASLEEP
CAUSE I'D MISS YOU BABY
AND I DON'T WANT TO MISS A THING"

Sem contar que a filha do vocalista da banda, a bela Liv Tyler, está presente no filme, adicionando uma dose de fofura e beleza. Essa é a fórmula do Michael Bay: brucutus, bombas e beldades.

Liv Tyler, Armageddon (1998)

Rima interna

Boné de aba reta?
Diaba, vade retro!

Venha cá, che, coloca
um cachecol.

(16,10,2019)

O terror cósmico em Star Trek

Star Trek: kelvans are Cthulhu like

H. P. Lovecraft publicou suas bizarras obras nas décadas de 1920-30, criando uma mitologia própria envolvendo criaturas ancestrais poderosíssimas e assustadoras, a começar pelo famoso Cthulhu. Pelo tom sombrio, pessimista e apocalíptico, sua obra ficou conhecida como  "terror cósmico". 

Em outras palavras, o que deve existir lá fora, nas estrelas, nas profundezas da galáxias, não são formas de vida fofinhas e amistosas, como elfos, fadas e pequenos aliens, mas criaturas tão imponentes e superiores a nós, mortais de carne e osso, que um contato nosso com tais seres seria uma experiência desesperadora, aterrorizante.

Star Trek, apesar de ter uma veia cômica, em alguns momentos adotou essa visão de que lá fora há criaturas assim sinistras e titânicas, seres com poderes divinos que podem destruir os humanos com um pensamento.

Barbara Bouchet
A bela Barbara Bouchet como a alien Kelinda. Que linda hein Kelinda (badumtss).

O episódio 22 da segunda temporada (By Any Other Name) parece inclusive fazer uma referência à obra lovecraftiana, quando a tripulação de Enterprise é capturada por aliens da galáxia de Andrômeda, os kelvans, e, apesar destes estarem temporariamente na forma humana, Spock, com seus poderes telepáticos, consegue vislumbrar a verdadeira forma das criaturas: seres gigantescos e assustadores, cheios de tentáculos e com uma mente complexa e multifacetada, algo que lembra a descrição do monstro Cthulhu.

Bom, o Capitão Kirk e sua equipe conseguem lidar com este bando de cthulhus na forma criativa e meio galhofa típica da série: aproveitam-se do fato que os monstros estão em forma humana (e, portanto, tomados por fragilidades humanas) e exploram suas fraquezas. O Scott, por exemplo, consegue vencer seu adversário alien embebedando-os com muitas doses de uísque e outras biritas.

Star Trek: Scott vs a kelvan
Como diria o Thor: "This drink, I like it. Another!"

Também no episódio 5 da terceira temporada parece haver um conceito lovecraftiano na descrição dos aliens meduseanos, que evoluíram fisicamente de tal forma que são horríveis, a ponto de levar um humano à loucura simplesmente ao olhar para eles. Diferente, porém, de um Cthulhu, os meduseanos não são malignos. São só feios mesmo. Muuuito feios.

Lovecraftian concept of the medeusans

Esse episódio é excelente. Com um ar de terror ou drama psicológico, consegue explorar de forma impressionante essa ideia da "feiura que enlouquece", uma ideia que remonta à Medusa da mitologia grega (e não à toa estes aliens grotescos são chamados meduseanos). 

O bicho é tão inimaginavelmente feio que um simples vislumbre produz um desespero e loucura instantâneos. O próprio Spock, que possui um extraordinário controle mental, por descuido enxerga o alien sem os óculos protetores e é tomado de pavor. A expressão que ele faz neste momento é uma das melhores que já vi em personagens desesperados. Uma atuação impecável do Leonard Nimoy. Parece até algo quadrinhesco, esse olho encarando para baixo, enquanto o rosto volta para cima, tomado de repulsa.

Spock in despair

O interessante nessa história é que os meduseanos de fato são seres pacíficos e muito diplomáticos, mas a sua aparência estranha é nociva à mente humanoide. Os personagens até filosofam sobre a beleza e como a feiura é associada ao maligno.