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Google Stadia, o futuro chegou

Google Stadia

Neste dia 19 foi anunciado um novo e ambicioso projeto da Google que causou reações extremas, do hype ao ceticismo. Também pudera. A Google tem um histórico de sucesso extremo e fracasso vergonhoso. 

Seu primeiro grande sucesso, obviamente, foi quando se tornou o principal mecanismo de buscas de toda a internet, bem como um dos maiores serviços de email, concorrendo pau a pau com a Microsoft. Então o Chrome se tornou o browser mais usado e o Android o mais popular sistema operacional para mobiles. Enfim, desnecessário é listar os grandes sucessos da empresa que cresceu tanto a ponto da Google ser apenas parte de um conglomerado maior, o Alphabet.

Quanto aos fracassos, existe o chamado "cemitério da Google", a lista de vários experimentos encerrados, alguns até tiveram muito sucesso, como o Orkut, outros receberam um grande investimento e publicidade da empresa, mas não foram adiante, como o Google Plus. Teve até projetos de hardware, como o Glass, que pretendia estar na vanguarda do desenvolvimento de óculos de realidade virtual.

O Glass, aliás, lembra bastante o atual projeto chamado Stadia. Assim como os óculos futuristas, o Stadia tem uma proposta futurista: oferecer um serviço de processamento remoto de jogos. A ideia é a seguinte: a Google conta com supercomputadores e servidores absurdamente potentes. Este potencial estará disponível para nós, reles mortais. 

Imagine, por exemplo, que você quer jogar um jogo daqueles pesadíssimos que nem se mexem no seu modesto computador. Por meio do Stadia essa limitação não será mais um problema, porque o jogo não vai rodar no seu computador e sim nos servidores da Google e o único trabalho que o seu computador vai ter será o de receber as imagens e transmitir seus comandos de teclado, mouse ou controle para a máquina remota. 

O acesso remoto de computadores é tão antigo quanto a internet e a verdade é que a ideia básica do Stadia nem é tão inovadora e se assemelha a algo que já vem acontecendo há décadas. Ora, os MMORPGs, por exemplo, são jogos em que você acessa pela internet um servidor onde o mundo do jogo está existindo, rodando nos computadores do servidor. Da mesma forma nos jogos multiplayer, parte do processo do jogo acontece na sua máquina e outra parte nas máquinas que hospedam os jogos.

Já estamos bastante acostumados a jogar online. Tanto MMORPGs quanto multiplayers em geral só funcionam se você estiver conectado à internet. Se a conexão cai, o seu jogo cai. O Stadia, em termos simplificados, será um multiplayer, com a diferença que todo o processo do jogo, como a renderização das imagens (que é o que mais consome os recursos do hardware), vai acontecer nas máquinas remotas. Será como assistir a um vídeo no Youtube. Inclusive a proposta é que você acessará os jogos por meio do Chrome, sem precisar baixar nem instalar mais nada.

Parece bom demais pra ser verdade, mas toda a infraestrutura pra tornar isso possível já existe e ninguém melhor que a Google pra tocar esse projeto. Não é nem uma questão de "se" der certo, mas de "quando". O serviço de computação remota já é vislumbrado como o futuro da informática. Uma vez que o acesso à internet está cada vez mais fácil (e com o 5G se tornará mais potente), a tendência é que usemos mais e mais serviços na nuvem.

Isso vai acabar com o negócio de instalar aplicativos. No máximo os aparelhos terão meros links, ícones que dão acesso aos serviços da nuvem. Não que tudo vá funcionar assim. Ainda por um bom tempo vamos continuar instalando programas nos nossos aparelhos, mas a oferta de serviços na nuvem crescerá e no caso dos jogos a Google já está dando um passo à frente, ousando inaugurar esse futuro.

Claro que concorrentes de peso como a Microsoft e a Sony devem responder e também lançar seus serviços e nos próximos anos teremos uma fase de transição em que ainda haverá o costume de se comprar mídias físicas ou instalar jogos nos aparelhos ao mesmo tempo em que serviços como o Stadia vão se tornando o mainstream.

Mas como o Stadia vai convencer as pessoas a trocar seus consoles e mídias físicas de jogos por um serviço na nuvem? Vão ter que garantir alguns detalhes básicos como estabilidade, sem lag, sem travamentos, algo tão responsivo como o jogo em um console, mas o segredo estará na qualidade gráfica. Uma vez que os jogos estarão rodando em supercomputadores, o céu é o limite para os desenvolvedores. Vão poder caprichar na produção gráfica já que não terão mais a limitação de hardware de um console ou computador comum.

Quando as pessoas se depararem com isso, quando rodarem um jogo no Chrome em seus celulares, tablets, computadores, notebooks, etc., e se depararem com uma qualidade gráfica de nível ultra (a Google promete gráficos em 4k e até mesmo 8k), sem perder desempenho, sem queda de FPS, então ficarão convencidas de que vale a pena.

De toda forma, o sucesso desse serviço depende não só da Google, mas das provedoras de internet. Transmissões em 4k exigem muita banda da conexão e atualmente a maioria dos usuários não tem uma internet tão boa assim. Essa limitação será nos próximos anos o grande obstáculo para que algo como o Stadia funcione perfeitamente. Só mesmo quando a oferta de banda larga no mundo se tornar mais generosa e estável é que tais serviços na nuvem vão emplacar.

E aí será um passo para a criação de "mundos virtuais" que ficam constantemente funcionando online, a verdadeira Matrix.

Google Stadia
O controle do Stadia é bonitinho.

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