Mike Cahill já havia produzido o interessante Another Earth (2011), em parceria com Brit Marling, que foi protagonista e roteirista, agora ambos estão juntos em I Origins, com Mike responsável pela direção, produção e roteiro, e a Brit Marling como uma das protagonistas. Ambos os filmes envolvem especulações de ficção científica, sendo Another Earth voltado à astronomia e física, enquanto I Origins se baseia em biologia molecular.
Ian Gray (Michael Pitt) é um biólogo bastante cético que realiza uma pesquisa sobre a evolução do olho. Ele tem um hobby de fotografar olhos e acaba se apaixonando por Sofi (Astrid Berges-Frisbey) justamente por causa de seus olhos peculiares, marcados pela variedade de cores (heterocromia).
Sofi é o oposto de Ian, mais intuitiva e mística. Por outro lado, a assistente de pesquisa de Ian, Karen (Brit Marling), se parece mais com ele em sua forma científica de pensar. Na verdade, Karen tem a mente mais aberta e é bem mais brilhante que Ian e graças a ela a pesquisa sobre a evolução do olho se torna um sucesso. Na equipe também temos o Steven Yeun (sim, o Glenn de The Walking Dead) como Kenny.
Nesta história, a tecnologia de biometria ocular já está se tornando bastante comum e um banco de dados reúne as imagens dos olhos de milhões de pessoas. É assim que a cientista Jane Simmons (Cara Seymour), uma das responsáveis pelo banco de dados, descobre uma rara coincidência em que as íris de duas pessoas são idênticas, o que é teoricamente impossível, visto que o desenho da iris é uma espécie de impressão digital única.
Investigando o caso, Ian vai ter o seu ceticismo desafiado diante da hipótese de haver um tipo de reencarnação e a prova disso é que a pessoa reencarnada possui a mesma assinatura de íris da pessoa que ela foi na outra vida, além de lembranças residuais.
Investigando o caso, Ian vai ter o seu ceticismo desafiado diante da hipótese de haver um tipo de reencarnação e a prova disso é que a pessoa reencarnada possui a mesma assinatura de íris da pessoa que ela foi na outra vida, além de lembranças residuais.
O filme não se aprofunda no tema e nem mesmo se esforça em ter ares grandiosos. É uma ficção científica leve, com um final em aberto. Todavia, as cenas pós-créditos são interessantes. Vemos Simmons supervisionando uma pesquisa que compara as íris de várias figuras históricas procurando matches. Ou seja, ela está em busca das reencarnações destas pessoas. E vemos no painel que várias das buscas têm sucesso.
Vemos então: John Kennedy, Amelia Earhart, Elvis Presley, John Lennon, Martin Luther King, Saddam Hussein, Che Guevara, Albert Einstein, Malcom X, Margaret Sanger, Mahatma Gandhi, Mari Sandoz, Nikola Tesla, Indira Gandhi, Robert Oppenheimer, Louis Armstrong, Lenin, Jacqueline Kennedy, Frank Lloyd Wright, Adolf Hitler, Meyer Lansky, Al Capone, Margaret Thatcher, Salvador Dali, Abraham Lincoln e Nelson Mandela. Todos estes já teriam reencarnado.
A mistura de ciência e religião nesse filme é evidente. Gray, intensamente cético e ateísta, deixa claro que resolveu pesquisar a evolução do olho como uma forma de derrubar o argumento religioso do “design inteligente”, provando que o olho de fato evoluiu desde a forma mais primitiva e não foi um projeto de algum deus. Ele trava diálogos sobre ciência e fé com Sofi e outras personagens, além de se deparar com um pregador cristão em certa cena.
Também é bom notar o próprio nome de Sofi, que lembra a Sophia gnóstica, a deusa primordial da sabedoria que caiu na Terra e foi depois salva pelo Logos, a Razão. Gray e Sofi, portanto, são como a dupla Logos e Sophia, um complementando o outro na busca do conhecimento.
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