Os anos 70 foram marcados por muita criatividade na produção artística. Há quem diga que o motivo foi a moda do LSD e outras drogas que abriam as portas da percepção, mas a explicação mais provável é o momento histórico. Foi uma década marcada por rupturas com o estilo de vida rígido e focado em trabalho e família. Agora havia mais pessoas dedicadas integralmente à arte, pesquisando, experimentando.
Entre estas pesquisas e experimentações, houve o interesse crescente por ocultismo (não à toa vemos o polêmico bruxo Crowley retratado em uma das capas dos Beatles). O misticismo em geral sempre foi uma rica fonte de inspiração. Ora, não foram os renascentistas intensamente inspirados pela teologia cristã para produzir sua iconografia em pinturas e esculturas? Séculos antes, os gregos extraíram de suas mitologias também um vasto acervo de temas para a arte e o mesmo se deu no antigo Egito.
Crowley. |
Desta forma, o tarot, a cabala, o renascer do interesse pela simbologia pagã e cristã, misturando todas estas influências em um caldo cultural, deu origem a um material inovador na arte dos anos 70. E dito isto, temos um exemplo em Lucifer Rising (1972).
Produzido por Kenneth Anger, este curta de 30 minutos originalmente teve a trilha sonora criada por Jimmy Page, da banda Led Zeppelin, mas, devido a discussões, Page abandonou o projeto e a nova trilha foi feita por Bobby Beausoleil.
O que dizer do filme? É uma série de cenas com atores fantasiados de personagens mitológicos, deuses gregos e o próprio Lúcifer, misturando, portanto, temas cristãos e pagãos, um sincretismo baseado na obra de Aleister Crowley. O resultado é uma apresentação bem psicodélica, que para a maioria do público não fará sentido algum e que por isso mesmo chama atenção. É o puro cinema experimental.
A clássica pose do Baphomet. |
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