Em termos de design, o Google Wifi, também conhecido como Google Mesh, segue a tendência de outros roteadores de tecnologia mesh, tendo a aparência de uma caixinha compacta, sem antenas pontudas ou mesmo sem botões, bem minimalista. Na verdade existe um botão de reset bem discreto no fundo do aparelho, marcado com um círculo impresso na etiqueta. E só.
Rede mesh consiste em distribuir roteadores em um ambiente, de modo que eles se tornam pontos de extensão de uma única rede. É uma alternativa mais elegante e organizada ao tradicional roteamento em cascata, quando se conecta um roteador em outro roteador.
Em uma casa muito grande, um edifício ou ambiente com muitos obstáculos, o sinal de internet pode ser abafado entre os cômodos, de modo que é preciso acrescentar roteadores. Acontece que cada roteador vai redistribuir o sinal com sua própria identificação de login e senha, enquanto em uma rede mesh os dados de acesso são um só, independente de qual ponto você use.
Se você está fazendo uma chamada de vídeo pelo celular, por exemplo, acessando a internet do roteador da sala e então caminha para um quarto distante onde só chega o sinal de outro roteador, seu aparelho terá de mudar para esta nova conexão, o que irá gerar algum delay. Numa rede mesh não há desconexão e reconexão, pois você permanecerá na mesma rede ao longo da casa.
Você pode usar o Google Mesh se tiver apenas um aparelho, mas com aparelhos extras você pode montar a rede da seguinte maneira: um dos aparelhos será diretamente conectado ao modem da provedora por meio de um cabo de rede e os outros vão se conectar a este via wifi. A maioria dos roteadores é capaz de se conectar a um modem sem necessidade de cabos, já no Google Mesh é preciso que pelo menos um aparelho esteja fisicamente conectado ao modem.
O aparelho já vem com um cabo de rede de dois metros que é bem bonitinho, estilo flat, bastante maleável, diferente dos cabos de rede tradicionais que são grossos e difíceis de dobrar. Uma vez conectado ao modem, o Mesh deve ser configurado com nome de login e senha, o que é feito por meio do aplicativo Google Home no celular ou tablet.
O Mesh vem com um código QR impresso no fundo e é por meio dele que o app do Google Home vai identificar e iniciar a configuração do aparelho. Uma vez apontada a câmera para o código, tudo o que você precisa fazer é criar o login e senha do wifi e pronto, o roteamento já está acontecendo.
É uma instalação bem simples, de fato, diferente dos roteadores convencionais que você tem que acessar por um browser no computador, usando o endereço de IP (geralmente 192.168.1.1) e mexendo em várias configurações para ativar o roteamento. A vantagem deste sistema é que você tem mais controle sobre tudo o que o roteador pode fazer, pode configurar intensidade do sinal, adicionar ou bloquear endereços MAC de aparelhos, definir um limite de banda para cada dispositivo conectado, deixar o nome da rede oculto, etc.
A simplicidade do Google Mesh tem esse prejuízo em termos de opções de configuração, mas a verdade é que para a maioria dos usuários o que ele oferece já é o bastante. Pelo Google Home você pode ver os dispositivos conectados ao Mesh, acompanhando em tempo real o tráfego de rede, tem acesso aos endereços MAC, pode cortar a internet de qualquer aparelho ou definir um aparelho como prioritário por algumas horas, de modo que receberá mais banda.
É possível organizar os dispositivos em grupos, assim, se você tem muitas pessoas em uma casa e usando vários aparelhos, consegue ter um gerenciamento mais organizado. Por exemplo, se tem crianças que usam celular, tablet, console, etc, pode colocar tudo isto em um grupo e delimitar um horário de acesso à rede. Depois das 22 horas, por exemplo, a internet destes aparelhos é automaticamente interrompida, afinal é mais que na hora das crianças dormirem.
Você pode manualmente pausar a internet de um grupo e também há uma opção simples de controle parental, como um mini firewall que bloqueia o acesso a milhares de sites de conteúdo adulto listados na database do Safesearch do Google.
É possível também criar uma segunda rede para visitantes, com outro nome de login e outra senha, preservando a privacidade da sua senha doméstica para pessoas que ocasionalmente venham usar a internet em sua casa.
Há ainda algumas configurações avançadas, como ativar o IPV6 ou o protocolo WPA3, mas nada que o usuário básico precise mexer.
Creio que um dos fortes do Google Mesh, em comparação a roteadores convencionais, é o intenso suporte da Google. Você pode ativar o envio de estatísticas do aparelho, o que teoricamente ajuda na melhoria do desempenho ou correção de problemas. O aparelho funciona com um sistema Android básico e que se atualiza automaticamente sempre que houver algum update disponível.
A maioria dos roteadores tem um suporte bem preguiçoso em termos de updates. Em muitos casos parece que a fabricante simplesmente abandonou o produto, pois levam meses ou anos para surgir um firmware novo e é você que tem que ir atrás, fuçar no obscuro site da fabricante, baixar algum arquivo zip para fazer a instalação manual no roteador. No Google Mesh seus problemas acabaram e deixa que tudo acontece naturalmente. E convenhamos, sendo uma empresa do porte da Google, é garantido que os updates venham com uma boa frequência, mantendo o sistema em dia e mais seguro.
Por outro lado, se você não curte nem um pouco a mineração de dados da Google, então o Mesh não é recomendado, pois ao usá-lo como seu ponto de acesso à internet, está fazendo que toda sua atividade passe através de um aparelho da Google que possivelmente coleta dados de uso. A verdade é que boa parte da coleta de dados de grandes empresas como a Google tem mais um fim mercadológico ou de melhoria do serviço do que algum plano maligno.
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Alguns dos vários roteadores mesh do mercado. |
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Em termos de design, o COVR da D-Link é um dos mais bonitinhos. |
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