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O casamento do terror cósmico com sci-fi em Event Horizon

Event Horizon (1997)

Paul W.S. Anderson é conhecido por sua participação na longa franquia Resident Evil, tanto no roteiro quanto na direção, e também dirigiu o tosco Mortal Kombat (1995). Só que ele tem em sua carreira uma verdadeira pérola do sci-fi e terror: Event Horizon (1997), aqui no Brasil conhecido como O Enigma do Horizonte.

Em 2040 a nave Event Horizon pretendia testar uma tecnologia nova para viajar até Proxima Centauri, mas algo deu errado e ela desapareceu, o que levou a suposições de que havia simplesmente explodido. Sete anos depois a nave deu sinais de seu reaparecimento e uma equipe de resgate foi enviada para investigar, levando também um dos projetistas da nave, o Dr. William Weir.

Vemos então que a nave possui uma estranha e avançadíssima tecnologia, um motor de gravidade capaz de dobrar o espaço-tempo, abrindo uma fenda que permite a viagem interestelar mais eficiente do que a velocidade da luz. Weir explica o conceito usando uma folha de papel e uma caneta. Ele enrola a folha e atravessa os dois lados com a caneta, mostrando que a distância mais curta entre dois pontos não é uma linha reta, mas o zero, a junção dos dois pontos.


Pois é, uma explicação bem semelhante aconteceu no filme Interestellar (2014)¹, quando é apresentado o conceito do buraco de minhoca. Nolan claramente fez uma homenagem a este clássico do sci-fi.

O curioso neste motor de gravidade é sua aparência, formada por anéis girando dentro de anéis e os detalhes góticos do metal dão um ar místico à coisa toda. De fato, a estrutura até se parece com um anjo segundo a descrição dada pelo profeta em Ezequiel 1:16 ("O aspecto das rodas e a obra delas eram como cor de turquesa; e as quatro tinham uma mesma semelhança; e o seu aspecto e a sua obra eram como se estivera uma roda no meio de outra roda").

Event Horizon (1997)

Event Horizon (1997)

Ok, então esse troço é um portal para viagem espacial, como um Stargate, só que a coisa vai ficando sinistra quando a tripulação de resgate começa a ter grotescas alucinações e o Dr. Weir enlouquece, quer matar todo mundo e pretende abrir o portal. Ele explica enfim o que de fato ocorreu.

Acontece que na primeira missão da nave o motor não foi capaz de abrir apenas uma fenda no espaço-tempo, ele abriu uma fenda no próprio universo, acessando outra dimensão, uma dimensão assustadora de caos e terror que não poderia ser descrita senão pela palavra "inferno". 

Event Horizon (1997)
O técnico Cooper funciona como um alívio cômico e o danado ainda consegue chegar vivo no final.

A Event Horizon havia visitado aquela dimensão e, ao retornar para o nosso universo, a nave estava "viva", alterada pelas misteriosas forças deste além e por isso passou a mexer com a cabeça de qualquer humano que ali estivesse, semeando a dor e o desespero. A equipe original da nave teve um fim trágico numa espécie de orgia macabra, torturando e matando uns aos outros.

Uma figura importante na equipe de protagonistas é o Capitão Miller, interpretado por Laurence Fishburne. Ele encarna um verdadeiro líder e herói. Miller sempre tenta manter a cabeça fria e a equipe em ordem. Quando um membro da equipe está em perigo, é ele que se arrisca para salvar. Ele é aquele líder militar que guarda um remorso porque no passado deixou um de seus homens morrer e agora ele tem este lema de jamais permitir que isto se repita. Ok, é um clichê, mas funciona, dá motivação e carisma ao personagem.

Event Horizon (1997)
A peculiar arquitetura da Event Horizon.

Em termos de sci-fi, não há muita novidade. Uma nave experimental conseguiu abrir um portal interdimensional. É isso. O que torna a história interessante é justamente a mistura com o terror, e terror cósmico, algo indescritível. Ficamos até com curiosidade em ver como é esta tal dimensão caótica, mas é algo tão absurdo que sequer poderia ser representada em um filme, o que é a essência do terror lovecraftiano, o mal inefável.

Mas para não dizer que ficamos só com o inefável, há algumas cenas grotescas de tortura que passam em flashes muito rápidos na tela e que dão um tempero ao terror cósmico.

Event Horizon (1997)

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