Pode-se dizer que o animismo é inerente à espécie humana. Todos os povos primitivos desenvolveram uma visão anímica do mundo, atribuindo algum tipo de vida, alma, até consciência a objetos inanimados e à natureza em geral, até ao próprio cosmo. Toda criança experimenta uma relação anímica com brinquedos ou pets, tratando os brinquedos como seres vivos e conscientes e se comunicando com os pets como se eles de fato entendessem a linguagem humana. Bom, até adultos fazem isso.
Eis que estamos na aurora de uma nova era tecnológica, a era dos robôs, de seres, humanoides ou não, dotados de corpo ou apenas presentes no mundo virtual, com os quais vamos nos relacionar como se fossem pessoas. Para as crianças será ainda mais fácil desenvolver uma visão anímica dos robôs.
A princípio, os robôs serão como bonecos, como brinquedos aos quais a criança atribui uma consciência real. A diferença é que, com o passar dos anos, as crianças costumam abandonar esta compreensão acerca de seus brinquedos, abandonam o animismo e, na vida adulta, veem os brinquedos do passado apenas como objetos dotados de uma carga nostálgica, mas que já não têm vida.
Com os robôs, porém, será diferente. O abandono do animismo não acontecerá na vida adulta e na verdade pode até se intensificar, pois toda a experiência afetiva que a criança teve com robôs vai amadurecer e se consolidar. O adulto se lembrará que o robô foi seu grande companheiro, grande amigo de infância, até mesmo uma espécie de parente, de irmão, de pai ou mãe substituto ou uma nanny, uma mucama de plástico e metal.
Estamos a entrar em uma nova era de animismo, o animismo cibernético, tecnológico. Os robôs serão as novas fadas, os novos elfos e duendes, só que com uma presença bem mais concreta.
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