Subconscious Cruelty (Crueldade Subconsciente) é um filme de terror independente do cineasta iniciante Karim Hussain. Ele começou a produção quando tinha 19 anos, em 1994, e só conseguiu concluí-lo cinco anos depois em 1999.
Karim enfrentou problemas que contribuíram para atrasar a conclusão do filme. Chegou a perder negativos e também teve filmagens confiscadas pela polícia de fronteira do Canadá que considerou o material obsceno.
Assim como A Serbian Film (2010) e A Centopeia Humana (2010), Crueldade Subconsciente (2000) provoca reações bem diversas no público. Há quem o considere genial, terror de alto nível e bastante perturbador, assim como há quem o caracterize como mero trash, de mal gosto e sem sentido.
Consiste em um prólogo e três histórias. No prólogo, há uma explicação sobre a divisão dos hemisférios do cérebro em direito (responsável pela intuição) e esquerdo (o lado racional). Uma cena exibe uma mulher que corta outra no ventre e extrai daí um olho. Assim começa a aventura louca para dentro deste mundo bizarro.
Na verdade, o título já dá uma pista de qual é o objetivo da obra: alcançar a camada subconsciente do expectador, onde escondem-se monstros e ideias grotescas que o lado racional reprime e evita. Do começo ao fim o filme irá desafiar, explorando tabus, receios e imagens normalmente consideradas repugnantes.
Na primeira história, temos um caso de incesto e infanticídio. O assassino, que mata a própria irmã e seu bebê, realiza um monólogo mental interessante e psicopata, expondo suas ideias megalomaníacas. Seu objetivo é subverter a criação, brincar de “deus ao contrário”, matando uma criança no momento de sua concepção.
Em seguida vem uma história sem falas. As imagens mostram uma espécie de bacanal excêntrico em que as pessoas nuas “fodem a mãe natureza”. Ao menos é o que dá a entender. Cavando sulcos na terra, de onde sai uma lama sanguinolenta, os homens simulam sexo com o solo, assim como as mulheres usam galhos de árvores como objetos fálicos.
Por fim, há uma história de tortura envolvendo bíblias, crucifixos e uma simulação de abuso do próprio Cristo, retirado da cruz e canibalizado.
Pelas descrições acima, nota-se como este filme pretende quebrar as travas da mente para a monstruosidade. Não há intenções de propaganda, crítica social ou ensinar alguma lição. Trata-se apenas de uma aventura psicológica rumo ao grotesco.
O texto inicial já prepara o expectador e o convida a destruir o lado racional da mente, desinibir-se, soltar os monstros:
“Realidade! Ela nos prende a um ciclo monótono e mortal. Toma conta de nossos sonhos e desejos com inúmeros obstáculos que se ligam entre si, com cruel ironia. Tentamos nos esconder dessas inescapáveis verdades, com mentiras, como o cinema, usá-las como um escudo para fugir. Um abrigo para nos proteger das dificuldades incessantes jogadas em nossos caminhos. Certos filmes podem tentar absorver nossa energia negativa, em uma esperança de que talvez eles possam manter nossas mais obscuras emoções sob controle. Mas, infelizmente, somente a luz trêmula consegue pacificar nossos demônios por tanto tempo. E será impossível ignorar a realidade humana. Muito mais terrível do que qualquer filme possa ter tentado retratar. O cérebro humano divide-se em dois hemisférios: direito e esquerdo, o lado direito controla os pensamentos intuitivos, passionais e criativos, enquanto o esquerdo domina os pensamentos lógicos e racionais. o lado direito é a mais pura droga que libera sentimentos desinibidos, sonhos que podem ser vistos. Destrua o lado esquerdo do cérebro, destrua suas mentiras.”
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